Para os mais desprevenidos, informamos que o livro Femmes de Dictateur, de Diane Ducret, cujo capítulo sobre Salazar constitui um resumo, paráfrase e plágio da obra de Felícia Cabrita Os Amores de Salazar, tem quatro edições europeias: francesa, italiana, castelhana e portuguesa.
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A obra foi amplamente publicitada, tendo sido objecto de recensões em jornais como o espanhol ABCou o francêsLe Figaro, bem como da revista L’Express – e só para citar alguns exemplos. A obra tem merecido ainda comentários laudatórios em diversos lugares da Internet, como aqui ,aqui, ou aquiou ainda aqui.
Prosseguindo o nosso périplo pelas analogias entre as obras de Felícia Cabrita (FC), Os Amores de Salazar, e de Diane Ducret (DD), Mulheres de Ditadores,com base nas edições de 2006 e de 2011, respectivamente, vejamos:
FC - «Um dia (…), por provocação ou por desconhecimento do carácter da colega, diz a Felismina que no Porto se tinham feito várias prisões e que ele escapara por um triz. Mas não demorava muito para o ensaísta estar atrás das grades» (p. 113)
DD - «Um dia, por provocação ou desconhecimento do carácter da sua colega, diz a Felismina que foram feitas várias prisões no Porto, que ele escapou por pouco, mas que não tardará a encontrar-se atrás das grades» (p. 158).
FC - «É amante do teatro e está ao corrente de concertos e recitais que se organizam em Coimbra» (p. 69)
DD - «Frequenta o teatro, assiste a concertos» (p. 160)
FC - «que se passeava de sombrinha e com um papagaio numa gaiola» (p. 69)
DD - «que muitas vezes se passeava com uma sombrinha e com um papagaio numa gaiola» (p. 160)
FC - «ele fez a corte à sua prima Maria Laura e às raparigas que no seu salão recebiam lições de piano» (p. 69)
DD - «prefere (…) fazer a corte à sua prima, Maria Laura, tal como às suas alunas» (p. 161)
FC - «olhos verdes, rasgados» (p. 162)
DD - «imensos olhos verdes, quase globulosos» (p. 162)
FC – «A mulher, Laura, levara uma gravidez atribulada e, passados dois anos da filha nascer, não resiste às sequelas do parto» (pp. 81-82)
DD – «A sua mulher, Laura, tinha tido uma gravidez cheia de complicações e morreu dois anos após o nascimento de Maria Laura» (p. 162)
FC - «No leito, enquanto espera o fim, pede à sua melhor amiga, Maria da Conceição Castanheira, irmã de Glória Castanheira, que case com o marido e lhe ampare os filhos» (p. 82)
DD - «No leito de morte, ela pediu à sua melhor amiga, Maria Castanheira, irmã de Glória, para não deixar a sua filha órfã, que se casasse com o seu esposo» (p. 162)
FC - «aprende o francês na perfeição. Discorre sobre literatura com grande à-vontade» (p. 82)
DD - «é capaz de falar de literatura com facilidade e em francês» (p. 162)
FC - «Laura tem 21 anos e acabara de se comprometer com um comerciante do Porto» (p. 82)
DD - «A jovem de 21 anos acaba de ficar noiva de um comerciante do Porto» (p. 162)
FC - «António (…) estava habituado a facilidades» (p. 82)
DD - «António (…) é a primeira vez que esbarra numa recusa feminina» (p. 162)
FC - «Enfrentando o défice com mão de ferro, vai equilibrando o orçamento. Congelamento de salários, cortes na função pública, classes médias empobrecidas, proletários na miséria» (p. 87)
DD – «Fazendo face ao défice com mão de ferro, vai gerir as finanças do país como gere os seus amores: congelamento dos salários, cortes na função pública, empobrecimento das classes médias e dos proletários são aceites» (p. 163)
FC - «uma casa acanhada e sem luz» (p. 87)
DD - «numa casa estreita e escura» (p. 163)
