39.
Na era da reprodutibilidade técnica, para usar um conceito de Walter Benjamin
a que se regressará nestas Notas sobre A Grande Onda, são inúmeros e
inabarcáveis os desdobramentos que, nos mais diversos suportes, têm sido feitos
de A Grande Onda, de Katsushika
Hokusai.
John Cederquist
|
O escultor e artesão norte-americano
John Cederquist (Altadena, Califórnia, 1946)
tem utilizado a imagem de Hokusai nos seus trabalhos de madeira, nomeadamente
em móveis ou objectos utilitários (v.g., tabuleiros de cozinha) que, através de
uma apurada técnica de trompe l’œil e
de hiper-realismo, transmitem ao observador uma sensação ilusória de
tridimensionalidade e de profundidade por vezes desconcertante.
A
obra de Cederquist está representada em diversas colecções de prestígio, como a
do Smithsonian Art Museum ou a do Mint Museum of Craft and Design, e foi
galardoada com alguns prémios, como o Award of Distinction da The Furniture
Society, em 2010 (para uma lista das colecções em que Cederquist está
representado, bem como das exposições que tem feito e dos prémios atribuídos,
ver a sua página na Internet, aqui,
sendo também interessante a entrevista que concedeu no âmbito do projecto
American Art Oral History Program, aqui).
Praticante
de surf, a influência do imaginário japonês e da obra de Hokusai em particular
é assumida por Cederquist e anotada pelos comentadores da sua obra, como
sucedeu com Roberta Smith que, nas páginas do The New York Times de 27 de Abril de 2001, afirmou que os seus
trabalhos «join the traditions
of European marquetry and Japanese lacquerware».
A marca de A Grande
Onda é evidente na série de tabuleiros produzida em 2006-2007 e intitulada
This is Not Lunch, com realce para «Special Delivery from Japan» e para «Wave
Tray».
No
mobiliário, algum dele inspirado em Hiroshige, salienta-se as cadeiras «Tsunami Tsidechair» e «Couchabunga», bem como os armários «Tubular» ou «Little Wave», devendo ainda
referir-se alguns armários da série Kimononos (aqui).
Tsunami Tsidechair
|
O influente crítico de arte Arthur C. Danto enalteceu vivamente o trabalho de Cederquist, sendo autor do catálogo The Art of John Cederquist:Reality of Illusion (Oakland, Oakland Museum of California, 1997) e tendo elogiado «the clever and enchanting cabinetry of John Cedarquist [sic]» no seu importante livro After the End of Art. Contemporary Art and the Pale of History (Princeton, Princeton University Press, 1997, p. 137).
Interessantíssimo, original e bonito trabalho o de Cederquist!
ResponderEliminar