A propósito de uma “Nota Bárbara” de Onésimo de Almeida, intitulada “Da
Natália Correia e da não necessidade de inventar estórias”, e publicada no dia
28 de fevereiro de 2008, respondi eu com esta carta electrónica, que me pareceu
oportuno registar no meu Diário, à guisa de entrada, no dia 7 de Março de
2008.
Como vale mais tarde que nunca, aqui vão os meus parabéns e o meu
agradecimento por me haver presenteado com a sua divertidíssima e
edificantíssima estória sobre a génese insuspeitabilíssima e naturalíssima de
ciúmes infundados. O remate da sua réplica ao cujo - a referência à sua
filiação clubística - é grotescamente hilariante, pelo seu carácter absurdo, surrealista.
Se
a inveja, em vez de ser o sexto pecado mortal, fosse um mero pecado venial,
pode crer que não hesitava um momento em praticá-lo, o que certamente não
aconteceria no tempo em que eu caminhava, repleto de fervor e convicção, pelas
sendas espinhosas da vida de perfeição. Refiro-me à notícia que me dava na sua
carta electrónica do dia 11 do corrente mês de Fevereiro de 2008 a respeito da
sua partida para Portugal, a fim de participar nas "Correntes
d´Escritas" na Póvoa de Varzim. É que ao lado da Póvoa de Varzim fica Vila
do Conde e em Vila do Conde fica a Escola Profissional de Santa Clara, um
reformatório ou colégio de corrécios (naquele tempo ainda se podiam usar estes
vocábulos, sem ter medo de ver o inocente pescoço de um cristão ameaçado pelo
afiado cutelo da censura e da ignomínia) onde o abaixo assinado foi professor
no seu primeiro ano de tirocínio, no ano lectivo de 1953-54.
Se lhe disser as disciplinas que ensinei, não dá para acreditar. É que
ensinei, dentro do sistema escolar de então, aos alunos do Curso Comercial e do
Curso Industrial, Português, Francês, Direito Comercial e Físico-Químicas.
Físico-Químicas! Imagine só! Quando disse ao Director do colégio, o Padre
Caminha, que eu não estava preparado para ensinar essa matéria nem a de Direito
Comercial, ele apenas me perguntou retoricamente se eu não tinha ouvido repetir
vezes sem conta aos meus superiores, durante o Noviciado e o Curso Filosófico,
que um verdadeiro salesiano nunca deveria obrigar o superior a dar-lhe uma
ordem sob o voto de obediência e que o salesiano era por definição pau para
toda a colher ou um factótum.
(A
respeito do fac do factótum, não resisto a contar-lhe,
entre parêntesis, o que me aconteceu no meu primeiro ano de professor nos
Estados Unidos, ano em que ensinei Francês e Latim em Chester High School, Chester, Massachusetts, o
estado icónico do puritanismo e de Salem. Quando chegou a vez de
ensinar o verbo facio, facis, feci, facere, factum, dou inesperadamente
com alguns dos alunos a sorrir sorrateiramente. Como isso aconteceu já quase ao
findar da aula, continuei a lição, fazendo de conta que não via nem ouvia o que
estava vendo e ouvindo. Porém, terminada a aula, chamei à secretária o aluno
que mais ostensivamente tinha sorrido e perguntei-lhe por que fizera isso. Que
não podia dizer-me. À minha insistência que dissesse, acabou por anuir,
pedindo-me que lhe deixasse abrir o manual de Latim. Acedi ao pedido e ele,
vermelho como um pimento, apontou para o imperativo do singular do
verbo facere: fac. E com isso? - perguntei eu. Ele, cada vez mais
corado de vergonha, disse-me que não podia dizer mais e pediu-me que por favor
eu mostrasse essa palavra ao director, que ele teria a resposta apropriada. E
eu, no primeiro intervalo, fiz isso mesmo, expondo o caso tim-tim por tim-tim
ao director. E ele gargalhou e gargalhou e gargalhou. E no fim dessa gargalhada
olímpica teve a bondade de me iniciar numa disciplina em que eu, ex-seminarista
exemplar, era menos que noviço: a disciplina do palavrão em Inglês, em que
ainda hoje sou um ignorantão. Quando, três anos mais tarde, o Chefe do Departamento
de Línguas Estrangeiras da Universidade da Nevada, em Reno, me pediu que
ensinasse dois cursos de Latim - no primeiro ano, eu ensinara Espanhol e
Francês -, fiz de conta que o verbo facere era defectivo no que se
refere ao imperativo. Isto apesar de se tratar de alunos universitários, em
meados da libertina década de sessenta. Fecho parêntesis e volto ao fio da
meada.)
