quinta-feira, 7 de março de 2024

Sousa Martins.

 



Nasceu neste dia, há 181 anos, José Thomaz de Sousa Martins. Natural de Alhandra, perto de Lisboa, cresceu órfão de pai e teve de trabalhar desde os 12 anos. Enquanto era ajudante de farmácia, estudou ciências farmacêuticas e medicina, os dois cursos ao mesmo tempo. Licenciou-se em medicina com notas das mais altas. 

Viveu quase exclusivamente para o trabalho. Num tempo em que a peste e a tuberculose grassavam, fez por curar, ou pelo menos aliviar, o maior número possível de doentes. No hospital de São José, no seu consultório e nas incontáveis visitas domiciliárias que fez, acudiu a políticos republicanos e a duquesas, cobrando pelos seus serviços, e acudiu também, mas não cobrando, aos pobres dos bairros mais miseráveis de Lisboa e arredores. A estes ele dedicava tempo, conversando e empatizando, e chegava a oferecer-lhes dinheiro para que comprassem os medicamentos. Como disse a um amigo: “Ai!, o que eu vi, e onde entrei! Basta dizer-te que cheguei a escrever receitas com paus de fósforos”. 

Foi um médico reputado e pertenceu a organizações internacionais para o tratamento da tuberculose. Sugeriu que se construísse um sanatório na Serra da Estrela, o que veio a acontecer mais tarde. Foi um homem especialmente bom e dedicado aos seus pacientes. Quase um século e meio depois da sua morte, continua a haver quem o considere santo e diga que agiu por intercessão de Deus. Não falta quem lhe dirija as suas preces. Esse culto a Sousa Martins é particularmente visível em Lisboa e Alhandra, onde junto ao seu jazigo e às estátuas que o homenageiam se encontram dezenas de mensagens de agradecimento pelas curas supostamente milagrosas que operou. E onde continuam a desembocar todos os anos centenas de pessoas, muitas delas descendentes daqueles a quem fez bem. 

Entre o cemitério onde repousa e a Casa-Museu Dr. Sousa Martins, em Alhandra, fica a praça central da vila. Chama-se Praça 7 de Março de 1843 e recorda a data de aniversário do médico. Nessa praça encontra-se um busto representando-o, e nunca esse monumento de pedra e chumbo se vê por si só: há sempre flores aos seus pés. Porque, afinal, há muito quem continue a recordar uma das pessoas que mais praticaram o bem no nosso país. De quem Dom Carlos disse ter sido “a luz mais forte do reino”. 

 

                                                                        Rui Passos Rocha






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