sábado, 7 de outubro de 2017

Momiji.

 
Os freixos de Marvão
 

 
A tristíssima notícia de que, daqui a duas décadas, vai desaparecer o «túnel» de freixos de Marvão. Não percebo, não entendo; na Irlanda vi uma alameda de árvores velha de séculos, usada até nas filmagens da Guerra dos Tronos, e, que eu saiba, vão durar muitos e bons anos. O que se passa com as árvores em Portugal? Os freixos de Marvão são uma novela desconcertada, com uma ordem para abater dez das 235 árvores, algumas delas centenárias, um ministro a revogar essa decisão, depois um estudo a defender que 75% das árvores têm as raízes afectadas e terão de ser podadas, e agora a notícia que, com poda ou sem poda, muitas das árvores vão desaparecer. Então, em que ficamos? Por cá, tudo muda, a inconstância total. Como no momiji japonês, em que a mudança de folha, pelo Outono, produz efeitos belos, belíssimos. Só pela Nova Inglaterra se vê coisa assim, como o meu amigo Onésimo aqui tem mostrado aos queridos leitores do Malomil. Num livro que li noutro dia, Fomos em Busca do Japão, Camilo Martins de Oliveira recorda que já Wenceslau de Moraes se referira ao momiji, citando uma uta (cantiga popular nipónica) que diz algo como isto:

 
         Muda de cor o momiji.
         Tu também és variante.
         Eu sou qual verde pinheiro,
         No mesmo verde constante.
A versalhada é um bocado pateta, mas made in Japan. E é claro que já existe o inevitável «The 10 most beautiful places to see the autumn leaves in Japan, as chosen by traveleres». As fotografias são pavorosas de postaleiras caixa-de-bombons, mas aqui as deixo, pois entra o Outono, acabou o Verão ainda agora, e já tudo começa a preparar-se para o frio e a chuva, que tardam a vir – graças a Deus.





 
 

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