A
cantiguinha aqui em baixo já dava com muito boa gente em doida ao longo de
dezembro. A perspetiva de levar com ela nos ouvidos tem levado essas almas
massacradas, ano após ano, a pensar duas vezes antes de se fazerem às ruas e
aos centros comerciais para as compras natalícias.
E
ei-la que regressa em abril, toda arteira no Malomil. Quando – oh, ironia –
levamos é com a inibição de circulação nas ruas e centros comerciais. E as
compras é o que se sabe.
A
culpa é de Gutenberg. Foi ele a emprestar o nome à cantiga pela mão de
Mendelsohnn (o Felix, não a Fanny), que lhe chamou “Cantata Gutenberg” para
comemorar os então 4 séculos de revolução na imprensa gerada pela maquineta de
impressão tipográfica. Mendelsohnn não teve culpa alguma, ele que até pôs a
cantiga à disposição da comunidade desde que não lhe pespegassem nenhum hino
religioso em cima.
Este
pormenor-pormaior perdeu-se algures na tradução, como enjoámos de saber. É
prestar atenção ao título do hino, Hark! The
Herald Angels Sing. Bonitinho, só que de tanto nos mandarem ouvir, Hark!
virou Arrrgh!
Mas
isso agora não interessa nada. Interessa sim que Gutenberg deu também o nome a
um projeto que na presente época digitalícia do confinamento pôs à nossa
disposição, quais prendas, 54 000 livros grátis, dispensando-nos assim não
só de qualquer compra, como de ouvir o íncubo da cantiga. Há de tudo, incluindo
livros para colorir e livros em várias línguas para crianças – que não é bem o
mesmo que livros para crianças em várias línguas.
Projeto Gutenberg:
"Gutenberg-Kantate”, Festgesang, MWV D4 (F. Mendelsohnn) pelos Dale Warland Singers:
Manuela Ivone Cunha
Sem comentários:
Enviar um comentário