Por
ocasião do 40º aniversário do 25 de Abril, a historiadora Raquel Varela (http://raquelcardeiravarela.wordpress.com/) decidiu
apresentar-nos A História do Povo na
Revolução Portuguesa, 1974-75. Como o próprio título indica, a autora
pretendeu realizar uma «história do povo», na linha historiográfica da people’s history, inspirando-se nos
trabalhos de Howard Zinn e de Chris Harman. Uma vez que começa por citar estes
nomes como modelos de investigação, estranha-se, desde logo, que não refira em
lugar algum o livro de Chris Harman The
Fire Last Time. 1968 and After, que dedica um capítulo inteiro à revolução
portuguesa. Esta não é, infelizmente, a mais grave omissão bibliográfica de uma
obra sobre os movimentos populares e sociais pós-25 de Abril que não cita – e
só para dar dois exemplos, entre dezenas – os livros fundamentais Building Popular Power. Worker’s
and neighborhood movements in the Portuguese Revolution, de John L. Hammond, ou Revolution at the Grassroots. Community
organizations in the Portuguese Revolution, de Charles
Downs. Ao invés, a autora prefere basear-se em jornais, reportagens televisivas
e literatura da época, naturalmente engagée,
sem proceder a uma crítica e a uma contextualização das fontes que utiliza,
onde aliás não inclui – outra omissão clamorosa – fontes primárias de relevo.
Por
outro lado, teria sido importante que a autora definisse o objecto e o
perímetro da sua investigação, ou seja, que concretizasse o que entende por
«povo», pois foi, afinal, uma história do
povo que pretendeu realizar. Na ausência dessa caracterização prévia, o
«povo» tanto pode encontrar-se nos populares que ocuparam o Largo do Carmo no
dia 25 de Abril como naqueles que destruíram as sedes do PCP no Verão Quente de
1975. Deste modo, o povo deixa assim de ser uma realidade para se tornar um conceito.
E, não por acaso, o livro, logo nas primeiras páginas, começa por se fixar na
noção de «gente-que-vive-do-trabalho», dizendo tratar-se precisamente de um
«conceito» (sic) presente em Os Sentidos do Trabalho, do sociólogo
brasileiro Ricardo Antunes, professor na Universidade de Campinas e signatário
do prefácio desta nova obra de Raquel Varela, que a autora dedica a outra das
suas grandes referências intelectuais, Valério Arcary, fundador do Partido
Socialista dos Trabalhadores Unificado, que publicou em 2004 o seu primeiro
livro, As Esquinas Perigosas da História.
Situações revolucionárias em perspectiva marxista, sob a chancela das
Edições Xamã, e que actualmente lecciona História no Ensino Médio e no Curso de
Turismo, ambos do Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo (ver aqui).
São
estas as referências de Raquel Varela, a par da História da Revolução Russa, de Leon Trotsky, «uma das mais
importantes histórias da revolução russa, cuja leitura é obrigatória, por
exemplo, no MIT» (p. 199). É em torno delas que a autora constrói o seu
conceito de «povo». Simplesmente, a partir do momento em que o povo é tomado
como conceito e não como realidade instaura-se a dúvida sobre se aquele não
estará a ser funcionalizado ao serviço da demonstração de uma «tese» e que
existirá, então, um povo «bom» e um povo «mau», consoante corresponda, ou não,
às expectativas ou pretensões teoréticas – e ideológicas – do
historiador-intérprete.
Para
agravar os problemas que a si própria se colocou – e que bem teriam sido
evitados se, com mais modéstia da sua parte e melhor proveito para todos nós,
tivesse apresentado um levantamento rigoroso dos conflitos sociais de 1974-75
–, Raquel Varela pretende erigir o seu livro à condição e estatuto de história
alternativa, feita contracorrente, nos antípodas e em confronto com toda a
historiografia «oficial» do 25 de Abril, até agora exclusivamente centrada, em
seu entender, nas elites e nos aspectos político-institucionais. Esta sua história
do povo teria, para mais, um suplemento de «autenticidade» que as outras narrativas
não possuem. O seu livro seria, em síntese, a verdadeira história da revolução
de Abril, até hoje nunca produzida. Esta presunção comete a injustiça de
obliterar a já vasta literatura que sobre os movimentos sociais tem sido feita e,
mais grave ainda, resvala num maniqueísmo redutor que, opondo elites vs. povo
(ou sujeitos representativos vs. sujeitos sociais), acaba por nos
fornecer uma visão parcelar, simplista e fragmentária de um processo complexo
em que os actores políticos tiveram de se reposicionar constantemente, seguindo
os avanços e recuos das movimentações sociais, mas também em que estas
movimentações foram condicionadas por dinâmicas miliares, políticas,
institucionais e até internacionais (a ausência de enquadramento internacional
do processo revolucionário é outra das muitas lacunas deste livro).