Ah!
Voltando ao fio da meada, esquecia-me de dizer que, além de ensinar todas essas
matérias, na Escola Profissional de Santa Clara de Vila do Conde, fui também
empossado no cargo de director de teatro e no de mestre do terno de
corneteiros. E como, em determinada altura, expulsaram um dos dois contrabaixos
da banda colegial, o João Augusto, irmão coadjutor, professor de desenho,
mestre exímio de tipografia e maestro competentíssimo, pediu-me que lhe
valesse, tocando contrabaixo ou tuba. Eu, desta vez, não sob a ameaça de ser
mandado em nome do santo voto de obediência, mas por amor à camisola e por
solidariedade com um excelente colega, passei a ser contrabaixo da banda do
colégio. Quando, chegado o verão, ele, o João Augusto, teve de ir fazer um
curso avançado de tipografia à Itália, passei eu a ser maestro. E foi nessa
capacidade que regi a banda da Escola Profissional de Santa Clara durante a
época de touradas na Póvoa de Varzim e de algumas das principais procissões da
Póvoa e de Vila do Conde.
À distância do tempo e do espaço, como tenho saudades dessa minha idade de
ouro! O tempora! O mores! (palavras, como o Onésimo sabe, de uma das
Catilinárias de Cícero que nós, seminaristas, docemente irreverentes,
parodiávamos, traduzindo-as assim: Oh tempo das amoras! Se não
fôssemos seminaristas, creio que diríamos: Oh tempo dos amores!).
Não sei se os organizadores do congresso terão tido o bom gosto de levar os
amantes da arte e da história de Portugal a visitar esse velho e venerando
convento das Clarissas onde funcionava a Escola Profissional de Santa Clara. Se
o não tiveram, recomendo encarecidamente ao Onésimo que, no próximo congresso,
não deixe de visitar essa relíquia do Portugal de antanho, fundada, em 1318,
por Afonso Sanches, filho bastardo e predilecto do Rei Dom Dinis, e pela esposa
do príncipe, Teresa Martins, em cuja bela igreja gótica estão sepultados, como
sepultada nessa mesma igreja está Beatriz de Portugal, filha única do Santo
Condestável, Nuno Álvares Pereira. Verá que vale a pena. Ainda há dias, por
mero acaso, me vi a rever fotografias tiradas por ocasião das representações
teatrais, normalmente dramalhões ultra-românticos de fazer derramar lágrimas
como punhos, como diria Camilo. Os actores vestidos de duques, de guerreiros,
de bandidos, de piratas, de pajens, e o Cirurgião de capa preta, por cima da
batina, que um clérigo e colega lhe emprestara.
Entre as muitas recordações do ano passado aí como professor, mestre de
banda e do terno de corneteiros e director de teatro (encenador ou coreógrafo,
como se diria hoje), recordo a de ter sido instrumento numa exposição de São
Joões muito velhinhos da preciosa colecção de José Régio, oriundo de Vila do
Conde e ao tempo professor no Liceu de Portalegre.
Foi
assim. Um belo dia vi-me abordado pelo irmão de José Régio, Saul Dias, pintor e
poeta, a perguntar se lhe podíamos ceder o salão de actos (assim se chamava ao
teatro), antigo refeitório das Clarissas, para a dita exposição. Fui ter
imediatamente com o director, o Padre Caminha, o padre mais genuína e
orgulhosamente prosaico e campónio que encontrei na vida, mas inteligente e
excelente administrador, e convenci-o dos benefícios que poderiam advir para a
Escola Profissional de Santa Clara, se cedêssemos esse velho refeitório,
durante o mês de Julho, ao melhor cliente da secção de tipografia e de
encadernação da escola: o grande escritor José Régio. É que nesse tempo José
Régio imprimia lá todas as suas obras. Obras que eu lia sofregamente, sem o
Reverendo Director saber, a par de outras que a alta burguesia e até gente
brasonada aí mandava encadernar luxuosamente.
