quarta-feira, 22 de novembro de 2017

São Cristóvão pela Europa (35)




 
Vila Nova da Cerveira e Arcos de Valdevez, 15 e 16 de Agosto de 2013
 
Eça de Queirós (1845-1900) escreveu sobre São Cristóvão.
 
Esta novela, como a classifica Carlos Reis, escrita por volta de 1893, só foi publicada postumamente em 1912. É muito pouco conhecida.
 
O texto, além da sua beleza literária, contém originalidades muito interessantes.
Uma é a de situar temporalmente a narrativa no final da Idade Média entre mosteiros, palácios e castelos. Nem faltam as revoltas camponesas e a sua repressão pelos senhores.
 
Outra é a de terminar de forma diferente do enredo tradicional.
 
Depois de ter chegado à margem, São Cristóvão transporta o menino para a casa de seu pai:
 
"Então o bom gigante fez um prodigioso esforço, e a cada passo, meio desfalecido, os olhos turvos, a cada instante lançando a mão para se arrimar, tropeçando, com grossas gotas de suor que se misturavam a grossas gotas de sangue, rompeu a caminhar, sempre para cima, sempre para cima. Os seus pés iam ao acaso, no desfalecimento que o tomava. Uma grande frialdade invadia todos os seus membros. Já se sentia tão fraco como a criança que levava aos ombros. E parou, sem poder, no topo do monte. Era o fim: um grande sol nascia, banhava toda a terra em luz. Cristóvão pousou o menino no Chão. e caiu ao lado, estendendo as mãos. Ia morrer. Então entreabriu os olhos, e no esplendor incomparável reconheceu Jesus Nosso Senhor, pequenino como nasceu no curral, que docemente, através da manhã clara o ia levando para o Céu."
 
 
José Liberato
 
 
 

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