Deogratias Habyarimana (ex-assassino, à dir.) e Cesarie Mukabutera (sobrevivente) |
Dominique Ndahimana (ex-assassino, à esq.) e Cansilde Munganyinka (sobrevivente) |
Laurent Nsabimana (ex-assassino, à dir.) e Beatrice Mukarwambari (sobrevivente) |
Godefroid Mudaheranwa (ex-assassino, à esq.) e Evasta Mukanyandwi (sobrevivente) |
François Ntambara (ex-assassino, à esq.) e Epiphanie Mukamusoni (sobrevivente) |
Jean Pierre Karenzi (ex-assassino, à esq.) e Viviane Nyiramana (sobrevivente) |
Juvenal Nzabamwita (ex-assassino, à dir.) e Cansilde Kampundu (sobrevivente) |
Já
escrevi aqui sobre o Ruanda e os massacres de 1994.
Não é um tema a que se deseje voltar muitas vezes, mas este regresso é ditado
por uma razão simples: na Fundação Calouste Gulbenkian está patente uma
retrospectiva do fotógrafo Pieter Hugo (n. Joanesburgo, 1976). Essa, sim, vale
a pena visitar e regressar vezes sem conta – mesmo no dia seguinte. Da
exposição não consta, como é evidente, o trabalho mais recente de Pieter Hugo,
concluído há cerca de um mês. Quem vir a exposição na Gulbenkian notará uma
continuidade flagrante entre outras obras do autor e este seu novo projecto.
Hugo já estivera no Ruanda, onde captou imagens que bem lembram delicadas
naturezas-mortas neerlandesas da Idade do Ouro. Agora, neste regresso ao
Ruanda, fotografou pessoas que se reconciliaram. Sobreviventes e antigos assassinos.
Lado a lado, com o olhar inexpressivo que caracteriza os retratos de Hugo,
estão os autores dos massacres e os que então – há 20 anos – perderam pais, irmãos, maridos ou filhos. As
imagens transmitem um silêncio estranho, não necessariamente pacífico. Talvez
um perdão resignado, pois a morte não tem conserto. Os diálogos estão aqui.
Ficam também as imagens, com uma exortação que é quase súplica: não perder a
exposição da Gulbenkian. Em breve regressarei a Pieter Hugo. Todo o regresso é
a reconciliação com qualquer coisa. Foi bom regressar à Gulbenkian, numa manhã
chuvosa de um sábado que passou ontem.
Sempre excelente e em cima do acontecimento. Só não percebi, e confesso que não gostei, do ex-assassino. Como raio um assassino se torna em ex?
ResponderEliminarObrigado pelas suas palavras. No NY Times falava em «perpetrator», o que achei que não deveria traduzir para «perpetrador» (isto é, a pessoa que cometeu os massacres). Coloquei «assassino» (ou «ex-assassino»), expressão que, reconheço, não é feliz.
ResponderEliminarCordialmente,
António Araújo