Esta crónica é dedicada à minha aluna Olga Serbyn,
adepta
do Dínamo de Kiev.
Fonte: http://fhi360.net/br/noticias/Barcelona-bate-Real-Madrid-e-se-isola-ainda-mais-na-liderana-do-Espanhol-20150322-0014.HTML |
Domingo foi dia do
clássico: Barcelona vs. Real Madrid. E, uma vez mais, o espectáculo não
desiludiu. Desde logo pelo ambiente do estádio, a extraordinária moldura humana
e «coreografia» de 98 000 adeptos. O jogo foi vibrante tendo o Real uma melhor
primeira parte e o Barcelona a sua «vingança» na segunda. Para quem possa ter
dúvidas sobre a popularidade do confronto entre estas duas equipas os números
são inequívocos: audiência televisiva de 400 milhões de pessoas. Para além dos
ingredientes históricos e culturais e da rivalidade entre Leo Messi e Cristiano
Ronaldo este era um jogo que podia dar aos catalães quatro pontos de avanço no
campeonato espanhol. E assim foi.
Mas este clássico é também importante para percebermos a
qualidade e o domínio das equipas espanholas no futebol europeu. Thierry Henry colocou este jogo ao nível das finais do Campeonato do Mundo e
da Liga dos Campeões. E ainda na «ressaca» da derrota do Manchester City face
aos catalães para a Liga dos Campeões Gary Neville fazia a comparação entre el
clásico e outro no mesmo domingo: Liverpool vs. Manchester United. E
concluía que embora o clássico inglês teria certamente muito espectáculo (dentro
e fora das bancadas) ficaria muito longe da qualidade técnica e táctica das
equipas espanholas.
Fonte: http://www.telegraph.co.uk/sport/football/competitions/premier-league/11485907/Gary-Neville-We-must-arrest-this-decline-in-our-game-and-stop-the-super-agents-taking-our-top-clubs-for-mugs.HTML |
Entre os muitos problemas apontados por Neville neste
excelente artigo há um que é destacado: o fosso entre o «custo» dos jogadores e
treinadores e o «retorno» a nível europeu. Sem dúvida que a Premier League continua a ser a «liga
milionária» e o último contrato televisivo confirmou isso mesmo (cerca de 5 biliões de libras por três
épocas a partir de 2016-2017!) mas será o campeonato onde se pratica o melhor
futebol a nível europeu? Esta discussão tem como pano de fundo os recentes oitavos-de-final
da Liga dos Campeões e da Liga Europa nos quais todas as equipas inglesas foram eliminadas. Pelo contrário as três
equipas espanholas passaram à fase seguinte da Liga dos Campeões (embora os
merengues e os colchoneros tenham apanhado um susto).
Na Liga dos Campões o Chelsea e o Arsenal não foram
superiores às equipas francesas do PSG e do Mónaco e os Citizens foram derrotados pelos Culés.
Foram vitórias diferentes e a mais evidente foi esta última. Em ambos os jogos
o Manchester City nunca conseguiu verdadeiramente discutir o resultado. E a
partida em Camp Nou foi um «show de bola» dos jogadores da equipa catalã. Messi
teve um jogo que nos fez questionar se ele não é um extraterrestre. Pep
Guardiola nas bancadas não conseguia conter o espanto e o seu enorme orgulho.
Fonte: http://www.independent.co.uk/sport/football/european/thierry-henry-psg-deserved-to-win-in-paris-and-they-deserved-to-win-at-stamford-bridge-too-veratti-bossed-the-midfield-10102198.html
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O duelo mais emocionante foi entre as equipas das
capitais francesa e inglesa. No segundo jogo o Chelsea tinha claramente a
vantagem do golo fora e tudo pareceu ainda mais encaminhado com a expulsão da
estrela da companhia, Zlatan Ibrahimovic, à meia-hora de jogo. Mas foi a jogar
com dez que o PSG foi capaz de dar a volta. Foi um jogo que teve tudo: momentos
de quase batalha campal; nervos à flor da pele; uma péssima arbitragem de Björn
Kuipers (uma de muitas); um erro infantil de Thiago Silva que dá um penalty; um
grande golo de David Luiz contra a sua ex-equipa; e a redenção final de Thiago
Silva com o segundo golo. Foi impressionante ver o meio-campo do PSG e em
particular Marco Verratti muito bem acompanhado por Blaise Matuidi e Thiago Motta.
