Portugal para inglês ver:
Murray’s Handbook for Travellers in Portugal, 1855
Buscava-se
um estudo de caso, no enquadramento dos Estudos de Recepção ou dos Estudos de
Tradução, centrado em reescritas configuradoras de trocas interculturais entre
Inglaterra e Portugal, durante o século XIX, [...], quando o nosso olhar se
deteve num volume de capa dura, forrada a tecido fino, agora cor de caramelo
outrora vermelho.[1] É nele que John Murray, editor estabelecido
em Albemarle Street, no exclusivo bairro de MayFair, Londres, nos oferece um
olhar britânico oitocentista sobre Portugal, plasmado num guia para viajantes
considerando aventurar-se até Portugal.[2]
A
capa anuncia em letras douradas em baixo-relevo Murray’s Handbook Portugal, versão abreviada do título completo que
na folha de rosto se lê: Murray's
Handbook for Travellers in Portugal. With a Travelling Map. Apresenta-se,
assim, Portugal para inglês ver, em resposta a essa recente invenção britânica
do século XIX, as viagens de recreio ou turismo, às montanhas, termas e praias,
inovação depressa seguida por países como a França e a Alemanha, a que Portugal
também não tardou muito a aderir. Prova disso serão os volumes Banhos de Caldas e Águas Minerais ou As Praias de Portugal. Guia do Banhista e do
Viajante, que Ramalho Ortigão assina em 1875 e 1876, ou o primeiro guia
turístico português moderno O manual do
viajante em Portugal, que Leonildo de Mendonça e Costa publica em 1907. Contudo,
é só nesse ano de 1907 que a Sociedade Propaganda de Portugal lança o primeiro
cartaz turístico, anunciando “Portugal: The Shortest Way Between America and
Europe”, datando de 1913 o primeiro
folheto oficial de promoção turística, em que a Repartição de Turismo do
Ministério do Fomento anuncia o país a viajantes que se adivinha virem de
paragens mais frias e sombrias, apregoando um “Sunny Portugal”.[3]
Abre-se o volume
e, em letra negra sobre papel ocre, o editor enquadra o tomo como parte
integrante de uma colecção já considerável de vinte e três títulos dedicados à
arte de viajar. Inicia a colecção The Art of Travel; Or, Hints Available in
Wild Countries, promessa de adrenalina garantida, a que se segue
imediatamente um decerto utilíssimo mas também calmante Handbook of Travel-Talk: English, French, German, and Italian. Seguem-se destinos para os menos
aventureiros, incluindo-se na lista a Bélgica e o Reno, o Norte e o Sul da
Alemanha, Suíça, França, Espanha, sequência interrompida por um volume temático
dedicado à arte da pintura (escolas alemã, holandesa, espanhola e francesa).
Retoma-se a viagem, com quatro volumes dedicados a Itália (Norte, Centro, Roma
e arredores, e, por fim, o Sul), e aproveita-se o ensejo para compor o périplo
italiano com um volume temático inteiramente dedicado à pintura nacional, que o
primeiro volume temático não contemplara. A colecção ruma, então, a destinos
mais ensolarados para não dizer mesmo exóticos, e inclui volumes dedicados ao
Egipto, a Portugal, a Malta e à Turquia, e ainda à Grécia, para logo inverter
rumo para norte, com a promessa de escalas na Rússia (o Báltico, Finlândia e
Islândia) e na Noruega (Suécia e Dinamarca). Num grupo final de títulos, o
turista é convidado a regressar à Velha Albion,
sendo os últimos volumes dedicados a Londres (passado e presente),
Londres Moderna, e, por fim, a Devon e à Cornualha.
A selecção de
destinos e títulos, bem como a ordem que a colecção apresenta quase como um
roteiro, mereceriam só por si o nosso comentário, pois, na sequência inicial
desta colecção se reconhece, precisamente, o itinerário mais recorrente do
Grand Tour: a Bélgica e o Reno, o Norte e o Sul da Alemanha, Suíça, França,
Espanha e Itália, visto que só nalguns casos também abarcava a Grécia, antes do
regresso a Inglaterra. Esta viagem
educativa, definida pelo Oxford English
Dictionary como: "[a] tour of the principal cities and places of
interest in Europe, formerly supposed to be an essential part of the education
of young men of good birth or fortune",
apresenta uma primeira atestação datada de 1670, consentânea com os
propósitos inspirados pelo Iluminismo, que, de acordo com algumas vozes, a
Descartes deveria remontar (OED, Vol. VI: 754). Tal percurso sugerido pela
colecção deixa também adivinhar que, apesar de se dirigir explicitamente a um
"tourist" desde a primeira frase, o volume em apreço poderá ter como
destinatário alguém na charneira entre o "traveller" do
"Tour" e o recém-inventado "tourist" do "Tour-ism",
que empreende viagens de recreio ou lazer. Ainda segundo o Oxford English Dictionary "tourist", definido como
"one who makes a tour or tours; esp. one who does this for recreation; one
who travels for pleasure or culture, visiting a number of places for their
objects of interest, scenery or the like", terá sido usado pela primeira
vez em 1780. Contudo, e
interessantemente, o nome "tourism", definido como "the theory
and practice of touring; travelling for pleasure", terá sido usado pela
primeira vez em 1811, sendo-lhe reservado um uso originalmente depreciativo
(OED, Vol. XVI, 306), também porque associado, cabe acrescentar, a uma
vulgarização do Grand Tour. Trata-se de uma oposição que, como sublinha Lousada
(2010: 66), "retoma, em boa medida, o debate entre a alta e baixa cultura,
entre cultura de elite e cultura popular. A viagem do viajante pertenceria à
'alta cultura', a do turista à 'baixa cultura'." Permanece, portanto, a
dúvida, sobre o destinatário deste volume, se
o "traveller" referido no título ou "tourist" da
primeira frase em diante.
