quarta-feira, 31 de julho de 2019

Hypnerotomachia Poliphili.

 
 











Vamos então soletrar: Hypnerotomachia Poliphili, abreviatura de Hypnerotomachia Poliphili, ubi humana omnia non nisi somnium esse ostendit, atque obiter plurima scitu sanequam digna commemorat.
 
Talvez mais fácil: Batalha de Amor em Sonho de Polífilo. Livro enigmático, à semelhança do Manuscrito Voynich, de que já aqui falámos.
 
Desconhece-se o seu autor, dizendo uns que foi o monge dominicano Francesco Colonna, garantindo outros que foi Leon Battista Alberti, e jurando ainda outros que foi escrito por Lourenço de Médicis. Entendam-se.
 
Quanto ao impressor desta preciosidade, isso não tem dúvida: Aldus Manutius, feito em Veneza em 1499. Do Renascimento, portanto. É referido por Rabelais e diz-se que inspirou os espantosos jardins de Bomarzo, de que já aqui falámos.
 
A trama é complexa, e a personagem principal, Polífilo, procura a sua amada em sonhos, enfrenta deuses e ninfas, seres mitológicos. Há sonhos, muitos. E até um espantoso sonho dentro de um sonho, a que os ingleses chamam dream within a dream (sim, Edgar Allan Poe).
 
Para perturbar as coisas, o livro está escrito em várias línguas: latim, grego, hebraico, árabe e até hieróglifos egípcios.   
 
A narrativa tem sonhos e pesadelos, passagens eróticas, aventuras oníricas, e no final a amada do Polífilo desvanece-se no ar, e ele acorda do sono-sonho. Mas talvez o mais espantoso sejam as suas gravuras, de uma modernidade deslumbrante, mais parecendo uma novela gráfica de nossos dias.
 
E quem pode aborrecer-se, perante coisas como estas?






Bolsou Bolsonaro - 13

 


 
 
(57 mortos na prisão de Altamira, 16 dos quais decapitados)





Portugal, mesmo no Verão, continua sensacional.

 
 
 


terça-feira, 30 de julho de 2019

Bolsou Bolsonaro - 12

 

 
 

Bolsou Bolsonaro - 11






Nos primeiros seis meses da presidência de Jair Bolsonaro, a floresta da Amazónia perdeu mais de 1300 quilómetros quadrados, um aumento de 39% face ao mesmo período do ano passado.

 

O ouro de Salgado (e não é o que estão a pensar)

 
 
 
 








Na Sesc, em São Paulo, «Gold», as imagens avassaladoras de Sebastião Salgado na Serra Pelada. 56 fotografias, 31 das quais inéditas (aqui). E um livro da Taschen, é óbvio.  
 
 
 

segunda-feira, 29 de julho de 2019

A casa de Patrick.





 
O Duarte Vera Jardim, muito versado nestas coisas da Grécia e nestas coisas do Patrick Leigh Fermor, deu-me a boa notícia, recentíssima: a mítica casa do escritor e aventureiro acaba de abrir ao público! Mais informações, aqui.



 


domingo, 28 de julho de 2019

Cães (e gatos) como nós.



Réplica da gruta de Lascaux
 
 
Uma das muitas coisas espantosas que se conta neste A Grande Família Europeia é a seguinte: até há uns anos, julgava-se que a qualidade artística das pinturas rupestres obedecia, digamos, a uma progressão linear e cronológica; primeiro, desenhos mais simples e rudimentares; depois, mais tarde, pinturas mais perfeitas e complexas. Ao que parece, não foi assim: há pinturas extraordinárias, como as da caverna de Chauvet, em França, que são anteriores a outras, menos perfeitas e densas. Ou seja, e como diz a autora, a jornalista de ciência Karin Bojs, na História da Humanidade sempre houve, isso sim, artistas mais talentosos do que outros. É tudo, ou quase tudo, uma questão de mérito individual, de génio. A imbricação entre génio artístico e doença mental é outro dos tópicos abordados neste fascinante livro.
E não só. O livro dedica muitas e boas páginas aos cães. A transformação de lobos em cães, etc., mas também outro dado fascinante: os cães têm uma capacidade de interpretar e ler os seus donos – o que sente, o que pensam, o que desejam num instante – muito superior à de quaisquer outros animais. Mesmo animais com o mesmo tipo ou nível de inteligência dos cães. Simplesmente, esse «dom» – algo parecido com o dom dos pintores de Lascaux ou de Chauvet – manifesta-se de uma forma muito mais vincada nos cães; nos testes, os outros animais nem sequer se aproximam dos valores obtidos pelos canídeos.
Surgiu-me esta informação num dia em que o semanário Expresso noticia que há centenas ou milhares de animais abandonados em Portugal. Proibiu-se o seu abate, o que é de louvar e aplaudir. Simplesmente, e como é timbre nacional, legislar é fácil. Não se previu foi o resto: não há campanhas de esterilização e adopção em larga escala, cerca de metade dos municípios portugueses não têm centros de recolha oficiais de animais abandonados, Só no ano passado, foram recolhidos 36.558 animais errantes (cães e gatos). Ninguém deseja o regresso do abate, a começar pelos veterinários. Mas também ninguém deseja que existam tantos animais abandonados e que no ano passado tenham sido eutanasiados 6425 animais, por estarem doentes ou em sofrimento. É essencial promover a esterilização e a adopção. Essencial!
 






 
 

Edifício Ermita, Cidade do México.

 
 












O Edifício Ermita, uma jóia da arte déco na Cidade do México. Aqui viveu Ramón Mercader, o assassino de Trotsky.