Fotografia de José Medeiros
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Agora que o
Rio comemora os seus 450 anos, poderíamos lembrar o que a cidade tem e oferece,
o pior e o melhor.
A culpa não é do Rio, mas de quem não
o soube ver. O filme Rio, Eu Te Amo é
um pavor de película. A série tem vindo a declinar: começaram por Nova Iorque,
bem, depois foram a Paris, já mais tosco. Aplicada ao Rio de Janeiro, a fórmula
resulta em desastre. Não há cliché
carioca que lá não esteja, as histórias vão-se cruzando sem nunca ganharem
sentido, uma trapalhada nos trópicos. Sobram as paisagens, deslumbrantes.
Talvez um pouco previsíveis e postaleiras, mas sempre de estarrecer. Pontuação
final: péssimo.
Em
compensação, viajou até Lisboa uma exposição que vi em Berlim. Revisitada na
Gulbenkian, continua na mesma: poderosa e soberba. Quatro grandes fotógrafos –
José Medeiros, Marcel Gautherot, Hans Günter Flieg, Thomaz Farkas – em modernidades. Tem o Rio, mas não só. Já falámos aqui de José
Medeiros, a propósito de uma retrospectiva patente no BES Arte. Dos quatro
fotógrafos agora em exibição na Gulbenkian, Medeiros foi o único que nasceu no
Brasil; tudo o mais é adoptivo. Numa iniciativa do radioso Instituto Moreira Salles, iremos ter Modernidades: Fotografia Brasileira (1940-1964) até 19 de Abril. Já foi notícia de jornal, aqui e aqui, por ex.,
pelo que não vale a pena adiantar muito mais.
Em contrapartida, notícia de um
livro fabuloso, que um amigo grande carregou pelo Brasil inteiro para me
trazer até Lisboa. Estranhamente, inexplicavelmente, escandalosamente, não
é possível comprá-lo deste lado do Atlântico. Publicado pela Fundación Mapfre
e pela Editora Objetiva, é coordenado por Boris Kossoy e dirigiudo por Lilia Moritz Schwarcz. A não perder, por nada
do mundo. Chama-se Um Olhar sobre o Brasil. A fotografia na construção da imagem da nação, 1833-2003. É de
peso, o monumento.
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