Vila Nova da Cerveira e Arcos de Valdevez, 15 e 16 de
Agosto de 2013
Eça de Queirós (1845-1900) escreveu sobre São
Cristóvão.
Esta novela, como a classifica Carlos Reis, escrita
por volta de 1893, só foi publicada postumamente em 1912. É muito pouco
conhecida.
O texto, além da sua beleza literária, contém
originalidades muito interessantes.
Uma é a de situar temporalmente a narrativa no final
da Idade Média entre mosteiros, palácios e castelos. Nem faltam as
revoltas camponesas e a sua repressão pelos senhores.
Outra é a de terminar de forma diferente do
enredo tradicional.
Depois de ter chegado à margem, São Cristóvão
transporta o menino para a casa de seu pai:
"Então o bom gigante fez um prodigioso esforço, e
a cada passo, meio desfalecido, os olhos turvos, a cada instante lançando a mão
para se arrimar, tropeçando, com grossas gotas de suor que se misturavam a
grossas gotas de sangue, rompeu a caminhar, sempre para cima, sempre para cima.
Os seus pés iam ao acaso, no desfalecimento que o tomava. Uma grande frialdade
invadia todos os seus membros. Já se sentia tão fraco como a criança que levava
aos ombros. E parou, sem poder, no topo do monte. Era o fim: um grande sol
nascia, banhava toda a terra em luz. Cristóvão pousou o menino no Chão. e caiu
ao lado, estendendo as mãos. Ia morrer. Então entreabriu os olhos, e no
esplendor incomparável reconheceu Jesus Nosso Senhor, pequenino como nasceu no
curral, que docemente, através da manhã clara o ia levando para o Céu."
José Liberato
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