quarta-feira, 25 de abril de 2018

Notas sobre A Grande Onda - 53

 



53.

 

         São escassas e contraditórias as informações existentes sobre a tiara «Grande Onda», da joalharia parisiense Boucheron, fundada em 1858 por Frédéric Prudent Boucheron  (1830-1902) no nº 150 da Gallerie de Valois, no Palais Royal, tendo-se mudado em 1893 para a antiga residência da condessa de Castiglione no nº 26 da Place Vendôme, onde permanece até hoje.

 
Frédéric Boucheron (1830-1902)



         As afinidades visuais com A Grande Onda são flagrantes e é incontroverso que esta peça de diamantes se inspirou directamente na xilogravura de Katsushika Hokusai.

   
     


         A informação disponibilizada em Tiara’s: A History of Splendour, de Geoffrey C. Munn, considerada a obra de referência deste domínio (cf. esta breve recensão),   limita-se a dizer que esta tiara, «provavelmente inspirada na Grande Onda de Hokusai», foi criada em 1910 pelo ourives Coulot para a empresa Boucheron e que se desconhece o seu paradeiro. De igual modo, não se conseguiu obter informação adicional sobre Coulot.
 

         De acordo com o blogue «The Royal Order of Sartorial Splendor», «a tiara utiliza as pedras preciosas, bem como os espaços adjacentes, para criar um design assimétrico de ondas que rebentam e se erguem a partir da sua base».






 
Tiara Vague, circa 1901
 
 

      Outro blogue, «Jewels du Jour», depois de assinalar a escassez de informação existente sobre esta peça na Internet, data-a de cerca 1910 e assume que a sua fonte de inspiração foi A Grande Onda de Kanagawa (aqui e mais recentemente aqui).
 
        É também interessante atentar no texto «As Jóias Antigas (e Poderosas!) da Boucheron», com informação suplementar sobre outras peças da firma parisiense presentes em exposições internacionais de finais do século XIX e do início do século XX (ver também a informação disponibilizada aqui). A Boucheron conquistou uma medalha de ouro na Exposição Universal de 1867, um grande prémio na de 1878, uma medalha de ouro e um grande prémio na de 1900 e um grande prémio na Exposição Colonial de 1931.  

Louis Boucheron na Índia, 1909



         A informação disponibilizada pela Boucheron, que facultou o acesso aos seus arquivos a Geoffrey Munn e a Vincent Meylan (autor de Archives secrètes Boucheron: de 1858 à nos jours, Paris, Éditions Télémaque, 2009), refere que duas peças da casa são directamente inspiradas na arte japonesa, as tiaras Vague e Pluie, mas afirma que ambas foram elaboradas na década de 1920 e não no decénio anterior, como é sustentado por Geoffrey Munn (ver a página oficial da Boucheron, aqui).

 
A loja Boucheron, 1903
 
A loja Boucheron, 1900


         Mais recentemente, a Boucheron lançou a colecção Rives du Japon e um relógio inspirado em A Grande Vaga, de que se falará numa próxima Nota.
 

 


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