19.
No
período final da sua vida, Katsushika Hokusai pintou em 1845, quatro anos antes
de morrer, um painel com duas ondas, conhecidas por «onda masculina» e
«onda feminina».
Enquanto
em A Grande Onda o ponto de vista do
observador, rente ao oceano, leva-o a ser totalmente envolvido por mar, aqui é-se
colocado no centro da própria vaga
monstruosa, ou seja, levado a uma outra dimensão, entrando num túnel de azul
profundo, como se refere no livro editado por Timothy Clark e que serviu de
catálogo à grande exposição sobre Hokusai patente em 2017 no Museu Britânico
(cf. Hokusai. Beyond the Great Wave,
Thames & Hudson-The British Museum, 2017, pp. 306ss).
Se
à Grande Onda já foi associado o
símbolo e o conceito taoista do Yin-yang, como se referiu na Nota 14, talvez
seja aqui que ele adquire maior expressão
Segundo
algumas interpretações, as ondas de Hokusai – em particular, estas duas –
remetem para outro conceito da filosofia chinesa e da espiritualidade taoista, o «Fim Supremo» ou «Final Supremo» (taikyoku, Taiji), um estado potencial indiferenciado e absoluto de onde todas as coisas emanam ou têm a
sua origem. É desse estado de unidade original que provém, depois, a dualidade
entre o Yin e o Yang.
A onda feminina
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A onda masculina
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