Contudo, e ainda
que sem perder de vista tais questões, é, sobretudo, ao que sobre Portugal se
diz na introdução que pretendemos dedicar mais atenção, pelo que avançamos na
leitura do volume, deixando para trás a colecção. Porém, não sem antes deitar
um olhar de relance à lista de “works of sound information and innocent
amusement, printed in large readable type and suited for all classes” agrupados
na colecção “Murray’s Railway Reading”, que também não se perde a oportunidade
de anunciar, sobre o já referido fundo ocre.
Neste relance, há um terceiro título onde ficam postos os olhos: Beauties of Byron’s Poetry and Prose,
decerto merecedor de um artigo [...], contudo, inviabilizado pela
impossibilidade de consulta.
Passando,
portanto, à introdução ao volume, ela intitula-se "Preliminary
Remarks" e ocupa 27 páginas, divididas em 17 secções, das quais a
primeira, com o título “§ 1. General Requisites”, principia com um caveat lector, onde se sublinha o valor
do empreendimento perante a dificuldade na obtenção de guias locais (com a
excepção de uma ou duas das maiores cidades) ou mapas topográficos, informações
fundamentais para a organização de um volume com as ambições do exemplar em
análise. Consequentemente, o leitor, que o autor refere como "tourist",
desde a primeira frase, deverá regozijar-se porque: “he is about to read a
description of a country less known to Englishmen than any other in Europe”
(IX).[4]
Ainda assim, atesta-se a dúvida nacional pois qualquer português questionará a
pertinência da escolha do seu país como destino turístico: “a Portuguese seems
at present unable to comprehend the idea of travelling for pleasure through his
country” (IX). Deste ponto de vista, o
autor apressa-se a acrescentar motivos de sobra para tal desconfiança: as
estalagens são de uma barbárie primitiva, praticamente não existem estradas, em
poucas palavras, “travel signifies both a toil and a journey”. Três requisitos são, de seguida e por
consequência, apresentados como fundamentais para empreender “a Portuguese
tour”: “good health, good temper and the right time of year” (IX). A primeira é
fundamental para enfrentar num só dia os extremos de calor e frio, para
sobreviver inteiramente a broa e vinho verde (da boa mesa, nem palavra), e para
conseguir passar a noite “on the boards
of an inn, to the tender mercies of which you would hesitate in England to
consign a favourite dog” (IX). Porventura mais interessante, donde merecedor de
mais longa citação, é o segundo requisito:
Good
temper, which the handbooks for all European countries make so great a
requisite, is ten times more essential
here than elsewhere; not only because a Portuguese will not be hurried,
and will do your work in his own way and at his own time, but because though
the easiest of all people to be led, he is the worst to be driven; and when in
a passion sometimes becomes dangerous. (IX)
Interessante
descrição do carácter nacional, de ritmos culturalmente específicos, e lentos
para um olhar britânico, de uma persistência tenaz no modo de fazer arreigado,
da necessidade de ser, a bem, levado e nunca obrigado, ou seja: de não se
governar, nem se deixar governar. Não
saem poupados os funcionários aduaneiros:
As
it is very probable that the functionaries who apply for your passport have
never seen a Foreign-office document, and nearly certain that they will not
understand a word of English, you will have in the first place to explain what
it is , then to translate what it says, and lastly to convince the inquirer
that a man may desire to travel to Portugal for his pleasure. (IX-X)
Novamente se afirma, portanto, a
perplexidade e desconfiança nacional, personificada nos funcionários
aduaneiros, perante quem se apresenta como turista em Portugal. Como afirma o autor, nada, contudo, que uma
adequada dose de cortesia não conduza a um final feliz: o termo da conversa
pontuado com um convite local para partilhar uma garrafa de vinho. Arrisque-se
a descortesia, porém, e o mais natural é ficar detido a aguardar inquirições às
autoridades superiores: manda o mais elementar bom senso desconfiar de quem
apregoa querer viajar em Portugal por prazer, imagine-se.
Fica, de seguida, o leitor informado
de que a época mais aconselhada para empreender a viagem é o mês de Abril,
antes de terminarem os aguaceiros primaveris – “while the clouds give their
shadows to the valleys, or their graceful drapery to the hills” (X) – como
convém aos habitantes da velha Albion, à data ainda pouco apreciadores da
canícula estival. Para o observador experimentado,
ou para o romântico apreciador do Belo que a introdução começa a deixar
entrever, porém, as contrapartidas, que o contacto com a beleza natural
oferece, no seu “unlimited grandeur in the Gerez, or the Outeiro Jamor”,
afiguram-se incontáveis:
… to those who can endure any
personal inconveniente arising from the causes already referred to, and whose
love of the beautiful nothing can extinguish, there is more than enough to
speak to their eyes and their understanding in accents which language is
powerless to convey. (X)
Das belezas incontáveis e inomináveis
o leitor transita, abruptamente, para a secção seguinte, intitulada “General
Geography”, onde se depara com os esforços científicos autorais no sentido de
averiguar, com base na bibliografia e cartografia disponíveis, a exacta dimensão
do território nacional. Em vão, pois
como se acrescenta: “one geographer
makes it nearly twice as large as another”.
A incompletude da cartografia recomendada como “least bad” é sublinhada
com o aviso: “the tourist must be prepared for such a blunder as the total
omission of the Berlenga Islands” (XI).