FC - «Laura (…) não tivera filhos, e também os anos pareciam namorá-la, vincando-lhe a beleza» (p. 87)
DD - «Maria Laura não teve filhos e os anos parecem fazer triunfar a beleza dos seus traços» (p. 163)
FC – «o agora poderoso “Troca-tintas” adorava o seu cheiro a perfume caro» (p. 87)
DD - «o agora muito poderoso “sedutor” adora o seu perfume de luxo» (p. 163)
FC - «Desta vez, a mulher não recuou aos seus avanços» (pp. 87-88)
DD - «Desta vez, ela não recuará perante os seus avanços» (p. 163)
FC - «Maria Laura passa a entrar sem fazer-se anunciar na casa do ministro» (p. 88)
DD - «Maria Laura começa a frequentar o ministério, ao ponto de poder entrar sem se fazer anunciar» (p. 163)
FC - «a seu pedido, decora-lhe o apartamento» (p. 88)
DD - «A pedido de António, ela redecora o seu modesto apartamento» (p. 163)
FC - «Torna o sofá da sala mais acolhedor com quatro almofadas de linho, onde borda uns corações alvejados pelas setas do Cupido» (p. 88)
DD - «Dispõe sobre o canapé do salão quatro almofadas de linho sobre as quais borda dois corações trespassados pelas flechas de Cupido» (p. 163)
FC - «Um dia, depois do expediente, Salazar entra em casa com um enorme embrulho. (…) E os dois, de joelhos no tapete, desfazem o pacote. Muito mais tarde (…) ela contará a cena ao embaixador Brito e Cunha» (p. 88)
DD - «Ao voltar um dia do ministério, Salazar encontra-a com um pacote. E ambos, de joelhos no tapete, desfazem a embalagem misteriosa. Muito mais tarde, ela contará a cena ao governador do Porto, Brito e Cunha» (p. 163)
FC - «Desatados os nós, do embrulho saiu um candeeiro de ferro forjado que terminava em cone, com quatro vidros martelados, das cores das várias fases do dia: azul-escuro de breu, branco, laranja e amarelo» (p. 88)
DD - «uma vez desfeitos os nós, apareceu uma lanterna em ferro forjado com quatro vidros martelados das cores dos diferentes momentos do dia, azul-escuro, branco, laranja e amarelo» (p. 163)
FC - «Ele sai da sala e volta munido de martelo, um alicate, um prego e uma chave de parafusos» (p. 88)
DD - «Ele saiu em seguida do salão e voltou munido de um martelo, de uma pinça, de um prego e de uma chave de fendas» (p. 163)
FC - «Rodou o candeeiro, de maneira a que a face de vidro amarelo ficasse inclinada para o rosto da amante» (p. 88)
DD - «virou a lanterna de modo a que o vidro amarelo ficasse inclinado sobre o rosto da sua amante» (p. 163)
FC - «Passeava com toda a liberdade na companhia do ministro das Finanças» (p. 89)
DD - «já não se constrange em aparecer publicamente de braço dado com o ministro das Finanças» (p. 164)
FC - «Olhe adeus, fique-se com as suas fonices» (p. 89)
DD - «Adeus, fica com a tua avareza» (p. 164)
FC - «uma saída airosa para dele se escapar» (p. 89)
DD - «uma saída honrosa para esta ligação» (p. 164)
FC - «que se tornara milionário e levava uma vida de estalo» (p. 89)
DD - «tornou-se milionário e leva uma vida de lorde» (p. 164)
FC - «Eduardo acusa-a de ter vários amantes» (p. 89)
DD - «Eduardo acusa-a de ter vários amantes» (p. 164)
Foi recentemente publicada entre nós, sob a chancela da Casa das Letras, a obra Mulheres de Ditadores (tradução de Oscar Mascarenhas, revisão de Fernando Milheiro).
A autora, Diane Ducret, foi antiga aluna da Sorbonne e da École Normale Supérieure, sendo descrita na badana do livro como «historiadora, filósofa e jornalista». Apresentou o Forum de l’Histoire no Canal História e, segundo a sua nota biográfica, «realiza documentários culturais e é radialista de programas dedicados à História». Diz-se ainda que é «bem conhecida do mundo dos media».
