Que a China
produz muito lixo, já todos sabíamos. Que a China nos vende o seu lixo,
embaratecido graças ao dumping social
e ambiental que pratica, também não é novidade para ninguém. Chama-se a isso
«comércio livre» ou «livre comércio». Continuo sem alcançar, na minha estupidez
de estúpido, como é que ainda não se percebeu que uma das causas maiores da
crise económica que o Ocidente atravessa – e atravessará – decorre do facto de
ter um parceiro comercial e industrial que beneficia de uma enorme vantagem, pois não cumpre as mesmas exigências de respeito pelo ambiente, pelos
direitos humanos, por condições laborais dignas, etc, etc.
Falei aqui há uns tempos da tara perdida dos irmãos Collyer, que acumularam tudo o que havia para acumular num apartamento
de Nova Iorque. Agora, chega-nos a notícia de outro seguidor do culto tralheiro,
um idoso residente em Qingdao. Não sendo grande, Qingdao também não é uma
cidade pequena, como diria o almirante Tomás. Tem cerca de 2,5 milhões de
habitantes, entre os quais este idoso muito apegado às suas coisinhas. Um
pormenor final: a casa só foi limpa e esvaziada porque o filho do idoso-acumulador o convenceu a darem uma volta, um passeio de algumas horas. No
entrementes, uma equipa aligeirou a carga arrecada durante anos num
bloco de apartamentos situado nas margens do Mar Amarelo. Na Península de Shandong, que,
sendo península, é um braço de terra rodeado por água por todos os lados, menos
por um. O mundo é um lugar estranho.
(obrigado, Pedro, por esta história tão sínica)
António Araújo
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