Habitado por um só povo, ao contrário da Espanha, e comparável à Andaluzia
em dimensão, Portugal passa, então, a ser descrito em termos climáticos. A Norte, o clima será em tudo semelhante ao
de Inglaterra, natural termo de comparação: “The N. of the province of Traz os
Montes, the high table-land of Beira, Viseu, Trancoso, Pinhel, Guarda, Almeida
and Sabugal are in winter bitterly cold, have the spring late and uncertain,
and have little advantage in these respects over England” (XI). Viajando para sul, contudo, os rigores do
inverno amenizam-se, a neve dá lugar a apenas algumas semanas de chuva forte, e
até, imagine-se, a flores: “In Alemtejo and Algarve frost and snow are unknown;
and the winter in the latter province may be called the season of flowers”
(XI).
Com a excepção de uma considerável
lista de zonas insalubres, onde predominam “seizões” intermitentes, ou seja,
temíveis “fevers and aigues”, Portugal “may be considered a very healthy country”
(XI), e, apesar de os portugueses, como referido, não perceberem porquê, merece
uma visita, assevera o autor.
Segue-se uma lista pormenorizada, com
o propósito de ajudar o viajante a chegar de Inglaterra a Portugal: de vapor
com partida em Southampton e escala em Vigo, Porto (a evitar devido a uma
"frightful bar of the Douro") e Lisboa, avistando pelo caminho várias
povoações e monumentos, de nomes sempre correctamente grafados e em itálico,
até que: “the whole magnificent panorama of Lisbon comes into sight” (XII); ou
alternativamente, por estrada, entrando em Portugal por Bragança e Traz os
Montes (“a course only to be recommended to those who, in pursuit of scenery,
are willing to encounter any hardship”), pelo Douro (“ a very pleasant
voyage”), de diligência que liga Badajoz a Lisboa (“the lately established
diligence”), ou por Castro Marim, de barco. Aconselha-se como prudente o
desembarque em Lisboa, para iniciar o “Portuguese Tour” pelo sul, “in order not
to risk exposure to the intense June heats of Algarve” (XII). Claramente, ainda não era um "sunny
Portugal" que se buscava.
Segue-se uma secção inteiramente
dedicada à moeda, pesos e medidas, onde uma profusão de moedas nacionais, reais
e imaginárias ("Reis" “an imaginary coin”, porque nominal, de conta
ou de referência; "Ceitil", "meio-testão",
"3-vinténs", "testão", "6-vinténs", "Cruzado
novo", "Moidore") são comparadas com os seus equivalentes
britânicos. Termina a secção com um
conselho: “The best coin to be provided with is the vintém and the testão: the
latter, as the Scotchman said of sixpences, are ‘canny little dogs that will
often do the work of shillings’ “ (XIII).
A lista de pesos e medidas é apresentada sem comentários, excepção feita
à seguinte referência: “6 Gallegos are said to be able to carry, suspended from
their shoulders, 60 arobas, 1920 lbs. A bullock-cart will carry the same”
(XIII). Conselhos úteis para quem,
porventura, pretenda ajustar o preço para o transporte de bagagem (de carro de
bois, se for pesada, de mula ou galego, se for mais leve).
A secção dedicada ao tópico
"como viajar", com os subtópicos
estradas e caminhos de ferro portugueses, não poderia ter início mais
auspicioso (!): "Portugal is behind every other European country in its
roads; or rather in those tracks and watercourses which, by courtesy, are
called so". E o texto prossegue acrescentando: " 'There still exist,'
says an able writer (in 1852), 'numerous proofs that in the time of the Caesars
there were roads in Portugal' " (XIV).
Este corrosivo exórdio dá lugar, por seu turno, ao espanto sobre a
inexistência de transportes públicos, com a excepção de Lisboa-Porto,
Porto-Braga, Lisboa-Elvas-Badajoz e Lisboa-Coimbra, e sobre a ausência de
estradas, com a consequência, também referida, de o turista se ver obrigado a
viajar de mula, a cavalo ou de liteira, só podendo fazê-lo de carruagem nas
proximidades de Lisboa. E tudo para
evitar que se facilite a invasão ao nosso "amigo vizinho", como terá
bradado um distinto deputado a propósito de um projecto de melhoramentos
viários, afirma o autor.
É, neste ponto, introduzido todo um
parágrafo que se dedica a descrever, com atrozes pormenores, o carro de bois,
que, inalterado na sua engenharia desde o tempo dos romanos, é capaz de
produzir um barulho ensurdecedor, supostamente capaz de afastar lobos e o
próprio diabo, tornando desnecessária qualquer espécie de buzina em passagens
mais estreitas. Sorte é que a
diligência, inovação recente, datada de 1854, permita ganhar a distância entre
Porto e Braga, Lisboa e Badajoz ou Coimbra; e que o caminho de ferro entre
Lisboa e Santarém, a cargo de empresa britânica sob a "able
superintendence" de um súbdito de Sua Majestade, progrida a olhos vistos,
também com grande investimento de endinheirados brasileiros. Projectadas estão linhas para o Porto, Elvas
e a fronteira espanhola, Vendas Novas (a cargo de uma vigorosa companhia
francesa) e até Cintra, pela margem direita do rio Tejo. Das estradas de
macadame, por sua vez, diz-se que progridem a bom ritmo no Minho e em Traz os Montes,
com o investimento providencial de várias casas britânicas do Porto,
naturalmente.
