domingo, 4 de outubro de 2015

De novo, os manuais escolares...

 
 


 
A vergonha dos manuais escolares


Como é possível que cada disciplina tenha pelo menos seis livros disponíveis, crescendo esse número até 12 à medida que se avança nos ciclos?
 
Muito se tem falado na baixa de natalidade do país, havendo muitas explicações para o facto de estarmos a morrer mais do que nascemos. Olhando para o que se passa no ensino básico e no secundário, entendemos como é difícil para a maioria das famílias terem mais de um filho. Mas comecemos pelas creches que são mais caras que as próprias universidades, como alguém chamou a atenção há pouco tempo. Fará algum sentido, num país que está a hipotecar o futuro com tão poucos nascimentos, que não exista uma rede nacional de creches que permita às famílias menos abonadas deixarem os seus rebentos enquanto vão trabalhar?
 
Quando chega a hora de entrarem na escola, a conversa continua a ser surreal: os livros de um ano não dão para o outro e, assim, as famílias com mais de um filho são obrigadas a despender o que não têm. Nesta edição fomos tentar perceber as razões deste descontrolo e as acusações são mútuas entre livreiros e professores, ficando os pais no papel de prejudicados e revoltados com a situação.
 
Como é possível que cada disciplina tenha pelo menos seis livros disponíveis, crescendo esse número até 12 à medida que se avança nos ciclos? Não se percebe quem foi a cabeça bem pensante que deu esta oportunidade às escolas, mas sabe-se que antigamente cada família sabia que os livros serviam de um ano para o outro, a não ser que houvesse uma mudança radical de programas. Supostamente, agora os livros deveriam ter um período de vigência de seis anos, mas são alterados todos os anos. Como é possível? 
 
Os directores de escola atiram-se às editoras, o Movimento Reutilizar ataca os professores por “compactuarem” com estas. É de todo inaceitável as manobras que as editoras fazem para inutilizar os livros de um ano para o outro.
 
Desde colocarem exercícios no meio dos livros – quando há cadernos específicos para isso – até não permitirem tecnicamente que se apaguem as referências a lápis. Será que podemos ir aprender com outros países onde os manuais são distribuídos gratuitamente a todos os alunos, desde que não os estraguem e possam ser utilizados no ano seguinte?
 
Vítor Rainho
 
(jornal «i», editorial, aqui;

e, no interior, notícias aqui, aqui, aqui e aqui)  



 


 


 

 
 
 
 
 
 
 
 


 
 
 
 
 

 
 

 
 

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