domingo, 25 de março de 2018

Diálogo de génios.

Intercomunicador de tipo clássico, modelo «Alô, Herberto? Aqui valter»
Do lado de lá, um deus com minúscula
Do lado de cá, um pequeno palhacito

 
 
 
Teve um poema em que dialogava com Herberto Helder. É um deus?
É verdade... O Herberto Helder foi para mim das figuras mais iluminantes do mundo e vivi com a ansiedade de o poder conhecer. Mas o Herberto não era acolhedor. Cheguei a falar com ele por telefone umas duas vezes e até lhe bati à porta - teria uns 26 anos -, e falámos pelo interfone. Não abriu a porta nem me quis receber. Disse que só queria apertar-lhe a mão e ter o privilégio de olhar a cara dele uma única vez; recusou e disse que não desceria nem abriria a porta. Depois disso, disseram-me que estava sempre num café, mas achei que não me competia aproximar mais dele. Foi o que fiz, deixei-me estar. Magoou-me e vai magoar-me a vida toda o facto de ele não ter tido normalidade suficiente para me cumprimentar, mesmo que continue a ser uma personagem divina no meu universo.
 
Valter Hugo Mãe, entrevista ao Diário de Notícias, aqui
 

1 comentário:

  1. «Magoou-me e vai magoar-me a vida toda o facto de ele não ter tido normalidade suficiente para me cumprimentar»



    quão imbecil pode ser um estereótipo?

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