De acordo com a Wikipedia, obteve um grau em Filosofia, na Sorbonne, sendo alvo de felicitações de Bernard-Henri Lévy, e tendo defendido uma mémoire com o título La modernité scientifique et la pensée du transcendental chez Husserl. Depois, obteve um DEA na mesma especialidade, abordando o tema La mort comme critique de la totalité: lecture de L’Étoile de la Rédemption de Franz Rosenzweig. Posteriormente, realizou um Magistére de Philosophie Contemporaine na École Normale Supérieure.
Diane Ducret
«Diane Ducret, poliglota, colaborará depois na realização de documentários históricos na France 3 para o programa Des racines et des ailes e, em 2009, apresentou Le Forum de l’Histoire, no Canal História. Em Janeiro de 2011, publicou o seu primeiro livro, nas edições Perrin. Participa ainda na Europe 1, como comentadora habitual da emissão On va s’gêner, de Laurent Ruquier», informa ainda a Wikipedia. Poderá obter mais informação junto da sua agente, Catherine Davray, aqui. .
Edição francesa (Perrin, Janeiro de 2011).
O livro da sua autoria já foi traduzido para o italiano (Le donne dei dittatori, Garzanti, 2011) e, agora, para português. Encontra-se prevista, para 2012, a saída de um segundo tomo de Femmes de Dictateur. A obra inclui, quer na edição original francesa, quer na edição italiana, um capítulo sobre António de Oliveira Salazar.
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Edição italiana (Garzanti, 2011)
Sucede, porém, que o capítulo sobre Oliveira Salazar (não analisámos os restantes), além de ser, do princípio ao fim, um mero resumo de Os Amores de Salazar, de Felícia Cabrita (queDiane Ducret, sublinhe-se, cita como fonte), contém, em diversos trechos, paráfrases ou plágios do livro de Felícia Cabrita, já referido neste blogue, aqui.
Os Amores de Salazar, de Felícia Cabrita
Sem mais delongas e, por ora, sem preocupações de exaustividade, vejamos algumas flagrantes analogias entre os livros de Felícia Cabrita (FC) e de Diane Ducret (DD). Iremos referir as páginas das edições de 2006 da obra de Felícia Cabrita (Lisboa, A Esfera dos Livros) e de 2011, de Diane Ducret (Alfragide, Casa das Letras):
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FC – «Um dia soltou os cabelos, o sol atravessou a densa cabeleira que parecia um braseiro» (p. 33)
DD – «(…) solta com um gesto de desafio a sua cabeleira, deixando o sol atravessá-la e animá-la como um braseiro» (p. 145)
FC – «Hermínia, a irmã mais velha, trazia então na ideia fazer-se religiosa e andava na intimidade das Irmãs do Sagrado Coração de Maria» (p. 34)
DD – «Hermínia, a sua irmã mais velha, pensa tornar-se religiosa e vive na intimidade das Irmãs do Coração de Maria» (p. 145)
FC – «ouve uns passos que se acertavam com os seus» (p. 35)
DD – «ouve passos que se confundem com os seus» (p. 146)
FC – «ele passa e tira o chapéu num galanteio» (p. 35)
DD – «cruzando-se com ela (…), descobre-se galantemente» (p. 146)
FC – «E ela (…) responde ao cumprimento» (p. 35)
DD – «Ela responde à saudação» (p. 146)
FC – «voltou a rapar-lhe a porta» (p. 36)
DD – «vai bater-lhe levemente à porta» (p. 146)
FC – «Estava já com 23 anos e (…) andava sempre triste» (p. 38)
DD – «Apesar dos seus 23 anos, uma expressão de tristeza parece nunca deixar o rosto da nostálgica Marta» (p. 147)
FC – «O rapaz acatou a decisão sem se rebelar, mas a bem da verdade, nunca teria vocação para seguir Cristo» (p. 31)
DD – «António, que pouca vocação religiosa teve até então, responde ao pedido desta mãe preocupada» (p. 148)