Todas as minudências necessárias para
ajustar o preço de uma montada são devidamente explanadas num par de parágrafos
dedicado ao efeito, ficando o leitor a saber o preço de uma cavalgadura (para o
viajante), de uma mula (para a bagagem), e do arrieiro (que, prestando bom
serviço, espera receber o equivalente a meia cavalgadura). Não termina o
parágrafo sem, contudo, avisar o turista: "A traveller will do well to insist
on having an English saddle (sela Ingleza): the Portuguese saddles produce the
effect of being set astride on a flat table" (XVI). Ainda assim, os estribos de caixa, apesar de
desconfortáveis, são aconselhados pela protecção que oferecem contra a chuva e
a tenacidade da goma produzida pelas estevas, capaz de destroçar qualquer
calçado.
A objectiva e científica precisão
britânica, uma ambição já demonstrada a propósito da dimensão territorial, é
novamente posta à prova relativamente à unidade lusa de medida de
distâncias. A perplexidade suscitada por
tal empreendimento merece a seguinte expressão:
Portuguese distances are reckoned by
leagues (legoas), but what a league is, it would puzzle any lexicographer to
say. It is generally defined to be the distance
which a loaded mule can perform in an hour, and is therefore usually set down
as three miles an a half. The fact is that, on most roads, the leagues are
utterly conventional, and mean nothing more than the number of vendas at which the muleteers find it
convenient to drink. (XVI)
Percorridas nove ou dez milhas por
dia, uma muito boa média, afigura-se recomendável descansar numa estalagem,
chegado o crepúsculo. O novamente
cáustico intróito britânico apresenta o novo tema das estalagens portuguesas, a
uma luz deveras favorecedora (!):
"In the following pages, inns, except in the large towns, will
seldom be named, for the best of all reasons.
The question is not, which is the best inn, but whether there be an inn
at all" (XVII). Contudo, em lugar de
deixar o assunto morrer, o autor dedica-lhe ainda os seguintes mimos, merecedores
de mais ampla citação
... the arrangement is usually as
follows: - a picturesque, tumble-down verandah gallery; a lower story partly
occupied by the stables, partly by wine-casks; an upper storey containing a
kitchen without a chimney, the smoke finding its way through the window or
door; a kind of general sitting-room, and a general bed-room. It is the
sitting-room which will form the traveller's quarters: fowls having been untied
from the table-legs, children removed, and perhaps a pig or two kicked out, he
may then order up his luggage, and he will probably have the advantage of being
able to contemplate the sky between the tiles, and to keep an eye on the mules
through the crevices in the floor. The smell of the latter can scarcely be
called pleasant; nevertheless the same arrangement exists in the best
Portuguese houses.
A cereja no bolo, que parecia ser a
generalização final, bem pouco abonatória da melhor casa portuguesa, fica porém
umas frases abaixo: não só as mulas têm
uns badalos que ninguém retira à noite porque têm a utilíssima função de
afastar o diabo, mas toda a sorte de insectos também se vem abrigar na
estalagem, "not only do cockroaches and black beetles abound, but (...)
various kinds of vermin, as pulgas, persovéjos, and piolhos, are pretty numerous" (XVII). Assim fica apetecivelmente descrita a
estalagem portuguesa "in the wilder parts of the country",
evidentemente.
No tocante a questões gastronómicas,
alerta o avisado autor britânico, em secção destinada a este efeito: "the question is not between good or bad
food, but between eating and going without" (XVII). Para evitar a hegemonia do pão preto, há que
levar uma correcta provisão de pão branco; por via de regra, é possível comprar
ovos nas estalagens, mas (há sempre um mas...): "As, of course, egg-cups
or spoons are out of the question, it is best to have them boiled hard (ovos
cozidos)", assim como é melhor, como sugere vivamente aos seus ovívoros
conterrâneos, não esquecer o pedido de que sejam servidos com casca. Ainda assim, "[i]n some places, the
Portuguese have a very fair idea of eggs and bacon, ovos com presunto" (XVII).
Não termina o tema sem, contudo, dedicar uma nota à pronúncia:
"N.B. There is no word in Portuguese of which the pronunciation is so
affected by patois as this, varying from the uivos of the Spanish frontier to
the broad awvos of Central Beira and the sharp óvos of the south" (XVIII).[5] Das aves, frangos e galinhas refere-se
"[they] are sometimes procurable, but always resemble leather"
(XVIII), e peru também se arranja mas a melhor alternativa aos ovos é o peixe
(pescada, truta, lampreia, salmão branco), capaz de redimir a gastronomia
nativa de uma penada: "On the western coast are the best sardines
(sardinhas) in the world" (XVIII). Laranjas de Setúbal são excelentes, das
ameixas de Elvas e figos do Algarve, por sua vez, diz-se que têm "a
European reputation", e constituem uma saudável alternativa à doçaria, da
qual se afirma: "the forte of Portuguese cooks is their confectionery, to
the immense quantities of which devoured by the upper classes half of their
illnesses are owing"; ainda assim, acrescenta-se: "Preserves that would not disgrace a
Parisian confectioner may often be procured in the poorest estalagems"
(XVIII). Não resulta inteiramente claro se tal afirmação constituirá um elogio
às compotas portuguesas ou um insulto aos confeiteiros parisienses... Referida
a incontestável origem dos maus fígados das classes superiores, adivinha-se
alguma preocupação social na subsequente menção aos hábitos alimentares do mais
pobre trabalhador português, (afinal, parte da hoje tão gabada dieta
mediterrânica):
It is surprising how frugally the Portuguese labourer
lives. Couve gallego (cow-cabbage) from his own garden, a little oil from
his own olive-tree, crumbled milho bread baked in his own oven, and water, form
the food on which he subsists all the year round, except on the rare occasions
when he can procure some bacalháo. The better sort of labourers make a broth of
beans, lard, and pumpkins (caldo d'unto, lard-broth), not at all a bad thing on
a cold night among the mountains. (XVIII)
Estranhamente, para um leitor contemporâneo, só um
brevíssimo parágrafo se dedica ao vinho português, e só de dois tipos: vinho verde, "i.e. the raw, sour,
unwholesome wine of Minho", ou vinho maduro "the ripe vintage of the
northern provinces", que os habitantes locais consideram muito caro,
também devido a uma doença das vinhas, que o autor não deixa de referir como
causadora dos preços elevados. Bebe-se,
como passa a explicar: Bucellas, Colares, Lavradio, Termo, Tojal, Estremadura,
e disse (XVIII-XIX).
