quarta-feira, 24 de maio de 2023

São Cristóvão pela Europa (217).

 

 

Obra-prima da pintura europeia do Século XV é o retábulo Agnus Dei da autoria sucessiva dos irmãos Hubert Van Eyck (1366-1426) e Jan Van Eyck (1390-1441).

Inaugurado em 1432, foi encomendado para a Catedral de Gand, a Catedral de São Bavon ou São Bavão em português.

Objecto de um profundo restauro foi colocado em 2020 na Capela do Santíssimo Sacramento em condições excepcionais de apresentação.

A sua história é muito atribulada. Esteve em risco de ser queimado pelos iconoclastas, foi roubado por Napoleão e esteve exposto no Louvre. Caído Napoleão, foram devolvidos alguns painéis, mas outros foram vendidos ao Rei da Prússia e expostos num museu em Berlim.

Foram roubados na I Guerra Mundial pelos alemães que os reuniram aos que já estavam na sua posse, mas perdendo a Guerra, tiveram de os devolver na integralidade

Em 1934 dois painéis foram roubados, mas só um foi encontrado. O exibido hoje é uma cópia.

Durante a II Guerra Mundial esteve depositado em Pau em França, mas foi apreendido por Hitler. No final da Guerra é colocado numa mina de sal na Áustria e salvo pelos Monuments Men de ser dinamitado. Há um filme de George Clooney sobre este grupo de militares.

Trata-se de um políptico que pode ser apreciado fechado e aberto. Fotografei-o não obstante os reflexos.

Fechado é assim:

 


Estes painéis já foram amplamente descritos pelo nosso amigo Ademar Marques pelo que não vou repetir o que ele escreveu.

http://malomil.blogspot.com/2021/10/em-busca-do-tosao-de-ouro-portugues-de.html

Só sublinhar o aspecto interessantíssimo de haver quem defenda que o modelo que serviu para a imagem da Sibila de Cumas (terceiro pequeno painel a contar da esquerda em cima) ser na realidade Isabel de Portugal, Duquesa da Borgonha, que havia casado em 1430 com o Duque da Borgonha Filipe III o Bom.

Lembremos que Jan Van Eyck veio de propósito a Portugal pintar dois retratos da princesa, filha do nosso rei D. João I. Foram enviados ao Duque por dois caminhos diferentes, mas nenhum deles chegou aos dias de hoje, embora existam cópias.

 


Quando aberto, o retábulo apresenta-se desta maneira gloriosa:

 




Mas trago o retábulo aqui por alguma razão…

É que no painel da direita em baixo podemos ver São Cristóvão conduzindo os peregrinos. Curiosamente não se vislumbra o rio habitual na iconografia. Apresenta-se como gigante, descalço e com o seu cajado.

 

 


 

Esta é a Catedral vista do exterior:

 

 

Numa outra capela da catedral encontramos ainda uma imagem do nosso Santo:

 


 

                                                                        Fotografias de 24 de Abril de 2023.

 

                                                                                                        José Liberato






1 comentário:

  1. Mais uma lição de história interessante como sempre, como o nosso Santo entra na mesma melhor ainda, na crónica não diz onde fica a Catedral de S.Bavon, pesquisei e fiquei a saber que fica na cidade de Gant, Bélgica, e que a sua primeira construção ainda em madeira data de 942, sendo posteriormente ampliada e sofrido diversas alterações (se tiver equivocado corrija-me) e hoje é uma obra soberba e lindíssima.
    Obrigado mais uma vez pela partilha.
    Um abraço...

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