«A diretora Maria Clara Escobar se propõe a realizar um documentário sobre
seu pai, o filósofo e dramaturgo Carlos Henrique Escobar, preso e torturado
durante a ditadura militar e autoexilado em Portugal. Autor de mais de 30
livros, entre filosofia, poesia e ensaios, Carlos se recusa a fazer o filme
proposto por Maria Clara. Maria Clara não quer fazer o filme a que seu pai se
dispõe. Os dias com ele se dará no agenciamento desse embate.
O filme foi realizado em duas viagens a
Portugal, a primeira de quatro meses, a segunda de dois meses, “e um método
mais automático do que resultado de uma reflexão” – observa Maria Clara –, “ele
usando a construção das palavras e eu, o aparato da câmera. Ele repetindo um
método de construir e eu, um de desconstruir. O que retrata e o retratado. O
que olha e o que é visto. E, por que não, dentro dessa mesma lógica de relação
de poderes negociados e apropriação de sua matéria, o que é pai e a que é
filha. Repetimos muitas vezes este procedimento; e de maneira estranha, através
da repetição, íamos nos aproximando e conhecendo pouco a pouco as armadilhas de
cada um e talvez as armadilhas em que cada um estivesse preso”. »
(aqui)
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