Eládio na Udmúrtia.

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Importante conceito que o meu amigo Miguel me apresentou há anos: o euro-foleirismo. Existe, de facto, um foleirismo específica e totalmente europeu. Inconfundível no seu europeísmo foleiroso. Exemplo: os concursos de danças de salão, com casais alemães de smoking e lantejoulas, muito hirtos, a bailar com afinco rumbas e tangos. Sem falhas. Richard Clayderman, Art Sullivan, a catedral de Reims. E, claro, o Festival da Eurovisão, provavelmente a maior manifestação de foleirismo europeu, a par da versão intelectualizada desse conceito, os tenebrosos Cahiers du cinéma. Antigamente, em noute de Festival, as famílias recolhiam-se no sossego de seus lares, de papel na mão, a apontar as pontuações que o Eládio ditava, fazendo contas de cabeça. Portugal perdia sempre. A informática acabou com isso tudo. Mas o foleirismo europeu, valor ancestral, permanece incólume. A Federação Russa está hoje na vanguarda deste movimento e, no corrente ano, apresenta à Europa uma versão centro de dia dos Abba: as Buranovskiye Babushki, uma girls band composta por oito avozinhas da aldeia de Buranovo, na muito trendy República da Udmúrtia. A música e letra são da autoria das avós homicidas. O resultado é fatídico, e cantado na língua que por lá falam na Udmúrtia (longe da vista, longe da Udmúrtia). O título, muito eslavo: «Party for Everybody». E, se conseguirem ouvir até ao fim os miados destas senhoras udmúrtias, repararão que a melodia é pautada por um apelo maroto ao telespectador: «Come on and dance!». Se a Mme. Tussauds o autorizar, não duvidamos que o nosso Taboas Clímaco  é homem, é muito homem para se abalançar a um pezinho com as frenéticas Buranovskiye Babushki. Todas juntas, as babushkas em presença somarão, no mínimo, 640 anitos. Reparem na fusão: um cenário techno para um rancho folclórico materialista-dialéctico. No vídeo detectam-se os graves, e históricos, problemas de ortodôncia na República da Udmúrtia. Mas não falemos de coisas tristes. Agora, é momento de Party for Everybody.