Raquel
Varela recusa esta ideia, sustentando que foi sempre o «povo» a comandar os
acontecimentos e a liderar as grandes transformações. Impunha-se, assim, que
explicasse por que motivo o povo não resistiu activamente ao que chama a
«contra-revolução», cujo momento-chave é o 25 de Novembro. O povo, como se
disse, é aqui assumido não como realidade mas enquanto «conceito amplo de
classe trabalhadora» (p. 17). À luz desse conceito tão amplo, não se entende,
assim, a razão pela qual o livro é quase exclusivamente dedicado ao operariado
e aos conflitos fabris, com escassas páginas sobre a Reforma Agrária e poucas ou
nenhumas alusões aos trabalhadores dos serviços e do sector terciário, nem
mesmo aos movimentos estudantis. Trata-se de uma lacuna tanto mais grave quanto
nesta volumosa obra existe um capítulo dedicado aos artistas e intelectuais,
sobretudo estrangeiros, àqueles que visitaram o Portugal revolucionário, a
terra em que se processava «a mais radical revolução social da Europa dos
últimos 30 anos» (p. 43) ou, se preferirmos, «a ruptura social mais importante
da Europa do pós-guerra» (p. 28).
Para
Raquel Varela, «nunca na história de Portugal os trabalhadores tiveram tanta
consciência de o ser e tanto orgulho em sê-lo» (p. 15). Mas, ao tratar esses
trabalhadores como uma abstracção, a autora é incapaz de perceber a sua trajectória
evolutiva, inclusive quanto às suas atitudes e posicionamentos no quadro do
processo revolucionário. Enquanto conceito, o povo atravessa a revolução como
entidade monolítica e estática, quando a realidade dos factos o mostra a
situar-se em lugares muito distintos e até contraditórios e conflituantes – foi
essa, aliás, a razão pela qual o risco de guerra civil esteve iminente em
certos períodos mais críticos.
De
facto, o povo tanto poderia encontrar-se a ocupar fábricas e a fazer greves na
cintura industrial de Lisboa, alegadamente na senda da democracia directa, como
a engrossar as longas filas de votantes no sufrágio para a Constituinte,
naquelas que foram as eleições mais participadas da história do regime
democrático, com uma assombrosa afluência de 91,66% dos inscritos (uma
estatística que, curiosamente, a autora não refere). Contrariando as campanhas
que visavam evitar a realização de eleições ou menorizar o seu alcance (v.g., através do apelo ao voto em
branco), o povo demonstrou inequivocamente estar ao lado da democracia
representativa, votando em massa, como nunca se vira ou tornará a ver na nossa
História. Raquel Varela defende o «pacto social» e as marcas que dele ficaram
inscritas na Constituição da República, mas deveria ter presente que, por mais
que tenha sido a acção dos trabalhadores na conquista de direitos através da
sua luta, foi através dos representantes
do povo – e não da democracia directa – que se elaborou e aprovou uma Lei
Fundamental. As eleições para a Assembleia Constituinte, realizadas em Abril
1975, vieram dar fôlego ao PS e aos sectores mais à direita, os quais formariam
um «amplo bloco social» (p. 388), que a autora, obviamente, não caracteriza
como «povo».
Do
mesmo modo, os retornados de África não integram o conceito de «povo», tal como
entendido pela autora. Pelo contrário: os retornados eram seres «ressabiados e
amargos, sustentáculos reaccionários de um regime inaceitável no século XX» (p.
55) e «cúmplices da barbárie ao seu lado, homens e mulheres que faziam vénias
quando um inspector da PIDE entrava num hotel ou lugar público na África
colonizada por Portugal» (p. 107). Raquel Varela reconhece que muitos desses
homens e mulheres foram para África em busca de melhores condições de vida, mas
nem isso lhes confere o estatuto de «povo». Porque, na verdade, para esta forma
de pensar o «povo», em si mesmo, não existe; é antes um conceito, uma noção
teórica, que só adquire validade e existência quando o seu comportamento e a
sua acção vão ao encontro das representações de quem possui uma visão militante
e panfletária da História. Caso não cumpra obedientemente o seu papel de sujeito revolucionário, o povo perde o
direito a ser qualificado e tratado como tal. Nas eleições de 1975 – a que a
autora dedica um parágrafo num livro de 535 páginas –, PS, PPD e CDS somaram
71,87% dos sufrágios, mas os votantes daqueles partidos não se comportaram como
«povo».
Além
do paternalismo implícito nesta postura intelectual, existe nela,
paradoxalmente ou não, um elitismo vanguardista e antidemocrático que deve ser
sublinhado. De facto, só quando se afigura como uma espécie de elite
inconformada e rebelde o povo merece este estatuto; caso contrário, será, na
melhor das hipóteses, um «amplo bloco social» ou, na pior, uma massa amorfa e
iletrada, susceptível de ser manipulada ou instrumentalizada por forças
contra-revolucionárias. Nesta perspectiva, o povo real, de carne e osso, que
trabalha ou sofre, esfuma-se e desaparece (é sintomático que não exista uma
descrição do modo como o «povo» vivia antes do 25 de Abril). Daí a dificuldade
da autora em proceder à caracterização do povo, já que este, no estreito
universo das suas representações mentais, não existe enquanto entidade concreta.
