Mark Rothko
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6 de Setembro
Artur Goulart partilhou numa rede de amigos um
artigo sobre a pressão académica contemporânea de publicar, onde impera a
obsessiva insistência na quantidade[http://www.gpopai.org/ortellado/2012/01/a-fabrica-de-papers/]. Intervim comentando que sentia esse problema muito mais
na Europa do que aqui nos States, pois por estas bandas há hoje uma grande
insistência na qualidade sobre a quantidade e estão há muito
institucionalizados processos de recolha de avaliações que privilegiam
precisamente essa dimensão, a da qualidade. Tendo já por dois períodos de três
anos participado no mais importante comité académico da minha universidade, a
Brown, o Committee on Tenure and Promotions (um grupo de 18 pessoas que
praticamente toma a última decisão sobre etapas-chave da carreira de docentes,
como é o caso da efectivação definitiva - tenure) tenho algum
conhecimento na matéria.
Mas venho ao assunto agora porque hoje
encontrei-me com o meu director de Departamento (cargo rotativo, que eu próprio
ocupei durante uma dúzia de anos). Vinha de um encontro com o Provost, o # 2 da
universidade, quem de facto rege o dia a dia da instituição. Um dos temas que
levava para o encontro era o da contratação de uma segunda secretária que
perdemos por doença. O Provost, que veio recrutado de fora não há muito tempo,
desconhece o historial do nosso Departamento. Ao ouvir a justificação da
necessidade de contratarmos uma segunda secretária porque publicamos quatro
revistas, três delas a cargo de um só indivíduo (este escriba) reagiu sem
conseguir refrear uma dose de irritação: Pode lá ser! Como é que se pode dar
conta disso tudo e assegurar qualidade!
Pois! Tomara ele ver como se trabalha para se
conseguir que as coisas apareçam decentemente feitas! E qualquer colega meu
viria em minha defesa: Se há alguém para ajuizar da qualidade do trabalho
feito, de certeza que não é ele pois nada conhece do campo. De
facto, são os pares quem julga. Ou deve julgar.
De qualquer modo, isto são cá contas minhas e
das belíssimas equipas com que trabalho. Para aqui, a estória serve apenas para
ilustrar o meu comentário na sequência do artigo partilhado pelo Artur Goulart
e que aborda questões centrais nas universidades de hoje, como é esse da
avaliação das publicações.
Onésimo Teotónio de Almeida
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