FC – «Aos sábados à tarde, passa a acompanhar a amiga nas visitas ao irmão» (p. 39)
DD – «Aos sábados de tarde, ela acompanha a sua amiga na visita ao irmão» (p. 148)
FC – «(…) levam-lhe marmelada e castanhas assadas» (p. 39)
DD – «Leva-lhe todas as semanas bolinhos e castanhas assadas» (p. 148)
FC – «Retira o cartão do bolso e coloca-o nas suas mãos. Marta precipitou-se para a folha para que o lessem as duas ao mesmo tempo. Mas o irmão coloca-se a seu lado, fazendo de biombo, de maneira a que só Felismina se inteirasse do seu conteúdo» (p. 39)
DD – «António passou um bilhete à linda professora. Marta, curiosa, tenta ler por cima do ombro. Ele precipita-se a interpor-se. Só ela pode ler» (p. 148)
FC – «estava disposto a mudar o seu futuro, queria formar família» (pp. 41-42)
DD – «está quase a mudar os seus planos de vida e quer fazer família» (pp. 148-149)
FC – «(…) a rapariga, que viu naquela confissão uma declaração pecaminosa» (p. 42)
DD – «Ela vê nesta confissão uma declaração de culpa» (p. 149)
FC – «O moço estava no primeiro ano de Teologia, dedicava-se ao sacerdócio» (p. 42)
DD – «ele segue um curso de teologia, prepara-se para o sacerdócio» (p. 149)
FC – «Felismina (…) esconde o rosto para que não a veja corar e retira-se a tremer» (p. 42)
DD – «Ela esconde a cara para que ele não possa vê-la corar, antes de fugir a correr» (p. 149)
FC – «Timidez? Cálculo?» (p. 42)
DD – «Será timidez? Cálculo?» (p. 149)
FC – «Através de outro seminarista faz chegar a Felismina uma encomenda» (p. 42)
DD – «Através de um outro seminarista, consegue fazer chegar uma encomenda à ruiva» (p. 149)
FC – «(…) reconhece a sua linda letra» (p. 42)
DD – «Ela reconhece a letra de Salazar» (p. 149)
FC – «confiava-lhe os mais ardentes desejos do seu coração» (p. 42)
DD – «que lhe confessa os seus desejos mais ardentes» (p. 149)
FC – «recorrendo a metáforas: “A vida do lavrador é mais bela. (…)”» (pp. 42-43)
DD – «usando as metáforas mais rebuscadas para incitá-la à vida comum» (p. 149)
FC – «teme as artimanhas do demónio e mostra-lhe frieza» (p. 43)
DD – «teme as ciladas do demónio e opta pelo distanciamento» (p. 149)
FC – «ferido no orgulho masculino» (p. 43)
DD – «ferido no seu orgulho» (p. 149)
FC – «fazia salamaleques a tudo o que fosse rabo de saia» (p. 44)
DD – «faz cada vez mais olhinhos às outras raparigas» (p. 149)
FC – «No fim do ano escolar» (p. 45)
DD – «No fim do ano lectivo» (p. 150)
FC – «Era a primeira vez que viajava de comboio e era a primeira vez que ficava longe da asa protectora da família» (p. 45)
DD – «E a primeira vez que viaja sozinha» (p. 150)
FC – «Foi toda a viagem receosa» (p. 45)
DD – «Vai ansiosa todo o trajecto» (p. 150)
FC – «quando se apeou, e ninguém a esperava» (p. 45)
DD – «ninguém está à sua espera» (p. 150)
FC – «vê sair da gare a correr, com o guarda-sol aberto» (p. 46)
DD – «vê aparecer Salazar, de guarda-chuva na mão» (p. 150)
FC – «A mãe, o pai, as quatro irmãs de António, mimaram-na de tal forma que se sentiu em família» (p. 46)
DD – «A mãe, o pai e as quatro irmãs de António recebem-na como sendo da família» (p. 150)
FC – «com apenas 17 anos já era o senhor da casa» (p. 46)
DD – «Ele tem 17 anos, mas é já o responsável pela casa» (p. 150)
FC – «Nos passeios pelo campo, caminham de mão dada» (p. 46)
DD – «passeios de mão dada pelos campos» (p. 150)
FC – «guardados por Maria do Resgate» (p. 46)
DD - «sob o olhar de Maria do Resgate» (p. 150)
FC – «enlaça-a pela cintura» (p. 46)
