Quarta-feira, 12
Março, às 18h00, a Biblioteca Nacional assistiu ao décimo primeiro encontro do
ciclo de seminários Um
mês, um códice iluminado, uma iniciativa do Instituto de Estudos Medievais
(IEM) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
(FCSH-UNL) e da Biblioteca Nacional, com o objectivo de divulgar publicamente investigações
académicas recentes sobre obras manuscritas pertencentes ao património da BNP.
A apresentação da Bíblia hebraica da BNP, conhecida como Bíblia de Cervera (Il. 72), esteve a cargo de José Augusto Ramos, Luís Urbano
Afonso e Tiago Moita (FL-UL). Conhecida pela riqueza iconográfica e pela
qualidade excepcional da sua iluminura, a Bíblia
de Cervera é um dos mais belos manuscritos sefarditas medievais e é um dos
raros códices hebraicos de que se conhece o nome de todos os seus
protagonistas. Do copista (Samuel ben Abraham ibn Nathan), ao iluminador
(Joseph ha-Sarfati), passando pelo escriba responsável pela decoração
massorética (Josué ben Abraham ibn Gaon).
A Bíblia de Cervera é um exemplo da tradição manuscrita e artística
entre os judeus peninsulares, observável na importante escola de iluminura
hebraica de Lisboa, no final do século XV, e uma das mais antigas e notáveis
bíblias que sobreviveram à destruição das comunidades judaicas de Castela e
Aragão, a partir de 1391, e da expulsão dos judeus de Espanha, em 1492, e de Portugal,
em 1498.
A Bíblia de Cervera influenciou outros manuscritos hebraicos, como a Bíblia Kennicott I (Oxford, Bodleian
Library), de 1476, copiada em La Coruña para o judeu português Dom Salomão de
Braga.
Raramente exposta ao
público desde que foi adquirida em Haia, em 1804, a Bíblia de Cervera foi a peça central em exposição na Galeria da
Europa Medieval do Metropolitan Museum of Art (Nova Iorque, 22 de Novembro de
2011 a 16 de Janeiro de 2012), e constitui agora uma das estrelas da exposição Judaica
nas Colecções da Biblioteca Nacional de Portugal – séculos XIII a XVIII,
coordenada por Lúcia Liba Mucznik (autora do catálogo comentado da mostra) e
patente até 28 de Junho no Campo Grande.
António J. Ramalho
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