segunda-feira, 2 de março de 2020

A importância do café (parte 1).






Esta semana há aqui um batalhão de gente qualificada a servir cafés – não desfazendo dos empregados da Sandro 2000. Podiam ser servidos à razão de 3-4 por dia, tamanha é a galeria de colossos que se habilitou expressa ou cimbalinamente a fazê-lo para nosso obséquio.

Arriscariam, todavia, a interferir com a filosofia da quietude que é a desta rubrica. O café sempre é uma substância psicoativa excitante. Há, pois, que ser comedida.

A importância do café é tal que Bach lhe consagrou uma cantata profana. Sim, esse Bach, o Johann S. da Paixão Segundo S. Mateus; o Bach de quem Emil Cioran dizia “se existe alguém que tudo deve a Bach, esse alguém é Deus”.

Pois nessa cantata, a do café, canta-se coisas como: “se não puder beber a minha chávena de café três vezes ao dia, então no meu tormento acabarei encarquilhado como um pedaço de cabrito assado”.

Em suma: em Bach há as cantatas de Deus, as cantatas do Príncipe, e a cantata do Café. Não é preciso dizer mais nada.

A abrir, Peggy Lee. São bem precisas umas quantas bicas para despertar da hipnose que é a voz desta criatura.




Manuela Ivone Cunha





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