Do Vinho do Porto, afamado néctar cuja invenção os
ingleses defendem ter sido sua, no século XVII, nem palavra. Estranho, ou
talvez não. Certo é que a importação
inglesa de Vinho do Porto decrescera drasticamente durante o século XVIII. Diz-se que tal terá acontecido em
consequência de adulterações tornadas apetecíveis graças ao anterior aumento em
flecha dos preços do Vinho do Porto, inflacionados pela grande procura inglesa
do século XVII; uma procura que o tratado de Methuen veio consagrar, em 1703,
estabelecendo como contrapartida privilégios para os têxteis ingleses. Certo é
também que, em meados do século XIX, o oídio e a filoxera terão devastado as
vinhas portuguesas, sem poupar a região
entretanto demarcada, pela Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto
Douro (instituída em 1756), onde se produzia o chamado vinho fino, o único que
podia ser exportado para Inglaterra. Proliferam, entretanto, nos mercados os "French Ports", os
"Hamburg Ports", os "Tarragona Ports", a preços muito
inferiores (Martins Pereira s.d.). Caído
em desgraça entre os súbditos de Sua Majestade, devastadas as vinhas pela
doença, esmagado pela concorrência feroz de sucedâneos de outras proveniências,
talvez não seja, afinal, de estranhar o manto de silêncio que o texto faz
recair sobre o tão afamado Vinho do Porto.[6]
Passando às províncias de Portugal, o autor
dedica-lhes uma secção para explicar a antiga divisão (que recupera), para
referir a mais recente divisão efectuada para fins militares em 1835 (que
descarta), e para esclarecer as alterações que efectua à antiga divisão (que
irá seguir), pois, torcendo as duas divisões já referidas a seu bel-prazer,
termina incluindo a Estremadura a sul do Tejo no capítulo dedicado ao
Alentejo. Esta é uma questão
estruturante da obra pois os capítulos serão dedicados a: Lisboa;
"Alemtejo and Estremadura Transatagana"; "Kingdom of
Algarve"; "Estremadura (North of the Tagus)"; Beira; Entre Douro
e Minho (Minho); e, por último, Traz os Montes. Todos os capítulos do restante
volume se organizam numa pequena introdução, de pouco mais de uma página, a que
se seguem passeios sugeridos, "routes".
Regressando à introdução, ela integra, de seguida,
uma secção dedicada à História de Portugal, da qual se afirma: "It must
always be a subject of deep regret to the English reader that the history of
Portugal, to which Southey had devoted so much time, labour, and thought, was
never completed. His materials were such as no other person, not a native, can
possibly accumulate again" (XIX). Trata-se de uma referência ao poeta
romântico, historiador e biógrafo, Robert Southey (1774-1843), autor da obra
publicada sob o título Letters written
during a short Residence in Spain and Portugal (1797), que reúne cartas
redigidas na sequência de um convite de seu tio, o reverendo Herbert Hill, para
visitar Lisboa, em 1795; e autor também de uma anunciada História de Portugal, que prepara durante uma segunda visita a
Portugal, em 1800, da qual, contudo, porque nunca concluída, só veria o prelo a
secção dedicada ao Brasil (History of
Brazil, 1810-1819). A introdução
alude mesmo a estas obras, afirmando: "those [letters] written during his
second residence there [in Portugal], and published in the second volume of his
biography, are still interesting as exhibiting a picture of the country, just
before it was swept by the tornado of its French devastators" (XX).
Para conveniência do turista, segue-se uma tábua
cronológica dedicada à História de Portugal, com início em 1095 e fim em 1853,
onde merecem referência os reis de Portugal, cujos cognomes surgem traduzidos,
bem como as principais descobertas, conquistas e batalhas, também em preparação
da visita aos locais onde tiveram lugar.
Digna de nota será a seguinte entrada, pelo tema diverso e informação
(para alguns controversa) que apresenta: "1284. University of Lisbon
founded. 1308. Removed to Coimbra" (XX).[7]
Controversa é também a escolha autoral de "usurpation" para o
título: "Castillian usurpation,
called by the Portuguese 'The sixty years captivity" (XXI), pelo ponto de
vista que, assim, revela.
Segue-se uma longa secção, referida como obrigatória
em qualquer Guia de Portugal que se preze,
integralmente dedicada à que se anuncia como "the most
extraordinary superstition that ever prevailed in any civilised nation - that
of the Sebastianists" (XXIII). Em
quase duas páginas se descreve com algum pormenor as motivações de tal
superstição, evolução histórica do número de sebastianistas (que se afirma
oscilar entre metade e um terço dos portugueses) e respectiva classe social,
sem deixar de fazer referência a diversos impostores, bem como aos profetas dos
séculos XVII e XVIII, com especial destaque para Bandarra, cuja profecia surge
inclusivamente citada.
