O que é que O Grito tem? Já todos gritámos assim, pelo menos para dentro.
Por Cláudia Carvalho
Posters, t-shirts, referências em filmes e séries de animação. A imagem de O Grito, de Edvard Munch, está em todo o lado.
Todos a conhecemos, num fenómeno global apenas comparável ao da Gioconda, de Leonardo da Vinci. E agora há os 119,9 milhões de dólares (91 milhões de euros) pagos na quarta-feira no leilão da Sotheby"s, em Nova Iorque, que estabeleceram um recorde absoluto de venda de uma obra de arte em leilão.
O que é que O Grito tem? "Fala por toda a gente, já todos nos sentimos sozinhos e desesperados em algum momento da nossa vida", disse à BBC David Jackson. Segundo este professor de História da Arte Escandinava da Universidade de Leeds, "o impulso de olhar para as coisas que nos incomodam é parte fundamental da condição humana".
Com um ar desesperado, de boca aberta em esgar e as mãos na cabeça, numa ponte com duas pessoas ao fundo, e um horizonte com cores garridas, a figura central do quadro transmite uma angústia que tem atravessado décadas, mantendo-se sempre actual. À época da realização da obra, Munch estaria a retratar o seu próprio estado de espírito, que, como escreveu Jonathan Jones, crítico de arte do britânico The Guardian, vivia infeliz e alienado do mundo por não estar a ser reconhecido pelo seu trabalho. Hoje, facilmente qualquer pessoa se pode identificar com esse estado e, por sua vez, com o quadro.
O psicólogo da Universidade de Reading Eugene McSorley compara o efeito com o suscitado por registos de pessoas em sofrimento. "É muito difícil para as pessoas ignorar estas imagens. Não conseguem desviar o olhar", disse à BBC sobre o quadro que deixou de ser apenas o grito de desespero de Munch para se tornar no grito da modernidade.
Petter Olsen, o norueguês que levou o quadro à praça, vai mais longe na definição da obra e fala do "momento terrível em que o homem percebe o seu impacto na natureza e as mudanças irreversíveis que iniciou". Daí a decisão de o vender ao fim de tantos anos. "Sinto que é o momento para oferecer ao resto do mundo uma hipótese de ter e apreciar este incrível trabalho, que é a única versão de O Grito [das quatro existentes] que não está num museu da Noruega", disse o empresário, cujo pai foi amigo e patrono de Munch, tendo adquirido vários quadros ao artista.
"É preciso saber quando é que temos de largar as coisas", disse à televisão norueguesa NPK o empresário, que, com o dinheiro da venda, vai financiar um novo museu, um hotel e um centro de arte na Noruega.
Sobre o actual comprador nada de sabe, existindo rumores de que poderá ter sido adquirido pela família real do Qatar, que no final do ano passado comprou Os jogadores de cartas de Paul Cézanne por 190 milhões de euros.
O que é que O Grito tem? "Fala por toda a gente, já todos nos sentimos sozinhos e desesperados em algum momento da nossa vida", disse à BBC David Jackson. Segundo este professor de História da Arte Escandinava da Universidade de Leeds, "o impulso de olhar para as coisas que nos incomodam é parte fundamental da condição humana".
Com um ar desesperado, de boca aberta em esgar e as mãos na cabeça, numa ponte com duas pessoas ao fundo, e um horizonte com cores garridas, a figura central do quadro transmite uma angústia que tem atravessado décadas, mantendo-se sempre actual. À época da realização da obra, Munch estaria a retratar o seu próprio estado de espírito, que, como escreveu Jonathan Jones, crítico de arte do britânico The Guardian, vivia infeliz e alienado do mundo por não estar a ser reconhecido pelo seu trabalho. Hoje, facilmente qualquer pessoa se pode identificar com esse estado e, por sua vez, com o quadro.
O psicólogo da Universidade de Reading Eugene McSorley compara o efeito com o suscitado por registos de pessoas em sofrimento. "É muito difícil para as pessoas ignorar estas imagens. Não conseguem desviar o olhar", disse à BBC sobre o quadro que deixou de ser apenas o grito de desespero de Munch para se tornar no grito da modernidade.
Petter Olsen, o norueguês que levou o quadro à praça, vai mais longe na definição da obra e fala do "momento terrível em que o homem percebe o seu impacto na natureza e as mudanças irreversíveis que iniciou". Daí a decisão de o vender ao fim de tantos anos. "Sinto que é o momento para oferecer ao resto do mundo uma hipótese de ter e apreciar este incrível trabalho, que é a única versão de O Grito [das quatro existentes] que não está num museu da Noruega", disse o empresário, cujo pai foi amigo e patrono de Munch, tendo adquirido vários quadros ao artista.
"É preciso saber quando é que temos de largar as coisas", disse à televisão norueguesa NPK o empresário, que, com o dinheiro da venda, vai financiar um novo museu, um hotel e um centro de arte na Noruega.
Sobre o actual comprador nada de sabe, existindo rumores de que poderá ter sido adquirido pela família real do Qatar, que no final do ano passado comprou Os jogadores de cartas de Paul Cézanne por 190 milhões de euros.
Público
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