Porventura, Raquel Varela poderia ter alcançado o povo, o povo concreto e real,
procedendo a uma recolha de história oral, mas optou por realizar apenas
meia-dúzia de entrevistas, todas de escasso ou nenhum valor histórico. Em
detrimento dessa metodologia, preferiu visionar imagens da época, constantes de
arquivos audiovisuais. Na descrição dessas imagens, seleccionadas segundo
critérios que desconhecemos, a historiadora adopta registo frívolo e
impressionista, muito focalizado na aparência exterior e no vestuário, como se a
qualidade de «povo» obedecesse a um dress
code rigoroso e específico.
Assim,
a revolução em Coimbra é descrita como uma «manifestação gigante» de
«estudantes com um look 68 (calças à
boca de sino, camisa de colarinhos abertos, elas de cabelo comprido com franja
certinha)» (p. 41). Escuta-se o depoimento de uma mulher pobre, «de lenço na
cabeça», que vivia num bairro da lata e se queixava de, na barraca onde vivia,
não ter onde «fazer as suas necessidades», algo que a historiadora interpreta
como uma «alusão a sexo» (p. 54). Surge também, numa intervenção revolucionária,
um «senhora, gordinha, de bata, a falar na Quinta da Calçada» (p. 263), a par
de «uma operária gorducha, muito, muito sorridente, de cabelos apanhados e
bata, com um forte sotaque do Norte» (p. 183). E entra ainda em cena «um
trabalhador, cabelo lãzudo, óculos grandes, como ditava a moda» (p. 296). Num
«país em permanente manifestação», encontramos ecologistas a festejar o Dia
Mundial do Ambiente, os quais «têm todos um ar blasé, muito consistente com a época: roupas confortáveis, cabelos
e barbas longas» (p. 299). No campo alentejano, deparamos com um pastor, o qual
estava «vestido com trajes típicos», envergando «um grande capote» (p.
414). Os SUV, por sua vez, eram «muito
barbudos, símbolo visível da crise hierárquica» (p. 426). Integram-se os
operários entre os «sectores mais pauperizados da sociedade portuguesa», com «roupas
pobres e frugais, pele desgastada, por vezes já sem alguns dentes» (p. 53),
como se essa caracterização não devesse ser aplicada, com muito mais
propriedade e acerto, aos trabalhadores rurais, a quem a autora poucas linhas
dedica neste livro de mais de 500 páginas. Nas descrições de imagens dos tempos
da revolução, aparece por fim um reformado «desdentado, de boina na cabeça» (p.
457), precedido de um «trabalhador de bigodes, baixo, magro, com a roupa
clássica dos anos 70» que «está visivelmente irritado, fala alto e com
convicção», tendo por interlocutores dois administradores de uma empresa que
mantêm «uma pose de grande arrogância» e respondem com «falas pausadas» (p. 75).
De
acordo com a autora, logo a seguir ao 25 de Abril o regime muda, «assumindo uma
forma de kerenkismo» (p. 384). O I
Governo Provisório, liderado por Palma Carlos, é caracterizado como «um governo
de frente-populista» (p. 57) e as organizações maoistas como «uma combinação
desigual de revolução cultural chinesa e Woodstock» (p. 67). Os agentes da PIDE
merecem o epíteto de «jagunços» (p. 110), sendo a criação do Conselho da
Revolução enquadrada numa tentativa de «driblar o duplo poder ao nível dos
trabalhadores» (p. 259). Apesar do nome, o Conselho da Revolução fora criado
com um propósito: «impedir a revolução de avançar» (p. 305).
Os
saneamentos são apoiados com um curioso argumento etimológico: «o próprio termo
– sanear – remete não para uma purga mas para um bem: higiene, saúde, limpeza»
(p. 69). Especialmente saudados são os saneamentos ocorridos até ao 11 de
Março; os que ocorreram depois dessa data, em contrapartida, não têm o mesmo valor
sanitário, porquanto foram «feitos por decisão de quem ocupa o aparelho de
Estado e não por comissões de trabalhadores, ou moradores ou reuniões gerais de
alunos» (p. 73). Quer dizer, o que importava, para o efeito higiénico ou
purgante, não era a personalidade visada ou os factos por ela praticados, mas
quem determinava o processo de saneamento. A esta luz, só os saneamentos
«selvagens», decretados por plenários de trabalhadores, adquirem verdadeiro
valor revolucionário. Todos os outros, porque ditados pelo aparelho de Estado,
acusam a marca de uma decisão de poder. Desconhece-se se os saneados de 1974-75
se aperceberam da relevância desta subtil distinção epistemológica.