Saiba que passei muitas noites quase em claro a ler, numa das partes
inocupadas do convento, onde se dizia que apareciam freiras encantadas, obras
interditas a seminaristas dignos de tal nome! Para amostra, refiro
apenas O crime do Padre Amaro e O Primo Basílio de
Eça, Madame Bovary de Flaubert, Les Fleurs du Mal de
Baudelaire. Mas as três obras que melhor recordo ter lido pela noite fora, às
escondidas, quando o velho convento, padres, clérigos e irmãos coadjutores e
alunos repousavam nos braços de Morfeu, são Crime e Castigo e Os
Irmãos Karamasov de Dostoiewski e Ana Karenina de Tolstói. Ainda
hoje me tremem as minhas pobres carnes de terror, ao lembrar-me da leitura do
episódio das punhaladas em Crime e Castigo, sentado, alta noite, nas escadarias
mal iluminadas dessa parte desabitada do velho convento. O prazer inebriante de
enfrentar sozinho, indefeso, o espectro do medo!
Do
outro lado do velho Convento de Santa Clara, de freiras, ficava o velho
convento de São Francisco, de frades. Já está a imaginar a lenda. Que havia um
túnel que ligava os dois conventos. Para que finalidade não é preciso dizer a
um antigo seminarista super-erudito como o Onésimo. Imagine que uma noite, no
fim de um ensaio de teatro, depois de acompanhar os actores e colaboradores de
encenação às respectivas camaratas, a que nós chamávamos dormitórios, me enchi
de coragem e me aventurei a caminhar sozinho, pelo dito túnel, com uma fraca e
manhosa pilha na mão. Queria ver se era mesmo verdade que, alta noite, sem alta
lua, aparecia uma freira toda vestida de branco no túnel encantado. A freira
não me apareceu, mas apareceram-me coisas mais pavorosas que uma freira vestida
de branco: apareceram-me os indesejáveis fantasmas do medo. De um medo tão
intenso que ainda hoje não sei como não desmaiei.
Valha-me
Santa Rita! Só agora me dei conta de que esta carta já vai mais longa que as
léguas da Póvoa, pelo que urge pôr-lhe ponto final, deixando para outra ocasião
uma referência elogiosa ao seu artigo sobre a Natália Correia, publicado
no Portuguese Times de 13 de Fevereiro de 2008: "Natália Correia
em Lua-de-Mel na América?". É que eu convivi, durante um verão passado em
Portugal, com a Natália Correia, no tempo em que ela era Deputada da Assembleia
da República pelo PS. Essa convivência deu-se por ocasião das Jornadas Camilianas
de 1989, em São Miguel de Ceide e terras circunvizinhas, em que a
proverbialmente bela Natália Correia foi vedeta e fez de rainha, usando por
vezes vestidos tão longos, de cauda roçagante e rastejante que uma dama de
companhia tinha de lhe segurar, ao subir e descer escadas (e muitas foram as
escadas subidas e descidas por onde realmente passou e terá hipoteticamente
passado o irrequieto, andarilho e aventureiro Camilo).
A
razão de Natália Correia ter sido vedeta deve-se ao facto de o tema fundamental
desenvolvido nessas Jornadas Camilianas ter sido o romance realista de Camilo
Castelo Branco, intitulado A Queda dum Anjo. É que, na sua qualidade de
deputada à Assembleia da República, com uma visibilidade e um protagonismo fora
do normal, a conhecida e aclamada poetisa, romancista e dramaturga, além de ser
solicitada a comentar o romance em várias sessões, foi chamada a contracenar no
palco com o deputado pelo CDS Adriano Moreira, numa sessão magna em que se
discutiu a questão de haver ou não haver, na Assembleia da República de 1989,
deputados que fossem uma espécie de réplica de Calisto Elói de Silos e
Benevides de Barbuda, protagonista do dito romance e deputado transmontano,
pelo círculo de Miranda, à Câmara dos Deputados, na década de 1860, em que se
gladiavam os miguelistas e os liberais, com muita verborreia e má retórica, e
também com caçadeiras, bacamartes a varapaus.
De
regresso a Lisboa, a insistência dela, convivi com Natália Correia durante
vários serões, supostamente literários, no seu Botequim, à Graça, com o Dórdio
Guimarães, gerente do Botequim e futuro quarto marido da autora de Sonetos
Românticos e de Pécora, com uma jovem psiquiatra, de nome Manuela Santos, se
bem me recordo, a tal dama de companhia da Natália por ocasião das referidas
Jornadas Camilianas, e com outras celebridades, de várias grandezas e feitios,
do mundo das letras e das artes lusitanas.
