quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Natália, por Dacosta.

 
 
 


 
«Atravessou o último piso das Amoreiras com indisfarçável curiosidade. À saída perguntou: “este edifício é que é do Tomás Taveira?”
         A razão do seu interesse não estava na arquitectura do centro, mas no frisson do seu autor, nessa altura protagonista de um escândalo sexual de grandes repercussões.
         Natália fora envolvida indirectamente nele, por a magistrada que o apreciava ser assídua no Botequim, onde pedia opiniões e fazia confidências, espicaçando a insaciável gula de Natália.
         Tomás Taveira havia posto um processo judicial contra uma revista que publicara fotos suas em intimidades generosas com raparigas que tentaram chantageá-lo. Uma beleza.
         Natália exultava ante as performances do fogoso arquitecto (a juíza mostrara-nos filmes dos bacanais), passando a defendê-lo e a culpabilizar a “sofreguidão” das partenaires, umas “piranhas, pobre homem!”
         A revista foi condenada a pagar dez mil contos ao queixoso, o que a levou à falência, tendo o bedelho de Natália influenciado a sentença.» 
 
(Fernando Dacosta, O Botequim da Liberdade. Como Natália Correia marcou, a partir de um pequeno bar de Lisboa, o século XX português, Alfragide, Casa Das Letras, 2013, pp. 201-202)
 
 
 
 
 

2 comentários:

  1. Sempre voyeur, o Dacosta! Lembram-se da visualização do filme da adido militar americano? O homem não perdeu uma!

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  2. Fernando Dacosta é um caso perdido de indigência.

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