Noutros
momentos, insiste-se reiteradamente que as nacionalizações do 11 de Março não
foram obra do PCP e do Conselho da Revolução, mas produto da intensificação
avassaladora do controlo operário. «Nem o PCP, nem o Partido Socialista, nem o
MFA fizeram das nacionalizações uma estratégia no biénio 1974-75», escreve a
autora na página 290. Resta saber, então, por que motivo, em Junho de 1975, quer
o PCP quer o PS inscreveram as nacionalizações nos seus projectos de
Constituição, qualificando-as, para mais, como «conquistas irreversíveis do
povo português» (artigo 44º do projecto do PS) ou como «sector dominante da
economia nacional» (artigo 6º do projecto do PCP, acrescentando este, no artigo
12º, que «o domínio do sector nacionalizado não pode ser restringido»). Aliás,
o projecto do PPD, além de defender as nacionalizações, afirmava que «a
organização sócio-económica da República Portuguesa visa a construção do
socialismo, com eliminação da exploração do homem pelo homem e com abolição das
classes privilegiadas». E até o CDS proclamava, logo no artigo 1º do seu
projecto de Constituição, a necessidade de trilhar uma «via original para um
socialismo português»
Raquel
Varela tanto afirma, na pág. 290, que «a nacionalização (…) é uma política
forçada pelos trabalhadores que, na dinâmica da revolução, a impõem aos
partidos políticos e ao MFA», como, logo a seguir, refere que «a burguesia
portuguesa lançou mão das nacionalizações para salvar os dedos, uma vez
perdidos os anéis» (p. 293). Sustenta que o 25 de Abril trouxe consigo «a maior
crise de um Estado europeu desde a Segunda Guerra Mundial» (p. 51), mas observa
em simultâneo que não houve, durante a revolução, qualquer «crise geral do
Estado» (pp. 43ss). A propósito de crise, a autora proclama que, com a queda do
V Governo, «estava aberta a crise revolucionária» (p. 399), para, poucas
páginas à frente, dizer que «crise político-militar», bem como «indisciplina
militar», são «conceitos desnatados, insuficientes para precisar a essência
histórica do processo» (p. 424).
Estamos,
enfim, perante uma obra em que António de Sousa Franco, professor de Direito, é
definido como «economista e cientista social» (p. 486). Por sua vez,
caracteriza-se a «assistência social» como o «conjunto de programas que visam a
reprodução biológica do trabalho (…), para manutenção do exército industrial de
reserva, ou seja, para evitar a morte (ou garantir a sobrevivência) dos
desempregados e pobres» (p. 316). O
problema, contudo, não reside em este ser um livro de história ideológica, mas
na falta de densidade intelectual da autora para sustentar as suas próprias
convicções. Por exemplo, critica os que vêem no PREC um momento de singular convulsão,
como aquilo que designa por «doença» − e por isso se insurge contra Medeiros
Ferreira por ter escrito um livro com o título Portugal em Transe, e contra Adelino Gomes e José Pedro Castanheira
por terem publicado uma obra com o nome Os
Dias Loucos do PREC (p. 482). Falar de «transe» ou de «dias loucos», na perspectiva
de Raquel Varela, é aderir ipso facto
a uma visão patológica do processo revolucionário, algo que a autora entende
merecer reprovação e denúncia.
A
sua obsessão pela conflitualidade leva-a, aliás, a advertir os incautos para não
se deixarem seduzir pelos versos de Chico Buarque («Sei que estás em festa, pá!»)
e a tentar infirmar a ideia de uma «revolução sem mortos», que, segundo a
autora, surge associada à noção de um país de «brandos costumes» (pp. 83ss).
Não só essa associação é abusiva como menospreza o alcance exemplar da revolução
de Abril, aquilo que a singularizou aos olhos do mundo, aquilo que, através da
imagem icónica dos cravos nas espingardas, sempre foi considerado um dos
maiores feitos dos militares de Abril – e, já agora, também do povo nas ruas.
Para desmentir o «mito da “revolução sem mortos”», Raquel Varela contabiliza
como «mortos da revolução» as vítimas da guerra colonial, como se ao 25 de
Abril, que pôs termo a essa guerra, pudesse ser atribuída a responsabilidade por
actos do regime deposto.
