Fotografias de António Araújo
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Tem-se falado no Malomil, vezes sem conta, de
estatuária política monumental. Sobretudo a do Leste ou, se quiserem, dos antigos países
comunistas. Foi perto de Gdansk que eclodiu a 2ª Guerra Mundial, facto marcado
por um memorial fálico gigantesco em Westerplatte, onde hoje as famílias vão passear,
gozando os relvados e o sol.
Westerplatte, fotografia de António Araújo
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Não é muito comum visitarem o Posto dos Correios
da cidade, que tem uma história trágica, como tantos e tantos lugares da
Polónia. Em 1 de Setembro de 1939, os alemães atacaram a sede dos Correios. Os
carteiros resistiram, heroicamente. Depois de cercarem o edifício, os nazis decidiram incendiá-lo, com os ocupantes
no seu interior. Cá fora, ouviam-se os gritos dos resistentes (e a história é muito mais dramática do que aqui a conto). Por fim, às sete da
manhã, após catorze horas de cerco, os carteiros renderam-se. No momento em que
erguia a bandeira branca, em sinal de rendição, o director dos Correios foi
abatido sem piedade. Os nazis não respeitaram as Convenções de Genebra, não
atribuíram aos carteiros de Gdansk o estatuto de prisioneiros de guerra. Os 39 sobreviventes às chamas foram
condenados à morte – e executados de imediato.
Em 1979, foi erguida uma estátua, ao gosto soviético, bastante metálica, da autoria do escultor local Wincenty Kucma. Durante 52 anos, ninguém soube onde era o local em que os heróicos carteiros de Gdansk tinham sido enterrados. Só em 1991, durante umas obras, se
encontrou a vala comum onde os seus corpos tinham sido sepultados.
Não vale a pena maçar os leitores com
imagens do pequeno museu que ainda hoje é visitável na cidade de Gdansk. Apenas
uma fotografia ou ou outra da estátua inaugurada em 1979. Não se trata de uma
obra esmagadora, mas ainda assim vale a pena mostrá-la, em agradecimento ao
Francisco Teixeira da Mota, que me mandou uma imagem curiosíssima de uma
fantástica estátua monumental que a imaginação de João Hermano Baptista (1901-1971) fantasiou
colocar no cimo da Serra da Estrela, entre esquiadores intrépidos.
Não sei se alguém pensou concretizar este
projecto. Estátua de Viriato conheço apenas a do Fontelo, em Viseu. Mas, durante
o Estado Novo, houve ambições de estátuas grandiosas – ao Infante D. Henrique,
por exemplo. Se alguém souber mais alguma coisa desta estátua a Viriato na
Serra da Estrela, a gerência de Malomil agradecia a informação.
Com um abraço ao Ico,
António Araújo
Estes textos e imagens são preciosos. Aprendo muito aqui. Muito obrigado.
ResponderEliminarSe me permite, eu é que agradeço as suas palavras, tão simpáticas e incentivadoras.
EliminarCordialmente,
António Araújo
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