«Os
poderes que ela detinha tornavam-na, por vezes, inquietante. Contactos com
mortos e extraterrestres, controlo de elementos da natureza, cumprimento de
rituais iniciáticos, eram-lhe irreprimíveis. Entidades de outras dimensões e
planetas, espíritos de mortos e de deuses tinham, exclamava-me, angustiada, “tendência
para baixar” nela. Por isso, nunca estava sozinha em casa.
Em
certas alturas, energias estranhas irrompiam de si, comunicando-se aos que a envolviam
– pessoas, animais, objectos, árvores, águas, nuvens; outras irrompiam sobre
si, dilatando-a, transfigurando-a. Forças indizíveis tomavam-na, tomavam-nos. Tornava-se, então, uma vidente, uma médium de
assombros. Vi-a fazer parar a chuva, retroceder agressores, imobilizar loucos,
animais, crianças, ventos.»
(Fernando
Dacosta, O Botequim da Liberdade. Como
Natália Correia marcou, a partir de um pequeno bar de Lisboa, o século XX
português, Alfragide, Casa Das Letras, 2013, pp. 30-31)
Uma autêntica taumaturga! Este Fernando Dacosta está cada vez pior.
ResponderEliminarQue medo...
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