terça-feira, 6 de junho de 2017

D. Mécia de Sena e o Professor Fernando Cristóvão.




Jorge e Mécia de Sena com Rui Knopfli

 


Foi por ocasião de um colóquio realizado na Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, sobre literatura do mundo lusófono. Entre vários outros conferencistas, vindos das Américas e da Europa,  encontrava-se também o Professor Fernando Cristóvão, da Universidade de Lisboa.   
Pelo fim do primeiro dia do colóquio, a D. Mécia de Sena aproximou-se de mim e perguntou-se se era verdade que o Professor Fernando Cristóvão era padre. Que sim: que era, e muito digno - confirmei eu.
Foi então que a D. Mécia, com aquela delicadeza que lhe é tão peculiar, me pediu se eu lhe podia fazer o favor de perguntar ao Professor Fernando Cristóvão se ele podia celebrar uma missa pela alma do marido. Naturalmente que a minha resposta foi que sim: que teria o maior prazer em fazer essa pergunta e esse pedido ao Prof. Fernando Cristóvão, bom colega e excelente amigo.     
O pedido foi feito e prazenteiramente aceito. E na manhã do dia seguinte lá nos encaminhámos os três – a D. Mécia, o Prof. Fernando Cristóvão e eu – para a igreja católica onde se celebrara a missa de corpo presente por Jorge de Sena, em Junho de 1978: Our Lady of Sorrows, na cidade de Santa Bárbara, estado da Califórnia.
Celebrada a missa, a que eu ajudei (depois de tantos anos afastado da igreja, e a viver numa fase de agnosticismo, ainda não me tinha esquecido completamente de como se ajudava à missa), dirigimo-nos ao Calvary Cemetery, de Santa Bárbara, fundado em 1896, assim como a igreja Our Lady of Sorrows, pelo padre jesuíta belga Polydore Stockman, famoso especialista em botânica. Situado nas Montanhas de Santa Ynez, com uma vista esplendorosa e deslumbrante para o Pacífico, o Calvary Cemetery é um autêntico mar de verdura e de flores, das mais variegadas cores, salpicado de uma grande variedade de pequenas árvores e de pequenas ilhas de jazigos brancos, e a rescender a paz etérea.  
Manhã de sol e de céu muito azul. Cerimónia simples, mas bela e tocante. Posta a sobrepeliz e a estola e aberto o ritual, o bom do Padre Cristóvão, com a D. Mécia a assistir e eu a fazer de acólito, aproximou-se da campa rasa de Jorge de Sena, assinalada por uma pequena lápide jazente de bronze assinada por ele, e, com o ar mais devoto e profundo recolhimento, aspergiu a campa de água benta e fez a encomendação da sua alma a Deus.
 
António Cirurgião
 
 

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