sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Jogos florais.




 
 
 

 
 
 
 
 
 




Durante algum tempo, não sei se muito, se pouco, um casal inglês já entradote nos anos foi fotografado em frente à sua casa. Faz mesmo lembrar American Gothic, de Grant Wood, sobre o qual um dia destes ainda me ponho a escrever aqui, assim tenha eu tempo. Mas nem sei se o farei, pois o tempo cansa – o tempo, cansa. 

Em cada uma das estações do ano, uma imagem, ou várias. Ao que parece, mas não há certezas, quem as tirou foi o fotógrafo Ken Griffiths, e foram publicadas no The Sunday Times em 1973. A sequência termina subitamenteE a última imagem, curiosamente, é a mais invernosa. Se repararem, o casal não envelhece muito e a mulher está sempre, mas sempre, na mesma posição, levemente inclinada para a direita. Mudam os tempos, muda a indumentária e as estações do ano no jardim floral. Mas eles, homem e mulher, feitos casal, permanecem iguais. Nos rostos, a expressão inexpressiva do amor possível – ou, pelo menos, do propósito inquestionado de envelhecerem juntos. A vontade, forjada pelo tempo, de morrerem assim: primeiro, um; depois, o outro. O que, provavelmente, aconteceu. Há muito ou  pouco tempo, isso já nem sei.





Depois de publicado este «post» (ou «posta» ou o que o valha), mandaram-me Isto. A última imagem da série, previsivelmente feita de luz e sombra. Veio de longe ou de perto, aqui, aí.

Obrigado, S.







5 comentários:

  1. Este tipo de posts dão-me uma estranha sensação sobre o tempo e o esquecimento com que o mundo se digere a si mesmo, semelhante à que sinto quando leio W.G. Sebald. Isso ocorre-me aqui, no seu blogue, e no blogue "sombras de alguém"....

    Renato

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    1. Obrigado pelas suas palavras. Já tinha uma vez referido aqui o «Sombras de Alguém»:
      http://malomil.blogspot.pt/2013/07/sombras-de-alguem.html
      Cordialmente, votos de Bom Ano,
      António Araújo

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  2. Respostas
    1. Eu é que agradeço, se me permite...
      Cordialmente, votos de Bom Ano,
      António Araújo

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  3. E pronto.
    Um partiu, o outro não tardará a seguir o mesmo caminho, a saudade mata muito depressa.
    Foi assim com os meus Pais.

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