Por incompetência ou má-fé.

Ventura Terra não queria que o edifício fosse vendido. A Universidade de Lisboa colocou o edifício à venda em hasta pública.

O edifício tinha uma placa da época a anunciar a doação a Belas Artes.

As imagens mostram o que aconteceu à placa.

Questionado pelo jornal Público, o Magnífico Reitor da Universidade de Lisboa disse, e citamos, que «a placa não foi destruída, mas sim retirada».

Se é assim que se retiram placas no Instituto Superior Técnico ficamos esclarecidos quanto à excelência da licenciatura em engenharia do Senhor Magnífico.

Ou o Magnífico Reitor não sabia do que estava a falar quando falou a um jornal.

Ou, pior, mentiu descaradamente.

Por incompetência ou por má-fé, o Magnífico esteve mal. E, como tal, deveria ponderar retirar-se de Magnífico, como a placa do Ventura Terra. Porque isto, sinceramente, destruiu-o – a ele e à sua credibilidade como reitor de uma universidade digna desse nome.   

O que esperamos nós em multidão no Fórum?

Os Bárbaros, que chegam hoje.

Dentro do Senado, porque tanta inacção?

Se não estão legislando, que fazem lá dentro os senadores?

É que os Bárbaros chegam hoje.

Que leis haveriam de fazer agora os senadores?

Os Bárbaros, quando vierem, ditarão as leis.

Porque é que o Imperador se levantou de manhã cedo?

E às portas da cidade está sentado,

no seu trono, com toda a pompa, de coroa na cabeça?

Porque os Bárbaros chegam hoje.

E o Imperador está à espera do seu Chefe

para recebê-lo. E até já preparou

um discurso de boas-vindas, em que pôs,

dirigidos a ele, toda a casta de títulos.

E porque saíram os dois Cônsules, e os Pretores,

hoje, de toga vermelha, as suas togas bordadas?

E porque levavam braceletes, e tantas ametistas,

e os dedos cheios de anéis de esmeraldas magníficas?

E porque levavam hoje os preciosos bastões,

com pegas de prata e as pontas de ouro em filigrana?

Porque os Bárbaros chegam hoje,

e coisas dessas maravilham os Bárbaros.

E porque não vieram hoje aqui, como é costume, os oradores

para discursar, para dizer o que eles sabem dizer?

Porque os Bárbaros é hoje que aparecem,

e aborrecem-se com eloquências e retóricas.

Porque, subitamente, começa um mal-estar,

e esta confusão? Como os rostos se tornaram sérios!

E porque se esvaziam tão depressa as ruas e as praças,

e todos voltam para casa tão apreensivos?

Porque a noite caiu e os Bárbaros não vieram.

E umas pessoas que chegaram da fronteira

dizem que não há lá sinal de Bárbaros.

E agora, que vai ser de nós sem os Bárbaros?

Essa gente era uma espécie de solução.

C.P. Cavafy

(Tradução: Jorge de Sena; fonte: aqui)