Segundo
Raquel Varela, esquecemo-nos «que a festa na metrópole custou 13 anos de horror
nas colónias» (p. 24). A revolução, então, terá pecado por ser tardia, mas
ainda assim suficientemente precoce para que a autora possa atribuir ao «povo»
que saiu à rua no dia 25 de Abril uma elevadíssima politização que, pelos
vistos, o Estado Novo permitia. Neste quadro, o MFA, caracterizado como um
produto das «divisões dentro das classes dirigentes do Estado Novo» (p. 98), é
visto como uma «força repressiva», que várias vezes «tentou, em vão, impor a
sua tutela sobre o movimento operário organizado» (p. 121). Neste contexto, o Documento Guia Povo-MFA seria uma
«tentativa de militarização da força de trabalho nacional» (p. 121). O controlo
militar do povo começara, aliás, logo às primeiras horas do dia 25 de Abril de
1974. Salgueiro Maia, que tentou defender os populares de eventuais represálias
do regime deposto, as quais vitimariam alguns dos presentes na tomada da sede
da PIDE/DGS, é criticado por ser um agente das «forças repressivas» (sic) corporizadas no MFA: «Salgueiro
Maia e muitos outros tentaram tirar a população do Quartel do Carmo para a
“proteger”, temendo confrontos» (p. 122). Não se compreende o alcance das aspas
irónicas de Raquel Varela: efectivamente, Salgueiro Maia, como mandam os
manuais de operações e ordena o elementar bom senso, procurava que os civis não
se vissem envolvidos num eventual fogo cruzado entre as tropas leais ao regime
e os militares do MFA. Não quis reprimir o povo, mas evitar que este, no seu
ímpeto revoltoso ou incauta curiosidade, fosse atingido por uma operação
militar em curso. Procurou uma «revolução sem mortos», ainda que Raquel Varela
considere que essa ideia não passa de um «mito». Nas palavras de Salgueiro
Maia, «a população não percebia bem o que se estava a passar». Raquel Varela
discorda: ao desrespeitar as ordens do MFA, o povo mostrava já a sua força e a
sua dinâmica, a sua vitalidade revolucionária (pp. 28-29).
O
25 de Abril depôs o regime de Tomás e Caetano, «que nas mãos tinham os crimes da
guerra e da tortura» (p. 42) e, num estranho movimento, «saem os generais e
entram os capitães» (p. 44), como se o peso da hierarquia castrense não tivesse
tido uma importância decisiva na conformação do imediato pós-25 de Abril (basta
atentar na composição da Junta de Salvação Nacional), como se os capitães, para
exercer o mando, não tivessem que ser graduados em generais ou, enfim, como se Spínola
e Costa Gomes tivessem desaparecido de cena.
A
autora entra, assim, num jogo que lhe é fatal: tenta de tal forma desvalorizar
o papel dos protagonistas de primeiro plano (para, em contraste, exaltar a
acção «daqueles que não ficam na história», p. 17), que resvala nos problemas
da visão diametralmente oposta, em que, por exemplo, nenhum relevo é dado à
acção de Costa Gomes, aos pactos MFA/partidos ou às eleições para a
Constituinte. Para Raquel Varela, o 28 de Setembro não teve origem política nem
se deveu à acção de Spínola, sendo uma consequência directa da pressão exercida
pelas greves da TAP, da Lisnave e do Jornal
do Comércio (p. 123). São elas que explicam o 28 de Setembro, o que parece
constituir, no mínimo, uma explicação bastante original. O 11 de Março, por sua
vez, foi «uma reacção atabalhoada dos banqueiros e donos dos principais grupos
económicos em resposta à onda de ocupações de casas e ao crescimento do
controlo operário» (p. 124).
A
dado passo, o Portugal de 1974 é definido como «um país europeu, modernizado»
(p. 193), caracterização que certamente teria agradado a Marcelo Caetano, mas,
em simultâneo, como uma terra onde grassava, «o bócio endémico e os atrasos
mentais» (p. 200). O facto de o PIB ter descido de 11,2% em 1973 para −4,3% em
1975 é atribuído à crise do petróleo; por sua vez, «as quebras de produtividade
em 1974-75 prendem-se muito mais com uma efectiva ausência de encomendas, por
exemplo, do que com perdas na qualidade de gestão (p. 197), ficando por
explicar o que ditou o declínio dessas encomendas; citando um estudo de Eugénio
Rosa, a autora refere que o número de desempregados passou de 40.000 em Abril
de 1974 para 320.000 em Novembro de 1975 (p. 115), não avançando uma explicação
para esse acréscimo. Tudo se poderá justificar pela conjuntura revolucionária
então vivida. Estranha-se é que, após o movimento contra-revolucionário, e
seguindo as estatísticas da autora, o rendimento disponível per capita haja crescido, em média, 3,6%
ao ano entre 1977 e 1981. Ocorrerá, no entanto, uma «erosão do pacto social», a
qual se deve ao predomínio da concertação sobre o confronto e, note-se, a uma
«melhoria de vida e dos níveis de consumo das classes médias e trabalhadoras»
(p. 504). Pelos vistos, a revolução levou ao aumento do desemprego e a
contra-revolução conseguiu a «melhoria de vida e dos níveis de consumo das classes médias e trabalhadoras».
