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sexta-feira, 24 de julho de 2020

Sarah Hegazy (1989-2020).








Todos nos lembramos desta Mariana de Paris em Maio, a greve dos estudantes. A imagem veio-me à memória ao ver outra Mariana, Sarah Hegazy. Com uma diferença: por ter desfraldado uma bandeira com o arco-íris, Sarah foi presa e torturada. Em 1968, com todos os males que tinha e tem, França era uma democracia. Em 2020, o Egipto é uma ditadura. E mais não digo. Bom fim-de-semana.






sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

O rino d'Orsay.





 
         Em Março de 2017, uns selvagens entraram no zoo de Thoiry, nos arredores de Paris, e deram três tiros na cabeça do rinoceronte Vince  e mataram-no. Depois, serraram-lhe o corno e levaram-no. O rinoceronte Vince tinha quatro anos e não há palavras para descrever um gesto como aquele. «Nunca houve um caso semelhante num jardim zoológico da Europa», disse o director do zoo de Thoiry ao comentar um gesto que a então ministra Ségolène Royal descreveu como um «acto criminoso».

         Paris, ademais, tem uma das mais belas estátuas de rinocerontes do mundo, hoje em frente ao Museu d’Orsay, como sabeis (e outra, nas Tulherias, de que também falaremos). E Paris tem muito e muito animal à solta, em bronze ou em pedra. Já que andamos também em maré de elefantes, e baseando-os num livro fantástico, Les animaux de Paris, da autoria de Monique Main e Françoise Perreaux (Paris, ed. Massin, 2007), três elefantes-três nas fachadas da Cidade-Luz – e não é um levantamento exaustivo!
         No nº 3 da rue de la Cossonnerie, junto aos Halles:
 
 
rue de la Cossonnerie, nº 3
 
         Na esquina entre a avenue de l’Observatoire e a rue Auguste-Comte:


esquina entre a avenue de l’Observatoire e a rue Auguste-Comte

 
         No nº 2 do boulevard Raspail:
 

boulevard Raspail, nº 2

        
O rinoceronte que está em frente ao Museu d’Orsay, na entrada, foi obra de Henri Marie Alfred Jacquemart (1824-1896) que, salvo o devido respeito, foi um grande animalista.  
 


Palácio do Trocadéro



 
Para a Exposição Universal de Paris, de 1878, quando já era consagrado e medalhado com a Legião de Honra, encomendaram-lhe um rinoceronte, com 2,86 metros de altura e 2,29 metros de comprimento, fundido em Nantes pela empresa J. Voruz Aîné (que começou na Suíça a produzir pequenas pistolas e espingardas, bem como sinos para igrejas, tendo mais tarde fabricado estruturas de metal e peças decorativas de grande porte, como esta, que surpreende pela graciosidade e pelo movimento).  
 





A par dele, trabalharam em animais para aquela exposição os artistas Pierre Louis Rouillard, com um cavalo, Auguste Caïn, com um touro, e Émmanuel Fremiet com um elefante africano, majestoso, Jeune éléphant pris au piège. Fremiet é, aliás, autor de um orangotango que está hoje no Jardin des Plantes e que, diz-se, inspirou King-Kong (já falámos dele aqui no Malomil), estando no Jardin des Plantes outras estátuas zoológicas de Jacquemart, de leões ferozes.
 


 
 
           Ramalho Ortigão, de visita à Expo de Paris, descreveu assim a entrada e a estatuária:
«Quem entra pela Exposição pela porta do Trocadero, vasto palácio em hemiciclo com perto de meio quilómetro de extensão, vê por entre as colunas do peristilo, ao fundo, destacando-se sobre a cidade de Paris, o edifício do Campo de Marte. Entre o Campo de Marte e o Trocadero passa o Sena atravessado pela ponte de Iéna. Desce-se a escadaria do Trocadero, atravessa-se o parque, entra-se na ponte, e está-se no centro do grande recinto.
(…)
Visto da ponte de Iéna, o palácio de Trocadero é da mais imponente majestade, com a sua estátua colossal da Fama por Mercier, as suas galerias com mais trinta estátuas alegóricas e o seu famoso terraço do qual rompe a imensa cascata, larga como um rio, cujas águas se despenham num lago para se elevarem outra vez a uma grande altura, pulverizadas no ar por muitos centenares de repuxos.
Sobre os pedestais do terraço há ainda seis grandes figuras alegóricas, representando a Europa, a Ásia, a América do Sul, a América do Norte, a Oceânia e a África. Debaixo da arcada, a estátua do Ar por Thomas e a da Água por Cavalié, do Instituto. Aos quatro ângulos do lago reluzem ao sol, como esculturas de ouro, de uma magnificência faraónica: o Boi, de Cain; o Cavalo, de Ranillart; o Rinoceronte, de Jacquemart; o Elefante, de Fremiet. E estas grandes estátuas, destacando com os seus reflexos fulvos sobre a verdura da relva, parecem divindades antigas, representando as eternas forças da Natureza, e presidindo à festa da Humanidade».
(Ramalho Ortigão, Paris. Exposição Universal, 1878-1879, pref. de Maria João Lello Ortigão de Oliveira, Feitoria dos Livros, 2016, p. 17 e pp. 20-21).  


