segunda-feira, 5 de março de 2018

Notas sobre A Grande Onda - 19

 
 
 
 

19.
 
No período final da sua vida, Katsushika Hokusai pintou em 1845, quatro anos antes de morrer, um  painel com duas ondas, conhecidas por «onda masculina» e «onda feminina».
 
Enquanto em A Grande Onda o ponto de vista do observador, rente ao oceano, leva-o a ser totalmente envolvido por mar, aqui é-se colocado no centro da própria  vaga monstruosa, ou seja, levado a uma outra dimensão, entrando num túnel de azul profundo, como se refere no livro editado por Timothy Clark e que serviu de catálogo à grande exposição sobre Hokusai patente em 2017 no Museu Britânico (cf. Hokusai. Beyond the Great Wave, Thames & Hudson-The British Museum, 2017, pp. 306ss).   
 
Se à Grande Onda já foi associado o símbolo e o conceito taoista do Yin-yang, como se referiu na Nota 14, talvez seja aqui que ele adquire maior expressão
 
Segundo algumas interpretações, as ondas de Hokusai – em particular, estas duas – remetem para outro conceito da filosofia chinesa e da espiritualidade taoista, o «Fim Supremo» ou «Final Supremo» (taikyoku, Taiji), um estado potencial indiferenciado e absoluto de onde todas as coisas emanam ou têm a sua origem. É desse estado de unidade original que provém, depois, a dualidade entre o Yin e o Yang.

 


A onda feminina, à esquerda, e a onda masculina, à direita
 


A onda feminina
A onda masculina



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