Pelo
meio, o livro apresenta-nos listagens de conflitos sociais ocorridos em
1974-75, agrupados sem a mínima avaliação do seu peso relativo e da sua
importância real para a conformação do processo político. A tese central da
autora, segundo a qual o país viveu em revolução até ao 25 de Novembro de 1975
e em contra-revolução a partir daí, é sintetizada numa frase lapidar: «a democracia
directa é filha da revolução e a democracia representativa é filha da
contra-revolução» (p. 485). Raquel Varela situa o culminar da contra-revolução no
início da concertação social, considerando que o Conselho Permanente de
Concertação Social foi criado com um objectivo: «domesticar a força de
trabalho» (p. 508). Neste particular, discorda de Fernando Rosas, para quem o
25 de Novembro não foi uma contra-revolução e a democracia conseguiu emergir do
processo revolucionário. Raquel Varela, pelo contrário, entende que a
democracia representativa «não é um prolongamento da revolução, mas sim a sua
interrupção abrupta, ou seja, a sua derrota» (p. 484). O triunfo da democracia
representativa sobre a democracia directa inicia-se, segundo ela, com o 25 de
Novembro de 1975, um golpe que veio, entre outros males, «estabilizar o Estado»
e «repor o processo de acumulação de capital» (p. 498). As culpas pelo fracasso
da revolução são atribuídas ao Grupo dos Nove, aos partidos e sobretudo ao PCP,
que «aceitou não resistir ao 25 de Novembro» (p. 486). Trata-se de uma
periodização que surpreende pelo seu simplismo, esquecendo que a democracia representativa,
baseada na escolha de deputados através de eleições livres, não surgiu no 25 de
Novembro, e que o seu triunfo mais decisivo e mais perene ocorrera meses antes,
nas eleições para a Assembleia Constituinte.
O
livro, de resto, começa com uma descrição épica do cerco a São Bento e termina
com uma defesa do «pacto social» consagrado na versão originária da Lei
Fundamental de 1976. Porém, Raquel Varela esquece-se de um facto singelo, mas
essencial: se o sequestro da Constituinte tivesse sido levado às últimas
consequências, não teríamos Constituição…
A
conclusão mais óbvia a retirar desta obra é-nos dada pela própria autora que,
num momento de rara sageza, observa: «a fronteira entre a política militante e
o senso comum é lata e difícil de medir» (p. 68). Este livro é um infeliz
exemplo de como a política militante nos pode afastar do senso comum.
António Araújo
(*)
Uma versão mais reduzida desta recensão foi publicada no jornal Público/suplemento
Ípsilon, em 11-04-2014
«Porque, na verdade, para esta forma de pensar o «povo», em si mesmo, não existe; é antes um conceito, uma noção teórico, que só adquire validade e existência quando o seu comportamento e a sua acção vão ao encontro das representações de quem possui uma visão militante e panfletária da História. Caso não cumpra obedientemente o seu papel de sujeito revolucionário, o povo perde o direito a ser qualificado e tratado como tal.»
ResponderEliminarnão o saberia escrever melhor. tento colocar de lado o desagrado que esta senhora me causa e ler-lhe as obras da forma mais distanciada que consigo. mas é impossível, ela própria não o consegue fazer. lê-la, lembra-me um comício.
muito obrigada pelo seu artigo.
Mais uma análise monumental do Malomil! Houvera mais dissecadores da podridão ideologizada e talvez muitas bostas vomitadas por comentadores, não passassem na comunicação social como se estivessem a percorrer uma passadeira vermelha.
ResponderEliminarQue chorrilho de asneiras.
ResponderEliminarO melhor destino desta espécie de estudo histórico é ser útil "depois de se satisfazer as necessidades".
Esta é a escola Câncio/Arménio Carlos e duas coisas me incomodam o espírito, primeiro a Bertrand associar-se a "isto" e segundo o Público mesmo que seja naquela suplemento ter autorizado a recensão.
Deve ter havido muito ranger de dentes.
Muito obrigado por desmascarar este Carnaval.
O que me incomoda o espírito é alguém, como você, se insurgir contra um editora ou um jornal publicar o que bem entende. Também me incomoda comentários como o do Vitor Caldeirinha e o seu, pelos insultos e desprezo pelas opiniões alheias, mas não sou dono nem provedor do blogue. Julgo que o António Araújo terá, pelo menos, considerado o livro suficientemente interessante para falar aqui dele. Que autorize estes comentários, ou que os deixe passar sem pelo menos um reparo, é estranho.
EliminarObrigado.
EliminarO conceito de liberdade para si deve ser estranho.
Acha que a Bertrand deve ter liberdade para publicar esta inanidade mas já não deve haver liberdade para eu criticar o tê-lo feito.
O meu conceito de liberdade em relação à edição é simples: liberdade de edição. Para perceber melhor: as editoras não estão sujeitas a publicar o que o FA acha que devem publicar. Eu até defenderia que o FA pudesse publicar numa editora, mesmo achando o que acho de si.
EliminarQuanto à liberdade de você aqui insultar, já não é comigo.
Obrigado.
EliminarPor norma não mantenho diálogo em casa (blog) alheio, acho isso uma descortesia.
E portanto para terminar só lhe digo que a sua vida deve ser um sofrimento, ouvir todos os dias os insultos aos governantes (ladrões, pulhas etc.), ver a grunhice de invadirem espaços e desatar aos berros contra quem está a discursar, assistir à palermice de desatarem com cantorias tipo Grândola como se estivessem num arraial e muito que fica por dizer.