Seguem-se quatro páginas de referências
bibliográficas a obras, sobretudo de autoria de historiadores e cronistas
lusos, mas também de autores espanhóis, franceses, alemães, para além dos já
esperados ingleses. Versam sobre
Portugal, a Índia, o Brasil, e outras conquistas. Não faltam ainda menções a
obras topográficas e estatísticas, obras militares ou versando sobre as ordens
religiosas e a arte portuguesa, que se diz ser escassíssima no que toca à
pintura: "The traveller in the Peninsula, who has been accustomed to the
long and illustrious catalogue of Spanish painters, will be most grievously
disappointed when he finds that Portugal exhibits almost a blank in this
department of art: a want lamented by Camoes" (XXVII). A única excepção de relevo é Grão Vasco:
"But, except Gran Vasco (see p. 118) and his school, Portugal never raised
one illustrious painter" (XXVII). A maior parte das referências bibliográficas
é seguida de um breve comentário do autor, merecendo especial destaque a História de Portugal, em quatro volumes
até então publicados, de Alexandre Herculano, "which, notwithstanding the
historical scepticism of the author, will no doubt be the best history",
bem como, evidentemente, "The Prize Essay on Portugal, by Joseph James
Forrester (now the Baron of Forrester), London, 1854; a most valuable book by
one who has done more for Portugal than perhaps any other individual during the
last century" (XXVI). Várias obras de viagens são também citadas em
parágrafo intitulado "of ordinary tours", entre as quais a mais
antiga, em língua inglesa, data de 1770, terminando este notável esforço de
investigação bibliográfica com uma última referência datada de 1854. Não é sem motivo que os volumes da colecção
"Murray's Handbooks for Travellers" são referidos como "detailed
and scholarly guides".
Na secção dedicada a um esboço dos passeios, e
tornando explícito um ponto de vista que se vai construindo com a leitura da
introdução, o viajante é avisado: "The great attraction of Portugal is its
scenery, and few would think of visiting it with any other object"
(XXVIII). Seguem-se parágrafos em que a beleza das montanhas e a profusão de
rios lusos são gabados, apesar de ficarem quase sempre aquém dos rivais que o
autor refere: os Pirenéus, os Alpes ou os vales da Grécia. Interessante na escolha vocabular é o modo
como entre "magnificent", "delightful", "exquisite richness",
"wonderful colouring", "great charm", "wildest
rocks", "loveliness" se repete um adjectivo:
"romantic", de que são exemplo "romantic loveliness", ou
"the most romantic woodland scenery". Tanto encómio tem, contudo, de
ser devidamente contrabalançado, a bem da afamada fleuma: "It must not be thought that the whole
of Portugal deserves the character which we have given to the scenery of its
better parts" (XXIX). A sul do Tejo, é o deserto... Excepção feita à
Arrábida, a Monchique e às margens do Guadiana e do Sever, "it is for the
most part uninteresting, Algarve consisting of rocks and sand, Alemtejo of vast
heaps covered with the cistus", as temíveis estevas já referidas, cuja
goma aconselha o uso de estribos de caixa. Termina o parágrafo com uma lista
das principais cadeias montanhosas.
Tema seguinte são as igrejas portuguesas, mas o
entusiasmo depressa arrefece com o intróito: "No European country has less
interesting ecclesiology than Portugal" (XXX), a que se segue uma lista
das, ainda assim, mais merecedoras de visita, lista essa que não chega a ocupar
um terço da página. Quanto à expectativa
de ser convidado de uma família portuguesa, nem vale a pena o esforço:
"The tourist who may take letters of recommendation to any Portuguese
family must never for a moment expect to be asked to dinner, such an invitation
being exceedingly rare"; tão raro é o convite quanto uma cave bem
fornecida de vinhos ou uma biblioteca: "it would be almost as rare to find
two dozen bottles of wine in a house as it would be to discover so many
books" (XXXI).
Redime-se o autor, ainda que só em parte, com a
secção dedicada à língua, que principia, esclarecendo: "It is a common but
most erroneous opinion that Portuguese is merely a corrupted dialect of
Spanish, whereas the two are of equal antiquity and neither derivable from the
other" (XXXI). Passa de imediato a referir, não sem notável perspicácia:
"The two nations, rivals in this as in everything else, mutually reproach
each other with the harsh points in their respective tongues"(XXXI). Os portugueses ridicularizam as guturais, bem
como o ciciado de "Tharagotha" para "Saragossa". Os
espanhóis, por seu turno, riem-se da profusão de ditongos nasais. Ambicionando alguma imparcialidade o autor
acrescenta: "It must be confessed that such a termination constantly
repeated is a weak point in a language which, but for this, might vie in
harmony with any in Europe". Tendo
afirmado que não pode ombrear com as restantes línguas europeias, reconquista o
autor, ainda assim, o coração luso quando afirma: "At the same time, a
comparison of such words as filho in
Portuguese with hijo in Spanish will
at least prove that the latter has even worse sounds that the so-much-derided ões" (XXXI). À referência a algumas
palavras de origem árabe "absurdly ridiculed by Spaniards", segue-se
uma menção aos autores portugueses e ao seu garboso orgulho nos verbos
"ser" e "estar", cuja "exquisite delicacy" não se
cansam de gabar, bem como nas palavras "which they say are inexpressible
in any other language", a saber, para além da já previsível saudade: "geyto",
"menino", "mavioso", ou "rosicler"! Quanto aos diminutivos portugueses, afirma o
autor terem "great force", explicando todo o caminho desde
"cabra branca", passando por "cabrito" e
"cabritinho" até ao, pasme-se: "cabritinho
branquinho". No tocante à
pronúncia, é variada contrariamente ao que se diz, atribuindo-se, junto à
fronteira a norte, ao "ch": "the same harsh sound that we give
it in English, thus, tchaves, tchumbo" (XXXII); no Minho "vinho bom
or binho vom" são a mesmíssima coisa, ao passo que junto à Galiza,
"mom", "pom", e "com" são "almost
universal" para mão, pão e cão.