O rinoceronte na Porte de Saint-Cloud



         O fim do Palácio do Trocadéro era uma questão de dias, ou anos. Já se dizia no volume relativo a Paris da Encyclopedia pela Imagem (Porto, Chardron, s.d., p. 35) que o Trocadéro «ressente-se do seu destino, porque parece de matéria provisória». Assim, em 1935 o rinoceronte foi colocado na Porte de Saint-Cloud (é um erro esta informação fornecida aqui). Dos quatro animais da fonte do Trocadéro, o cavalo, o elefante e o rinoceronte foram parar à Porte de Saint-Cloud, e o touro enviado para Nimes. Mais tarde, o rinoceronte foi atribuído ao museu do Louvre, sendo afectado ao museu d’Orsay em 1986, ano em que foi restaurado pela empresa de fundição de Coubertin, Saint-Rémy-lès-Chevreuse.






Alfred Jacquemart, Rinoceronte, 1878
Museu d'Orsay, Paris, fotografias de António Araújo


         Há quem faça reproduções tridimensionais do rino de Orsay: aqui, por exemplo.


 
         De Auguste Nicolas Caïn (ou Cain) (1821-1894), outro grande animalista, autor do touro que foi do Trocadéro para Nimes, é um outro rinoceronte de Paris, o qual se encontra nas Tulherias em briga com um tigre – ou melhor, com dois. A estátua é de 1882 mas só foi colocada nas Tulherias dois anos depois, em 1884. Nas Tulherias, aliás, existem muitas outras obras animalescas da sua lavra, como Deux lionnes attaquant un taureau (bronze de 1882), Lion et lionne se disputant un sanglier (bronze de 1878), Tigre terrassant un crocodile (bronze de 1869 ou 1873) e Tigresse portant un paon à ses petits (bronze de 1873).





Auguste Cain, Rhinocéros attaqué par des tigres, 1882
Jardim das Tulherias, Paris, fotografias de António Araújo

 
 
         No Museu d’Orsay existe, aliás, o modelo da estátua das Tulherias, feito em cera verde, com a base em madeira, e uma altura de 44 centímetros e uma largura de 83 centímetros (descrição completa aqui).
 
Auguste Cain, modelo para a estátua Rhinocéros attaqué par des tigres
Museu d'Orsay, RF 1904
 
 
 
         Jaquemart foi ainda autor, entre muitas obras, de dois leões monumentais que estão no Cairo, à entrada da Ponte Kasr el Nil, ainda que tenham sido apeados do pedestal onde originalmente repousavam. Foram palco de protestos na revolução de 2011.


 

 



       Já falámos de leões monumentais no Malomil, os de Madrid (aqui) e, acima de tudo, o de Berlim/Wannsee (aqui), mas agora é tempo de rinocerontes e, de quando em vez, do seu lendário inimigo, os poderosos elefantes. A seu tempo falaremos do olifante d'Orsay, que o merece. Até lá, Bom Ano.
 

Jules Ernest (1863-1932), Os Jardins do Trocadéro e o Rinoceronte.




 

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Problemas dos Casados, por António Freire.

 
 
 
 
Os Persas preconizavam também a doçura acima de tudo. Antes dos oito anos, era absolutamente proibido, entre eles, tocar numa criança. Entre os Egípcios, a educação atingia nível mais elevado, talvez porque a mulher ocupava lugar honroso na família, No entanto, o castigo corporal tinha lugar importante na educação.  

terça-feira, 2 de maio de 2017

Francisco no Egipto.

 
 
 
 



Foram dois dias extraordinários e cheios de muita alegria, amor, paz e bênção para todo o Egipto, para todos os Egípcios todos (muçulmanos, cristãos), para a região, o mundo árabe, o mundo islâmico e o mundo em geral. O Presidente foi com o Papa até ao aeroporto para se despedir dele e agradecer a sua generosidade para com o Egipto.
Por aí em Portugal posso perceber que não se nota bem a importância extrema desta visita. Era mesmo necessária uma visita assim neste tempo de ódio, guerras, xenofobia, radicalismo e terrorismo. O mundo está cada vez mais perigoso mas, como temos pessoas extraordinárias como o nosso Papa, eu próprio tenho grande esperança de que ainda é possível ter paz e amor no meio de tantas guerras e de tanto ódio.
 
Na Missa de hoje, o Papa falou que tem haver radicalismo só no AMOR e acho mesmo que a pessoa mais radical no amor do mundo é o Papa. Esta visita ajudou imenso a aproximar e a unir as pessoas do mundo inteiro, independentemente da religião de cada um. Unir as pessoas para os valores comuns da humanidade: paz, amor, respeito mútuo. Assim, será possível reduzir o radicalismo de jovens e pessoas mais velhas.
 
O Papa fez um discurso não só para o Egipto e para os Egípcios mas também para todo o mundo árabe e para o mundo islâmico. Ao ver o abraço apertado entre o Shehk de Al Azhar, a instituição mais poderosa do Islão no mundo, e o Papa Francisco, vemos o abraço entre dois mundos distantes, o abraço entre duas culturas grandes e diferentes mas próximas nos seus valores comuns.
 
 
Foi no Egipto que nasceu a Irmandade Islâmica, o primeiro movimento islâmico radical no mundo e que foi mãe de grupos como a Al Quaeda. E foi no Egipto que a Irmandade Islâmica foi derrotada. Assim, o Papa veio ao Egipto para que seja a partir daqui que se espalhe a paz em toda esta.
 
 
Disse antes e digo aqui outra vez: o Papa Francisco vai mesmo ganhar o Nobel da Paz e, se há mais prémio mais prestigiado do que o Nobel de Paz, ele merece-o.
Depois da visita do Papa, acho que a teoria do «choque de civilizações» já não existe.
 
                                                                                        Cairo, Maio de 2017
                                                                                                      Samir Hany