Foi unânime entre os comentadores que Verratti liderou a equipa. Mas
o que fez a diferença foi o inconformismo dos franceses face à complacência do
Chelsea que não soube liderar o jogo.
Fonte: http://www.standard.co.uk/sport/football/arsenal-boss-arsene-wenger-admits-he-is-hurting-after-monaco-defeat-10074802.HTML |
E a grande surpresa veio do Mónaco. Leonardo Jardim teve
que reinventar uma equipa sem os seus dois craques: James e Falcão. Tem todo o
mérito e a sua táctica para vencer o Arsenal foi brilhante. A equipa londrina
perdeu claramente a eliminatória em casa porque pensava que ia ser fácil. Há
muito tempo que eu não via um jogo em que o domínio táctico de uma equipa fosse
tão avassalador. Ou como disse Leonardo Jardim: «o Arsenal não mostrou o respeito que nós merecíamos». A
eliminação dos Gunners é mais uma
acha para a fogueira de quem pensa que o ciclo de Arsene Wenger chegou ao fim.
Parece-me mais do que evidente que é preciso um novo líder e uma estratégia.
Mas Wenger não concorda.
E para reforçar a ausência de equipas inglesas nas
competições europeias o Everton na Liga Europa foi a Kiev perder por cinco
bolas a duas com um golaço de Antunes. Aliás se olharmos para as oito equipas
da Liga dos Campeões apenas uma não é
latina: o Bayern de Munique. E a Juventus volta a estar entre as oito melhores
equipas europeias com um Tévez que atravessa um excelente momento de forma. Mas
os argumentos italianos vão muito mais longe e foi toda a equipa que não deu ao Dortmund qualquer hipótese. Allegri
está de parabéns pois foi capaz de relançar La
Vecchia Signora.
O sorteio para os quartos-de-final ditou alguns jogos
especialmente interessantes como é o caso do derby madrileno ou a reedição da fase de grupos entre o PSG e o
Barça. Na Liga Europa destacaria o Wolfsburg-Nápoles que junta duas das
melhores equipas em prova. Aliás o Wolfsburg tem feito um excelente campeonato como
demonstra o seu segundo lugar e é um prazer ver jogar o nosso Vieirinha, o
suíço Rodríguez e o belga De Bruyne.
Fonte: http://www.bbc.com/news/world-europe-30436752 |
Mas as minhas últimas palavras vão para o Shakhtar
Donetsk. Sem dúvida que a derrota por 7-0 em casa do colosso bávaro foi muito
dura mas ainda assim vale a pena olharmos para esta equipa ucraniana. Se é
certo que o fosso de qualidade entre as duas equipas é inegável também é
verdade que este é um clube que joga literalmente longe de casa, ou seja, a
cerca de mil e duzentos quilómetros em Lviv. E relembro-me que quando jogou «em
casa» o campeão ucraniano obrigou o Bayern a um empate e a um jogo que foi tudo
menos fácil.
E, como podemos ver, o seu estádio, tal como o território
oriental da Ucrânia, não têm sido poupados pela guerra. O futebol não é alheio
ao que se passa no mundo mesmo quando os europeus fazem de conta que a guerra
na Ucrânia Oriental não existe.
Volto daqui a quinze dias.
Raquel Vaz-Pinto
Raquel Vaz-Pinto, não vejo qualquer referência ao FCP neste seu artigo. Não digo isto por qualquer clubite ou "só-porque-sim", mas como explicar então a ausência do FCP se aborda os quartos de final da Champions (o FCP apurou-se) e se aborda a circunstância de este ano a esmagadora maioria das equipas ser "latina" (idem duas vezes, tanto mais que o treinador é "latino"), com um único outsider (o Bayern)? Também se refere às questões económicas e aqui, embora numa vertente mais subjetiva, também valia a pena uma palavra que fosse ao facto de um clube de um país periférico como o nosso e com um orçamento pequeno, quando em comparação com os outros colossos. Cumprimentos João Castro
ResponderEliminarCreio que a autora no primeiro post "avisou" que como benfiquista não seria isenta.Tambem pensei na altura que se referia apenas ao campeonato indígena mas como vê é mais profunda a falta de isenção.Paciencia.
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