«GECO», um italiano de 27 anos, cobriu Lisboa de tags e grafitos e até foi entrevistado pelo jornal Corvo. «Sou um bomber, quero espalhar o meu nome», disse.
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Estou
a ler um livro esmagador, em todos os sentidos, conteúdo e tamanho, 860 páginas
de ciência pura e dura. Mas vale a pena, muitíssimo. Comportamento, se Robert M. Sapolsky, é uma obra fascinante, de um
rigor absoluto. A dado passo, Sapolsky fala da famosa teoria das «janelas
partidas», de James Q. Wilson e George Kelling, a idea de que se deixarmos uma
janela quebrada isso cria um sentimento de desordem e abandono, que a seguir
vai a portam depois um muro, e num ápice temos um quarteirão inteiro degradado.
A ideia, que aqui se apresenta em versão barbaramente simplificada, foi
celebrizada aquando da gestão camarária de Giuliani em Nova Iorque, e sobre
isso – e sobre as janelas partidas – há outro livro importante, Paradigma Urbano, de Myron Magnet, saído há anos.
O que temos de novo?
Um estudo de Kees Keizer, da
Universidade de Groeningen, na Holanda, que conclui que uma violação às normas
torna as pessoas mais propensas a violar outras normas. Keizer estudou três
situações, uma delas provou que as pessoas lançavam mais lixo no chão quando as
paredes das ruas estão grafitadas. Noutra: as pessoas estão mais inclinadas a
roubar uma nota de cinco euros quando havia espalhado por toda a parte. «Os
efeitos observados foram grandes, com taxas redobradas de comportamentos
condenáveis», diz Sapolsy.
O estudo «The Spreading of Disorder», de Kees
Keizer, pode ler-se aqui, com uma crítica aqui. Ou nas páginas da Science (que não é propriamente uma revista qualquer), aqui.
Parece existir uma base científica,
empiricamente verificável, para afirmar que os grafitos devem ser limpos por
várias razões, mas sobretudo porque induzem o lixo – e o lixo induz outros
comportamentos.
P.S. - há vários meses, solicitei através do Na Minha Rua que fosse limpa uma parede de grafitos na Rua de São Vicente, Em Lisboa. Passaram meses, vários. «Em execução», é o que diz no portal. Meses, quase meio ano.
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