Anuncia-se, ainda, uma muito útil lista de vocabulário, porque, como
assevera o autor: "It is almost useless for any one not acquainted in some
degree with the language to think of travelling in Portugal" (XXXII) pois,
como acrescenta, com a excepção de Lisboa e do Porto, "neither English nor
French will be of the slightest assistance", nem tão pouco a língua
espanhola, mesmo junto à fronteira.
A antepenúltima secção é votada às ordens militares
e religiosas, responsáveis pelos edifícios mais interessantes. Às de S. Bento d'Aviz, Ordem de Cristo, Torre
e Espada, Santiago de Espada e N.S. da
Conceição de Vila Viçosa, da Ala de S. Miguel, da Frecha, da Madre Silva e dos
Namorados, dedicam-se breves parágrafos, às restantes uma tabela com a data em
que se instalaram no reino, o número de mosteiros, conventos e a identificação
da "Principal House".
A penúltima secção, misteriosamente intitulada
"Books", é afinal dedicada aos viajantes "procuring rare and
curious books" (XXXIV). Contudo, as
dificuldades com que depara tal empreendimento são consideráveis: preços
astronómicos ("enormous"), livreiros pouco interessados em vender ou
trocar exemplares, mesmo que os tenham à meia-dúzia, "rotten or
worm-eaten", surgindo a melhor oportunidade na Feira da Ladra, em Lisboa,
ou em feiras de província. Espanta-se,
contudo, o autor perante a criatividade e a multiplicidade temática do que se
encontra à venda: "The extraordinary and out-of-the-way learning amassed
in proof of extravagant positions, or in the investigation of most unimportant
questions, is truly astonishing" (XXXV). E passa a exemplificar: se a
baleia que engoliu Jonas passou ao largo do Cabo da Boa Esperança, ou não, e se
tal eventualidade poderia ter retirado brilho aos feitos gloriosos de Vasco da
Gama.
Na secção final, intitulada "General
View", apresenta-se uma súmula de toda a introdução ao volume, como
convém. Novamente o autor aproveita para
advertir o viajante, a que chama "tourist", desde a primeira frase:
"He must be prepared for the worst accommodation, the worst food, and the
greatest fatigue, and he must not expect much that can interest in the way of
architecture, ecclesiology, or the fine arts". Contudo, apressa-se a
acrescentar: "But to one who is in pursuit of scenery, more especially to
the artist, no other country in Europe can possess such attractions and such
freshness of unexplored beauty" (XXXV).
Portugal oferece-se, portanto, neste guia não como destino de uma
"viagem filosófica do Iluminismo", ou de uma "viagem educativa
por excelência", coleccionadora de visitas "emocionalmente
neutra[s]" a "galerias, museus e outras instituições da 'alta
cultura' "; mas sim como promessa de uma "viagem romântica, vista
como a viagem em busca do sentido da existência através da contemplação das
paisagens sublimes e apelando à sensibilidade" (Lousada 2010: 66).
Destina-se este "Handbook", portanto, ao viajante, ao
"traveller" pertencente às elites, a que o título alude; ainda não se destina ao turista. Com este
propósito e destinatário em vista, e tentando fazer jus ao que, convocando as
palavras de outrem, o autor defende ser "the matchless scenery of this
physical paradise" (à beira mar plantado, acrescentamos mecanicamente), é
com as belas palavras de Southey que termina a introdução do Handbook for Travellers in Portugal, e
este artigo, descritivo de um olhar britânico oitocentista sobre Portugal,
destino de viagem (mas ainda não de turismo), também:
"I have actually felt a positive pleasure in
breathing there; and even here, the recollections of the Tagus and the Serra de
Ossa, of Coimbra, and its cypresses, and orange-groves, and olives, its hills
and mountains, its venerable buildings and its dear river, of the vale of
Algarve, the little islands of beauty in the desert of Alemtejo, and above all
of Cintra" (- he should have said Ponte do Lima or Monchique - ) "the
most blessed spot in the habitable globe, will almost bring tears to my
eyes." (XXXV)
Bibliografia
"Caxton's English". Versão electrónica disponível
em: http://www.bl.uk/treasures/caxton/english.html; acesso 30 Setembro 2010.
"História da FLUL". Versão electrónica disponível
em: http://www.fl.ul.pt/varios/historia_flul.htm; acesso 30 Setembro 2010.
"John Mason Neale" in: Oxford Dictionary of National Biography. versão electrónica:
http://www.oxforddnb.com/; citada em:
http://www.ccel.org/cceh/archives/eee/neale.htm; acesso 30 Setembro 2010.
Costa, Leonildo de Mendonça e (1907). O manual do viajante em
Portugal: com itenerários da viagem em todo o paiz e para Madrid, Vigo,
Sant'Iago, Salamanca, Badajoz e Sevilha. Lisboa: Typ. da Gazeta dos Caminhos de
Ferro.
Lousada, Maria Alexandre e Pires, Ana Paula (2010). Viajar, viajantes e turistas à descoberta de
Portugal no tempo da I República. Catálogo da Exposição. Comissão Nacional
para as Comemorações do Centenário da República - CNCCR com Parceria Oficial do
Turismo de Portugal, IP. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda. Sítio Web
disponível em: http://viajar.centenariorepublica.pt/ ; acesso em 30 de Setembro
de 2010.
