Nasceu neste dia, há 181 anos, José Thomaz de Sousa
Martins. Natural de Alhandra, perto de Lisboa, cresceu órfão de pai e teve de
trabalhar desde os 12 anos. Enquanto era ajudante de farmácia, estudou ciências
farmacêuticas e medicina, os dois cursos ao mesmo tempo. Licenciou-se em
medicina com notas das mais altas.
Viveu quase exclusivamente para o trabalho. Num tempo
em que a peste e a tuberculose grassavam, fez por curar, ou pelo menos aliviar,
o maior número possível de doentes. No hospital de São José, no seu consultório
e nas incontáveis visitas domiciliárias que fez, acudiu a políticos
republicanos e a duquesas, cobrando pelos seus serviços, e acudiu também, mas
não cobrando, aos pobres dos bairros mais miseráveis de Lisboa e arredores. A
estes ele dedicava tempo, conversando e empatizando, e chegava a oferecer-lhes
dinheiro para que comprassem os medicamentos. Como disse a um amigo: “Ai!, o
que eu vi, e onde entrei! Basta dizer-te que cheguei a escrever receitas com
paus de fósforos”.
Foi um médico reputado e pertenceu a organizações
internacionais para o tratamento da tuberculose. Sugeriu que se construísse um
sanatório na Serra da Estrela, o que veio a acontecer mais tarde. Foi um homem
especialmente bom e dedicado aos seus pacientes. Quase um século e meio depois
da sua morte, continua a haver quem o considere santo e diga que agiu por
intercessão de Deus. Não falta quem lhe dirija as suas preces. Esse culto a
Sousa Martins é particularmente visível em Lisboa e Alhandra, onde junto ao seu
jazigo e às estátuas que o homenageiam se encontram dezenas de mensagens de
agradecimento pelas curas supostamente milagrosas que operou. E onde continuam
a desembocar todos os anos centenas de pessoas, muitas delas descendentes
daqueles a quem fez bem.
Entre o cemitério onde repousa e a Casa-Museu Dr.
Sousa Martins, em Alhandra, fica a praça central da vila. Chama-se Praça
7 de Março de 1843 e recorda a data de aniversário do médico. Nessa
praça encontra-se um busto representando-o, e nunca esse monumento de pedra e
chumbo se vê por si só: há sempre flores aos seus pés. Porque, afinal, há muito
quem continue a recordar uma das pessoas que mais praticaram o bem no nosso
país. De quem Dom Carlos disse ter sido “a luz mais forte do reino”.
Rui
Passos Rocha
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