O
BrainPickings é das melhores coisas
que há na Internet, mas não o frequento com a assiduidade que devia. Felizmente,
há pessoas amigas, como a Joana Delgado, que me trazem notícias desse país
maravilhoso, sabendo de antemão aquilo
que costuma aparecer aqui no Malomil. Tenho falado algumas vezes de sexismo e
machismo na publicidade, e não só, e agora surge pela frente um livro
estranhíssimo. Publicado em 1970 – ou seja, em tempos bem avançados –, I’m Glad I’m a Boy, I’m Glad I’m a Girl,
de Whitney Darrow, Jr. surpreende por reproduzir os estereótipos mais arcaicos
e ultrapassados, de tempos em que os rapazes eram pilotos e as raparigas
hospedeiras, eles eram médicos e elas enfermeiras, os homens eram fortes e as
mulheres graciosas. Mas tudo sugere que Whitney Darrow, Jr., um humorista fino
e esclarecido, queria, no fundo, no fundo, fazer uma sátira a um statu quo em mudança. Porventura, terá
levado a sua subtileza longe demais. Em todo o caso, o resultado final é tão
absurdamente retrógrado que dá para desconfiar… Mas também é certo que ninguém
se atreveu a reeditá-lo, talvez com receio da brigada do politicamente
correcto. Irónico ou não, o livro bem merecia nova edição, seja como denúncia
arguta do machismo remanescente, seja como expressão grosseira de uma mentalidade
decadente. Obrigado, Joana!
António Araújo
Há-de ser reeditado e se não for esse será outro, porque preconceito é não reconhecer que não diz mentiras :-) Qual foi a grande invenção feita por uma mulher? Já tiverem tempo, porra. Digam o nome de uma compositora que tenha marcado a história da música (pode ser do séc. XX ou XXI e não, não vale dizer intérpretes, nem maestrinas). Não, não sou machista, o governo, por exemplo devia ser constituído exclusivamente por mulheres. Não conheço políticas que roubem, já político e ladrão é quase sinónimo.
ResponderEliminarGostei; boys can eat, girls can cook!
ResponderEliminarQuanto ao hajapachorra, assim de repente lembrei-me da compositora do século XII Hildegard de Bingen e na mesma época a excelente política, a rainha Leonor de Aquitânia. Mas tenho uma teoria que espero não seja machista. As mulheres e os homens são idênticos na capacidade de criar, mas a quem incumbiu durante séculos a criação dos filhos não lhes sobrou o tempo que aos homens era em demasia: é que um filho faz-se em dois, três minutos, agora criá-los...!
"brigada do politicamente correto"? É o António Araújo que vem fazendo relatórios do machismo e sexismo na publicidade, dando aqui também umas palmaditas no autor das ilustrações. Faz bem. Não é brigada do politcamente correto, é mesmo mostrar parvoices que, esperemos, não voltam.
ResponderEliminarEste livro parece o Manuel Braga da Cruz a dizer que as famílias têm de ter sempre um papá macho e uma mamã fêmea. Tudo o resto é retrocesso civilizacional.
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