DD – «agarra Felismina pela cintura» (p. 150)
FC – «Em que haveria no mundo uma senhora como a senhora» (p. 47)
DD – «Que havia no mundo uma mulher como tu» (p. 151)
FC – «Oh!» (p. 47)
DD – «Oh!» (p. 151)
FC – «“Por diz oh! Sempre?”. E ela voltou-lhe as costas para não ter de responder» (p. 48)
DD – «Porque dizes sempre oh?”. Ela volta-lhe as costas sem responder» (p. 151)
FC – «Como castigo foi, durante o mês de Setembro, aprender a bordar com as Irmãs Franciscanas» (p. 49)
DD – «Como castigo, terá de passar o mês de Setembro a bordar na casa das irmãs franciscanas» (p. 151)
FC – «Em 1906, novamente no dia 5 de Outubro, António voltava ao seminário» (p. 49)
DD – «Em 1906, novamente a 5 de Outubro, Salazar está de regresso ao seminário» (p. 151)
FC – «Felismina é finalmente colocada em Mouramorta» (p. 53)
DD – «Felismina volta para o ensino em Moura Morta» (p. 152)
FC – «ordena-lhe que ponha termo à relação. O que ele parece acatar» (p. 57)
DD –«pede-lhe que ponha termo a esta relação. O que ele faz» (p. 152)
FC – «E António (…) mostrava-se terno» (p. 56)
DD – «António mostra-se terno» (p. 152)
FC – «De novo, Felismina é convidada para Santa Comba» (p. 59)
DD – «De novo convidada, nesse verão, para Santa Comba» (p. 152)
FC – «começavam as primeiras peguilhas» (p. 63)
DD – «é o tempo das primeiras discussões» (p. 153)
FC – «Nas mãos levava um belo ramo de violetas, para quem seria?» (p. 63)
DD – «com um ramo de violetas na mão. A quem se destinam?» (p. 153)
FC – «Traz já outra na mira» (p. 63)
DD – «tem uma outra mulher debaixo de olho» (p. 151)
FC – «Bom partido» (p. 63)
DD – «Um bom partido» (p. 153)
FC – «a rapariga escangalha-se a rir» (p. 63)
DD – «Hermínia (…) ri-se das suas frases» (p. 153)
FC – «último morgado da família Perestrelo» (p. 153)
DD – «último descendente da poderosa e respeitada família Perestrelo» (p. 153)
FC – «o prestígio desta família abre-lhe outras portas» (p. 64)
DD – «O prestígio desta família benfeitora abre-lhe portas» (p. 154)
FC – «Os católicos organizam-se e reagem ao anticlericalismo da República» (p. 64)
DD – «os católicos insurgem-se contra o anticlericalismo da jovem república» (p. 154)
FC – «Aí vai firmar amizades» (p. 64)
DD – «onde cria amizades fiéis» (p. 154)
FC – «emagrecera uns quilos, o que lhe acentuou os olhos profundos e encovados» (p. 64)
DD – «as suas feições macilentas acentuam-lhe a profundidade do olhar» (p. 154)
FC – «Toma-lhe a mão e passa-a pelas suas costas» (p. 65)
DD – «segura-lhe a mão e passa-a pelo fundo das suas costas» (p. 154)
FC – «Ele mostra-se indiferente, apressa o passo para se libertar» (p. 65)
DD – «Ele fica indiferente, e apressou o passo para libertar-se» (p. 154)
FC – «Nos três anos seguintes, enquanto António, em Coimbra, abria alas na estreita escadaria do sucesso, Felismina conhecia os rumores da solidão» (p. 65)
DD – «Nos três anos seguintes, enquanto António estuda em Coimbra, Felismina atravessa um dos períodos mais sombrios» (p. 154)
FC – «Escolhe Deus como responsável do seu fado» (pp. 65-66)
DD – «Deus é o culpado ideal da sua infelicidade» (p. 154)
FC – «O padre (…) quis saber quem se ocultava do outro lado» (p. 66)
DD – «O padre (…) quer saber o que está por detrás daquele mal-estar» (p. 154)
FC – «Não havia quem não soubesse em Viseu da sua loucura pelo estudante de Direito, e a sua própria irmã era a primeira a abrir caminho aos falatórios» (p. 66)
DD – «Ninguém em Viseu ignora a sua paixoneta pelo estudante de direito e a sua própria irmã é a primeira a alargar-se em mexericos» (p. 155)