Vago
conhecedor de outiva e de leitura dos salões literários, sobretudo dos da
França, em que pontificavam as grandes damas, posso afirmar que Natália Correia
tudo fazia para imitá-las condignamente, dentro dos limites possíveis, numa
Lisboa subserviente e provinciana. Por outras palavras: numa Lisboa que
continuava fiel à máxima galhofeira e certeira que um século antes Eça de
Queirós cunhara e pusera a circular: Portugal é “a França traduzida em
calão”.
António Cirurgião
Se me permite, ainda que corra o risco, hoje, de ser criticado por falar em "reformatório" ou em "colégio de corrécios" - não sei se é o caso, mas admito que seja - não me parece que isso possa ser equiparado a censura, nem que possa ser posto no mesmo plano do que a censura que existia, juridicamente, na altura a que v. alude. Logo, sugerir que havia mais liberdade nessa altura do que hoje, e queixar-se de estar hoje sujeito a ter a garganta cortada pelo cutelo da censura é, no minimo, deslocado. Desculpe a franqueza.
ResponderEliminarBoas
Francamente, não sei qual é a pior: se a censura institucional ( de Estado ), se a atual. A primeira era fácil de detectar e, com algum engenho e arte, de afrontar - ainda que com sacrifícios consideráveis. A atual é invisível, insidiosa e cobarde. Não tem consequências tão ominosas quanto a primeira - mas desgraça a vida profissional a muito boa gente. Seja como for: prefiro um inimigo assumido e frontal a falsos profetas, manhosos e, sobretudo, moralistas sem coluna vertebral.
EliminarResumindo: o Bem e o Mal eram definidos pela cartilha abundantemente divulgada. Agora, a cartilha não é divulgada por mera cobardia e transforma o nosso habitat num autêntico esgoto de ratazanas.
Não penso que o autor do texto subscreva o comentario anterior, mas foi precisamente para alertar para esse tipo de disparates que comentei. Não sabe qual é pior ? Então eu explico : com a censura do regime anterior, o meu amigo nunca teria chegado a ler as frases potencialmente polémicas, enquanto hoje, não so as pode ler, como eu, mas não consta que o autor do post tenha sido preso, ou que tenha tido qualquer precalço por causa delas, a não ser receber comentarios e criticas, o que nunca fez mal a ninguém.
ResponderEliminarE' bom que todos possam expressar-se livremente, ainda que de forma excessiva. Mas também é bom poder dizer que tudo o que é excessivo é insignificante, e ja agora não confundir a critica com censura...
Boas
«Natália Correia, no tempo em que ela era Deputada da Assembleia da República pelo PS.»
ResponderEliminarNatália Correia nunca foi deputada pelo PS; foi, sim, primeiro pelo PPD/PSD, e, depois, pelo PRD.
Prezado Sr.Octávio dos Santos,
EliminarMuito obrigado pela correcção.
Cordiais saudações.
AC
Expressar-se livremente, é uma coisa. Expressar-se livremente sem castigo, é outra.
ResponderEliminarComo o sr. Pertence à situação, é natural que não perceba a diferença. Rendo-me à sua petulância - típica dos confortavelmente instalados.
Eu até confirmei que os castigos eram bem piores, mas que Preferia a frontalidade à hipocrisia. Claro que é melhor perder o emprego ou deixar de der contratado do que ir preso.
Talvez esteja a precisar dum curso intensivo de hermenêutica
O meu suave amigo não esta a precisar de curso de hermenêutica, apenas de sair da sala de cinema. Se souber de alguém que, em Portugal, tenha sido castigado, ou sancionado, ou despedido, apenas por ter expressado o seu ponto de vista, por favor instrua-nos. A não ser que considere "castigo" comportamentos de exclusão baseados em preconceito, que são criticaveis, mas que também existiam antes do 25 de Abril (para além da censura). A situação actual não sera ideal mas, pelo menos, sempre vamos tendo alguns instrumentos juridicos para combater abusos. A comparação com o tempo da outra senhora, o unico ponto que critiquei no meu comentario, é obscena, vai-me desculpar...
