quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Memorando de entendimento.

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Ruby Nell Bridges, 1960.
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Normal Rockwell, The Problem We All Live With, 1964.
 
Recriação melhorada do quadro de Norman, por Margarida, 2012.
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                                     A própria da artista.
 
 
 
 
O pai da Margarida contou aqui a história de Ruby Bridges. Aos seis anos de idade, Ruby Bridges foi uma heroína pequenina, mas grande, da luta contra o racismo na América. Durante um ano lectivo, atravessou multidões enfurecidas que a insultavam e que a ameaçavam só porque não queriam que ela estudasse ao lado de meninos brancos. Todos os dias, sem falhar um só, Ruby chegava à escola, sentava-se numa sala vazia, na solidão de si mesma. Sem qualquer colega por perto, assistia às aulas. A história de Ruby Bridges foi imortalizada por Norman Rockwell num quadro que ficou famoso – o pai da Margarida também escreveu como pôde, e do pouco que soube, sobre esse quadro  que ficou famoso. O texto do pai era um presente de aniversário para a Margarida. A Margarida ficou toda comovida, mais com a história de Ruby do que com o texto do pai. Decidiu Dona Margarida fazer um desenho parecido com o quadro de Norman Rockwell, mas em melhor. O pai ficou todo comovido, mais com o desenho a lápis da Margarida do que com o quadro a óleo do Norman Rockwell. Então, mandou o desenho por correio a Ruby Bridges. Os meses passaram, acabou o Verão e caiu o Outono, sobrevivemos juntos a mais um Natal. A Margarida já se tinha esquecido do desenho e da carta que o pai mandara a Ruby Bridges. O pai da Margarida, quando se lembrava da carta, lamentava a perda do desenho a lápis, melhor que um Rockwell, e deitava contas ao preço dos selos, daqueles mesmo caríssimos, capazes de atravessarem o Atlântico (que é grande). Julgou que, sendo Ruby Bridges uma personagem tão histórica e famosa, não iria perder tempo  com os desenhos que recebe diariamente das margaridas do mundo inteiro. Há uns dias passados, já neste Janeiro, o senhor carteiro trouxe do estrangeiro um livro sobre Ruby Bridges. Assinado pela própria Ruby e com uma dedicatória de Natal para a Margarida. A miúda ficou aos pulos que nem imaginam aquela felicidade. Agora só falta escrever, no inglês possível, a carta de agradecimento. Lá irá a carta, com selos caríssimos, daqueles transatlânticos. O pai da Margarida já anda a ficar um bocadinho irritado com esta falta de educação por parte da  filha que lhe calhou em sorte. Que lhe calhou em sorte, muita. O pai da Margarida sou eu. E tu és eu, Margarida. 
 
 
                    Para a Joana e para a Leonor, que também são gente.
 
 

4 comentários:

  1. fantástica aventura transatlântica e que sorte tal pai e tal filha :)
    verdadeira escola!

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  2. Estes sao os 'pequenos' acontecimentos q interessam e não saber se o marcelo falou ou não com o soares e mais o raio q os partam. Boa, antónio e margarida!
    Jcortes

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  3. Que orgulho dos 'meus meninos' Margarida e António!
    Margarida (a outra)

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  4. Ena!
    Snif, ... que lindo...; parabéns, Margarida...
    E, sabes? O meu pai também se chamava António, vê lá as coincidências!
    E eu também gosto de desenhar, mas não o faço tão bem como tu.
    Que livro lindo ganhaste!
    Beijinhos, linda Margarida!

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