Comparado com isto o meu insulto até me parece uma doçura.
Quanto ao resto, a praticamente totalidade dos comentários responde por mim.
Melhores cumprimentos.
Obrigado ao dono do blog por ser um espaço de liberdade.
Já li, curiosamente, o livro "The People's History of the World", e pude verificar, agora que o António nos obsequiou com alguns trechos da obra da sábia Raquel Varela, que a interpretação dela acerca de Spínola é idêntica à de Harman (uma cópia, digo eu), que no dito livro dedica cerca de duas página ao 25 de Abril: entre considerações vagas e habituais em quem escreve certo livro acompanhado, em cima da secretária, de fotos de Lenin e de Marx, também na tal obra se diz que a candidatura de Spínola "não é mais do que a candidatura dos grandes empresários e dos bancos", assim rematando o homem em questão e a natureza das suas vontades enquanto PR (pág 585).
ResponderEliminarApenas uma entre centenas - sim, centenas - de afirmações que desafiam a lógica, a história, os factos. Recordo-me de outra sobre Spínola: este, escreve Harmon, não queria a descolonização imediata porque, e só por esta razão, ela era contrária aos interesses dos grandes empresários portugueses. E dá como garantida a presença da CIA como organizadora das revoltas que ocorreram no Norte de Portugal (pág 286).
Cumprimentos,
Mariachi, 25 anos.
A 'alusão a sexo' é mortal! Esta raquel nem para fazer as necessidades serve. Como tal criatura descerebrada pode pavonear importâncias é mistério maior que sócrates ou passos se terem alçado a primeiros. Que gente bruta.
ResponderEliminarComo foi possível esta mulher receber, recentemente, um prémio pago por um Banco? Parece que está tudo tolo...
ResponderEliminarCaríssimo A. Araújo, não li o dito livro!!
ResponderEliminarDo que conheço da autora, tenho já por pressuposto o que o caríssimo concluiu ali "O problema, contudo, não reside em este ser um livro de história ideológica, mas na falta de densidade intelectual da autora para sustentar as suas próprias convicções.". É manifesta a sua inaptidão tanto para a ciência como para o pensamento político, filosófico, artístico e gastronómico!! Arrisco que o caríssimo Araújo foi clemente, diria condescendente, ao enunciar a natureza da obra como de história ideológica!! Muito me posso enganar mas não a estou a ver cumprir os mínimos!! Uma personagem ahistórica!! Dois ou três lampejos que se excluem, mutuamente, por contradição!! Um brocardo, sobre um joelho estafado, makhnovista!! Incapaz de representar meia ideia sobre o que quer que pretenda representar!! O enaltecimento é elaborado com frases e frases inanimadas, mais das vezes morrem por inanição antes do fim do período!! Assim tenho lido a autora, por aqui e por ali!! Não representa nem poderá representar o que quer que seja!!
Tudo isto para louvar a sua inexcedível paciência!!
Robusto talento, esta varela - da robustez de um Sousa Neto...
ResponderEliminarSuponho que o facto de Raquel Varela não ter vivido aquele tempo não é suficiente desculpa para tanta estupidez. Aquela de em África os que lá estavam fazerem vénias aos pides é de rir não fosse ser tão obtusa. Esqueceu-se que muitos professores de esquerda foram para África por estarem impedidos de aqui darem aulas. Tive alguns, para minha sorte e proveito. Os meus avós foram para África ao serivço da 1ª república em missões civilizadoras que substituiam assim a igreja em nome dos ideais da república.
ResponderEliminarA maior parte regressou para fugir a uma guerra civil. Esse sim o preço de sangue que os africanos tiveram de pagar para a festa, que uma descolonização sem preparação suficiente os obrigou a pagar.
Raquel Varela não faz qualquer ideia do que seja o Povo.
É grave que se intitule historiador, tendo em conta a crítica que aqui se fez.
Por a+b desmontaste uma consumada fraude intelectual, académica e histórica. Obrigado, António.
ResponderEliminarJosé Navarro
lamento desiludir vosselências, mas o bom do António Araújo não nos livrou de uma fraude. Denunciou apenas uma das milhentas fraudes que enxameiam as faculdades, umas mais que outras, é certo. Dificilmente hoje se encontrará uma meia dúzia de historiadores probos. Os que nada sabem dedicam-se à história contemporânea, os que pouco sabem inventam. Agora entra cada abécula na Academia Portuguesa da História que nem vos conto.