ResponderEliminar"sempre vamos tendo instrumentos jurídicos para combater abusos". A minha convicção confirma-se: o sr. está confortavelmente instalado. Os instrumentos jurídicos apenas lhe garantem uma indemnização, mas não evitam o despedimento - a não ser que se trate dum masoquista disposto a ser maltratado todos os dias até se reformar. E, como deve calcular, as indemnizações não são milionárias.
Eliminar"Tratamentos de exclusão baseados em preconceitos". Toda a censura é baseada em preconceitos e/ou medo! Putin tem medo de ser engavetado se perder o poder! Já desviou milhões mais que suficientes para temer a justiça. Salazar, certamente não teria esse problema. Mas tinha muitos preconceitos sócio-culturais e políticos para admitir que Portugal fosse uma nação moderna e desenvolvida. O que para uns são preconceitos, para outros são convicções que legitimam o ilegitimavel: o desrespeito pela vontade da maioria.
De todo o modo as democracias constitucionais baseadas na separação dos três poderes: legislativo, executivo e judicial não são em si mesmas garantias concretas (apenas abstractas) se não houver poder de fiscalização em tempo útil de todos os agentes sociais e capacidade de acção de todos os indivíduos e instituições. Só as vítimas de crimes públicos podem ser defendidas pelo Estado sem gastar um cêntimo. Todos os restantes direitos legais só podem ser exercidos a expensas dos cidadãos - cuja maioria não tem dinheiro nem para as necessidades básicas. Por outro lado os parlamentares tendo a capacidade de fiscalizar o poder executivo, não têm capacidade absolutamente nenhuma de fiscalizar os poderes faticos remetendo tal tarefa para os tribunais.
Em resumo: o livre arbítrio e a justiça são muito louváveis mas dependem sempre da qualidade dos indivíduos e das instituições - as normas abstractas não são garantia de coisa nenhuma: há países com todas as instituições e normas democráticas que não são democracias - não somos ingénuos!
Como vê todos os poderes faticos podem ser exercidos através de coação e chantagem, pela sua natureza ( o mais fraco tem sempre muito mais a perder e o mais forte sempre muito mais a ganhar ), e porque ( também pela sua natureza) estes métodos são muito difíceis de provar em sede judicial.
Termino parafraseando Jorge Luís Borges: "A democracia é um erro estatístico, porque em democracia manda a maioria e a maioria é composta de imbecis."
Apesar de tudo é melhor que a ditadura porque esta "promove a idiotia"
correcção:poderes fa'cticos.
Eliminar'F'aticos' tem outro significado, pelo menos no português de Portugal
Habitual léria dos revoltados de pacotilha, que nunca tiveram de fazer uma revolução e se contentam com queixar-se no sofa da opressão dos "instalados" seja la o que isso fôr. O meu ponto é simples, caro, as pessoas não eram substancialmente diferentes em 1960, nem os seus comportamentos abusivos. As instituições, essas, eram claramente piores. E se o meu amigo pretende comparar de forma rigorosa a liberdade de expressão real em 1960 e hoje, também podemos ir por ai, que so vamos descobrir que a situação em 1960 era claramente pior. Por isso é que houve uma revolução, alias. E ficou como revolução, na qual a esmagadora maioria dos Portugueses continua a rever-se, porque soube bastar-se com a modificação das instituições, não indo até ao ponto que pretender mudar autoritariamente as pessoas e os espiritos, como alguns pretendiam na altura.
ResponderEliminarBoas
Portanto, a censura política existe, ainda que não seja exercida pelo Estado. É exercida pelo pensamento político e cultural dominante na academia, na comunicação social e nas empresas ( já para não falar das plataformas digitais) - naturalmente em permanente troca de favores e contrapartidas.
EliminarO seu argumento foca-se no facto de nessa época ela ser claramente pior. O meu argumento desde o primeiro comentário - e no seguimento do autor do postal, é que ela existe. Quem trouxe à colação o argumento da qualidade foi o sr.
Eu não sou um revolucionário de sofá, simplesmente porque não sou revolucionário ( pelo menos no sentido de actor político ). Porque estou convencido que eles seguem sempre a velha máxima ( mesmo avant la lettre ):"Todos os animais são iguais mas há uns que são mais iguais que outros".
Por mim, este pingpong termina aqui.
Saudações cordiais