Lousada, Maria Alexandre Lousada (2010). "Viajantes e
turistas. Portugal, 1850-1926." Viajar,
viajantes e turistas à descoberta de Portugal no tempo da I República.
Catálogo da Exposição. Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da
República - CNCCR com Parceria Oficial do Turismo de Portugal, IP. Ed. Maria
Alexandre Lousada e Ana Paula Pires. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda.
65-73.
Martins Pereira, Gaspar (s.d.). "Porto: um vinho com
história." Versão digital disponível em:
http://www.ivdp.pt/pagina.asp?codPag=9&codSeccao=1&idioma=0 ; acesso em
30 Setembro 2010.
Neale, John Mason (1855). Murray's Hand-book for Travellers
in Portugal. With a Travelling Map. London: John Murray.
Ortigão, Ramalho (1876). As Praias de Portugal: Guia do
Banhista e do Viajante. Porto: Magalhães e Moniz.
Ortigão, Ramalho (1875). Banhos
de Caldas e Águas Minerais. Porto: Magalhães e Moniz.
(1989) Oxford English
Dictionary. 2nd
ed. prepared by J.A. Simpson and E.S.C. Weiner. Oxford: Oxford University
Press.
The John Murray Archive. Disponível em:
http://digital.nls.uk/jma/index.html; acesso 30 Setembro 2010.
Texto publicado em volume:
Assis Rosa, Alexandra. 2013a.
“Portugal para inglês ver: Murray’s Handbook
for Travellers in Portugal, 1855.” In “A Scholar for all Seasons.”
Homenagem a João de Almeida Flor, editado
por Carlos Viana Ferreira et al., 117-130. Lisboa: CEAUL.
[1] Agradeço a Sofia e João Afonso Moniz Galvão o
empréstimo do volume sobre o qual versa este artigo.
[2] John Murray III (1808-1892), editor de David
Livingston, Samuel Smiles, Sir Charles Lyell e Charles Darwin, lançou em 1836
esta colecção de grande sucesso, na sequência das suas próprias viagens pelo
continente europeu, vindo a contar com a colaboração de Thomas Cook, John
Ruskin, William Ewart Gladstone ou Felix Mendelssohn. Seu pai, o editor John
Murray II (1778-1843), terá sido responsável pelas tertúlias que Sir Walter
Scott baptizou como "Murray's 4 o'clock friends" e estiveram na
origem do Athenaeum Club, fundado em
1824. Entre os autores publicados por
John Murray II, destacam-se Jane Austen, Maria Rundell e Lord Byron. John
Murray III, Charles Dickens e William Ewart Gladstone contribuíram de modo
decisivo para a defesa legal dos direitos de autor, através de leis de
"copyright". (vide
http://digital.nls.uk/jma/topics/publishing/handbooks.html ; acesso 30 Setembro
2010). De acordo com informação disponibilizada pela British Library e pelo Dictionary
of National Biography, o volume é da autoria de J. M. Neale, ou seja John
Mason Neale, (1818-1866), padre anglicano, académico, tradutor e autor de obras
variadas, a quem se associa a fundação, em 1839, da Cambridge Camden Society, que daria lugar à Ecclesiological Society, em Londres, bem como à fundação da St. Margaret's Sisterhood, no início da
década de 1850.
[3] Veja-se, a este propósito, o Catálogo da
Exposição Viajar, viajantes e turistas à
descoberta de Portugal no tempo da I República (Lousada e Pires 2010).
Interessantemente, a primeira edição de 1855 do volume Handbook for Travellers in Portugal, da editora de John Murray,
constitui a primeira entrada da cronologia sobre o turismo em Portugal, que o
catálogo apresenta.
[4] Todas as citações à introdução
da obra em análise serão identificadas somente com o número de página, para
evitar interromper a leitura.
[5] Interessante é que o autor não recorde, a
este propósito, uma história, contada
por Caxton, no prefácio a Eneydos,
onde refere uns mercadores que, navegando no Tamisa, e dando à costa em Kent,
por falta de vento, lá pretendem comprar, precisamente, ovos: "And
specyally he axyed after eggys. And the good wyf answerde that she coude speke
no frenshe. And the marchaunt was angry for he also coude speke no frenshe but
wold haue hadde egges and she vnderstode hym not. And thenne at laste a nother
sayd that he wolde haue eyren. Then the good wyf sayd that she vnderstood hym
wel" (vide: http://www.bl.uk/treasures/caxton/english.html; acesso 30
Setembro 2010).
[6] Só a terceira edição revista, de 1864,
consultável em books.google.com, refere o "powerful Douro wine",
"the very best red wine in the world, at least for people who live in a
climate like that of England. (152), no capítulo dedicado a "Entre Douro e
Minho".
[7] Como se lê em texto intitulado "História
da FLUL": "Por lei de 1911 eram instituídas em Portugal três
universidades, Coimbra, Lisboa e Porto, sendo a primeira referida como
reformada e as outras duas como novas. O texto introdutório da lei omitia assim
o facto de a primeira etapa da universidade portuguesa, entre 1288-1290 e 1537,
ter decorrido, na sua maior parte, na cidade de Lisboa." (vide
http://www.fl.ul.pt/varios/historia_flul.htm; acesso 30 Setembro 2010). O texto introdutório da lei de 1911 omite,
mas, interessantemente, o volume de John Murray não.
Alexandra Assis Rosa
CEAUL - Faculdade de Letras - Universidade de Lisboa
Maravilha!
ResponderEliminar