ResponderEliminarhajapachorra não é só na História infelizmente a Academia nas Ciências Sociais, Humanas, Jurídicas, Económicas e Afins (mas também noutras àreas de conhecimentos) são clubes de favores mútuos, formalidades sem conteúdos, seguidismo e câmaras de eco
ResponderEliminarO problema é que este gente não anda por aí por sua conta escrevendo estas inanidades. São eles quem controla os grupos de investigação
ResponderEliminarRaquel Varela é coordenadora de
Investigação // História Global do Trabalho e dos Conflitos Sociais
http://ihc.fcsh.unl.pt/pt/investigacao/grupos-de-investigacao/item/2282-trabalho-e-conflitualidade
Helena Matos
Cuidado, não morda a língua, Helena Matos!
EliminarO António também deveria ter mais cuidado com o tempo que perde a comentar as criticas não vá com isso cair no ridículo. Para aqueles que passam tanto tempo a exigir criticas fundamentadas ao livro que a Drª R. Varela escreveu, li por aqui diversas críticas e sobre isso não opinou, faz de conta que não existem ou que não são válidas. A presunção tem destas coisas, a academia a sufocar-se com os bocejos pouco trendy ;)
EliminarFosse a Helena Matos a passar o alvará (de coordenação...), aí resolvia-se o problema. Não havia problema, portanto...
EliminarA liberdade académica, de criação, investigação e ensino, escrutinada nos tempos e instâncias próprias, com efeito, é um... problema.
Para a Helena Matos. (Exemplar...)
Caro António Araújo
ResponderEliminarParabéns por mais este trabalho! Imagine o que é trabalhar em centros de investigação onde este tipo de atitudes é norma. Imagine as dificuldades em fazer aprovar determinados artigos em revisões «científicas» por «pares». Imagine o que são as candidaturas a bolsas e contratos de investigação nos quais os júris se inclinam para um certo lado. Imagine por onde circula uma parte da elite intelectual europeia (e não só) politicamente extremista, invariavelmente de uma única tendência. Este não é apenas um sintoma do que se passa com os livros, com o saber dito «científico». É um sintoma do muito que necessitamos de fazer por um melhor e mais justo destino coletivo.
Abraço,
Gabriel Mithá Ribeiro
Como tenho por hábito evitar ler cavaquistas quase consegui ignorar a prosa do António Araújo sobre o último livro da Raquel Varela, mas um par de aplausos ocos lá me levaram a ler o dito cujo. Aqui fica a critica à "crítica".
ResponderEliminarhttp://obeissancemorte.wordpress.com/2014/04/17/porque-e-que-as-elites-temem-o-povo/
Como tenho por hábito não ler militantes, não estou interessado na crítica à crítica.
EliminarEntão diria que perdeu algum tempo com a "crítica" militante.
EliminarFazes mal em não ler os cavaquistas, devias. Alguns deles dizem disparates como a tua amiga e como tal, têm conceitos de «povo» bem distintos dos demais cidadãos. O interessante era ser aqui demonstrado que aquilo que AA escreve é falso e não corresponde às citações de RV. Fica o desafio.
EliminarMais uma "historiadeira" que faz a sua carreira na horizontal.
ResponderEliminarMas trabalha bem?
EliminarA Helena Matos está ressentida. Estava à espera que alguém fizesse uma recensão do seu "Filhos do Zip-Zip". Mas não. Nada. Até o trabalho da Raquel Varela é melhor que o do Henrique Raposo (a cujo lançamento presidiram António Araújo e Camilo Lourenço) e que as inanidades da H. Matos. Boa! Depois a culpa é da academia esquerdizante. Devem estar a pensar na FDL ou na Faculdade de Economia da Nova. LOL... O Luciano Amaral anda um maoísta do caraças.
ResponderEliminarUAU, que consolo é este. Digamos que H.Raposo está na mesma fasquia que um balde de excrementos... daí a festejar que até a Raquel Varela é melhor que a e b, um primor! Não é melhor por mérito mas por comparação... trabalho rigoroso!
EliminarAinda a rebolar de riso agradeço mais esta brilhante crítica literária. Impagável o tom contido.
ResponderEliminarE um bom guia para a quantidade de vezes que a RTP nos conta brindar com esta personagem em directo em prós-e-contras e outros fora de comi-comentário este Abril.
Cumps
Buiça
E a rapariga é "investigadora"?Por nossa conta?Os retornados não eram "povo" mas os ex-guerrilheiros que andam a renacionalizar devem ser de certeza...
ResponderEliminarBatam ainda mais no revisionismo trotskista do 25 de Abril. Estes loucos queriam uma guerra civil e que o PCP embarcasse em aventureirismos como o 25 de Novembro. O Cunhal sabia mais a dormir que estes candidatos a Enver Hoxha todos juntos e acordados.
ResponderEliminarO que é muito estranho, é que a Senora tenha tanta confusão mental para consigo própria. Obviamente de uma família previligiada, a viver numa já sabida zona previligiada do país, fala e actua como uma pessoa que tem completa distância do Povo. Aqueles que são seus "estudantes" e "colaboradores" são na realidade suas formiguinhas operárias, para que a Sra. possa aparecer na televisão, escrever imensos aritgos de jornal, etc, com trabalho dos outros!!
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