FC – «cravava as unhas na pele até sangrar» (p. 66)
DD – «crava por vezes as unhas na pele até fazer sangue» (p. 155)
FC – «No Verão de 1912, os tormentos de Felismina atingem o seu auge» (p. 66)
DD – «Numa noite do verão de 1912, os seus tormentos atingem o apogeu» (p. 155)
FC – «como se a morte tivesse entrado pela janela» (p. 67)
DD – «a morte entrou pela janela» (p. 155)
FC – «na sua cabeça uma voz sussurrava-lhe» (p. 67)
DD – «Na sua cabeça, uma voz sussurra» (p. 155)
FC – «Mas, a voz da tia Nascimento que acordou com o rumor, jogou-lhe a mão naquele momento de azougo» (p. 67)
DD – «Mas a voz da sua tia, que acordou, recondu-la à realidade» (p. 155)
FC – «Na manhã seguinte, levantou-se cedo e olhou-se ao espelho (…). Envelhecera uns poucos de anos» (p. 67)
DD – «No dia seguinte de manhã, Felismina olha-se ao espelho e tem a impressão de ter envelhecido vários anos» (p. 155)
FC – «confidencia-lhe que perdera a fé» (p. 67)
DD – «confessa-lhe ter perdido a fé» (p. 155)
FC – «Este, muito admirado, disse-lhe: “Ah! O Salazar passou também uma crise semelhante.”» (p. 67)
DD – «Ele ficou espantado e conta-lhe que Salazar atravessou uma crise similar» (p. 155).
FC – «Com Felismina, tenta manter correspondência» (p. 67)
DD – «Tenta manter uma correspondência (…) com Felismina» (p. 155)
FC – «A encomenda dela cruzava-se com uma carta do lente de Coimbra» (p. 68)
DD – «O seu correio cruza-se com uma outra carta enviada por Salazar» (p. 155)
FC – «quer saber se ela ainda o ama» (p. 68)
DD – «Ele quer saber se ela ainda o ama» (p. 155)
FC – «Felismina, que se tornara poderosa na vida política de Viseu, transforma-se numa das suas informadoras» (p. 111)
DD – «Felismina tornou-se uma das informadoras mais rigorosas do patrão do Estado Novo, fazendo dela uma das pessoas mais poderosas da vida política de Viseu» (p. 157)
FC – «Era a primeira mulher a alcançar o posto de inspectora escolar» (p. 111)
DD – «é a primeira mulher a ocupar o lugar de inspectora escolar» (p. 157)
FC – «não havia (…) outra autoridade que se aguentasse no lugar sem o seu beneplácito» (p. 111)
DD – «Não há nenhuma autoridade que se mantenha sem o seu acordo» (p. 157)
FC – «era ela quem mandava no distrito e era com ela que o ditador se aconselhava nas horas mais difíceis» (p. 111)
DD – «a sua influência alarga-se a toda a região e é junto dela que ele vem pedir conselhos nos momentos mais difíceis» (p. 157)
FC – «A correspondência com Salazar é diária» (p. 111)
DD – «A correspondência com Salazar torna-se quotidiana» (p. 157)
FC – «a inspectora dá-lhe conta de tudo o que acha suspeito» (p. 111)
DD – «a inspectora conta-lhe tudo o que lhe parece suspeito» (p. 157)
FC – «A mulher tornara-se azeda e litigante» (p. 111)
DD – «Tornou-se amarga e vindicativa» (p. 157)
FC – «Considera que o ensino caíra numa grande e aconselha Salazar a acabar com as Escolas Normais (…). O que aliás ele fez» (p. 111)
DD – «Considerando que o ensino caiu muito baixo, aconselha Salazar a acabar com as escolas normais, o que ele aceitou e fez» (p. 157)
FC – «O primeiro-ministro agradece-lhe os cuidados e espicaça-a para que se torne sua informadora» (p. 112)
DD – «O presidente do Conselho agradece-lhe os cuidados e incita-a a dar-lhe mais informações» (p. 157)
FC – «E ela torna-se, naquelas paragens, uma acérrima propagandista do salazarismo» (p. 112)
DD – «Felismina torna-se a mais feroz propagandista da ideologia salazarista» (p. 157).