Este
livro tem-nos perseguido, a mim e ao Miguel Nogueira de Brito, desde que há muitos anos, em conjunto com o Joaquim Pedro Cardoso da Costa, sugerimos
ao João Paulo Azevedo Mendes que o publicasse na sua editora Tenacitas, com um
prefácio que gostaríamos de ter actualizado para esta edição, mas que, por
falta nossa, não pôde ser escrito.
Depois
da sua edição original em português, surgiram obras muito importantes sobre o
Holocausto mas também – e sobretudo – sobre o próprio livro de Hannah Arendt,
com destaque para o de Deborah Lipstadt, The
Eichmann Trial (2011). Aliás, recentemente esteve em exibição entre nós –
primeiro, no Festival Judaica e depois no circuito comercial – um filme, Denial, de Mick Jackson, sobre outro livro de Deborah Lipstadt, History on Trial, e a controvérsia
judicial que a opôs ao historiador revisionista britânico David Irving.
Aliás,
noutra edição da Judaica – e, como sempre, graças ao trabalho extraordinário de
Elena Piatók – já tinha estreado um filme de 2012 sobre Hannah Arendt, chamado
precisamente Hannah Arendt, de
Margarethe von Trotta.
Havendo
também dezenas de livros e filmes sobre a captura e o julgamento de Eichmann,
inclusivamente por parte de quem não o conseguiu caçar, como Simon Wiesenthal (Eu persegui Eichmann, é o título, algo
melancólico e derrotista, do seu livro), pouco se poderá dizer de muito novo,
como esta reedição tanto merece – e pela qual me permito felicitar a Isabel
Castro Silva, da Ítaca Editora.
Por
isso, e como creio que a abordagem filosófica e jurídica a este livro tem sido
muito explorada – e o Miguel fá-la-á com muito mais competência do que eu –
gostaria de falar um pouco, muito pouco, de Eichmann
em Jerusalém numa perspectiva historiográfica. No fundo, saber qual o
contributo que deu para a historiografia do Holocausto ou, talvez melhor, como
é que este livro se insere e antecipa a muitos dos debates da historiografia do
Holocausto que só veriam a luz muitos anos ou décadas depois.
Importa
notar, desde já, que Eichmann em
Jerusalém não é um trabalho de História, nem tinha essa pretensão. O livro,
como sabem, partiu de uma reportagem em cinco artigos para a New Yorker, saídos em Fevereiro e Maio
de 1963, e do ponto de vista histórico Hannah Arendt baseou-se muito no livro monumental
de Raoul Hilberg, The Destruction of European Jews, de mais de 1200 páginas, uma obra de referência, seminal,
que, curiosamente, foi na época rejeitada por cinco editores – e, aliás,
continua por publicar em Portugal… O que é irónico é que Hannah Arendt, que mais
tarde louvaria enormemente o livro de Hilberg, dizendo ser «a primeira
descrição clara da incrivelmente complexa máquina de destruição» do nazismo,
dera um parecer negativo para a publicação daquela obra pela Princeton University
Press, o que obrigou Hilberg a publicá-lo em 1961 numa editora de muito menor
projecção de Chicago, a Quadrangle Books.
Intencionalistas
vs. funcionalistas
Falando
agora do livro de Arendt e da historiografia do Holocausto, não podemos cair no
anacronismo e cometer uma injustiça àquela obra, atendendo, como disse, ao
caudal enorme de publicações que saíram posteriormente e aos debates acesos que
se travaram, e ainda travam, entre, por exemplo, as teses intencionalistas e as
teses funcionalistas sobre o Holocausto – para uma primeira aproximação a este
debate, recomendo muito a síntese de Michael Marrus, The Holocaust in History, que descreve bem a divisão entre os que,
desde os julgamentos de Nuremberga, Frankfurt de 1963-1965 ou de Eichmann,
consideram que o Holocausto se deveu a uma intenção e a um plano programado com
grande detalhe (os intencionalistas,
portanto) e os que, pelo contrário, e sem quaisquer intuitos negacionistas,
revisionistas ou desculpatórios, entendem que o Holocausto resultou não tanto
de uma intenção pré-programada ao milímetro mas de uma dinâmica conjuntural que
acabou por levar à Solução Final. Porventura, o nome mais conhecido desta
corrente é Christopher Browning. De certo modo, Hannah Arendt prenuncia as
teses funcionalistas ao não abordar o anti-semitismo pessoal de Eichmann – ou,
se quisermos, ao menosprezar o seu papel, chamando-lhe clown/«palhaço» – e, acima e tudo, ao descrever minuciosamente o
processo que, pouco a pouco, levou ao abandono de projectos alternativos, como
o «Plano Madagáscar», e impôs a «Solução Final» na Conferência de Wannsee.
É
claro que também se pode dizer que Arendt não era uma funcionalista mas uma
intencionalista, pois perscruta as motivações de Eichmann e procurará situá-las
ou analisá-las, em articulação com as suas reflexões subsequentes sobre a
faculdade do juízo em Immanuel Kant. Por isso, talvez seja mais prudente não a «arrumar»
numa das duas correntes as quais, de resto, só viriam a emergir com nitidez
décadas depois da saída do livro de Arendt. Em qualquer caso, há trechos desse
livro que aderem muito proximamente às teses funcionalistas, nomeadamente por,
acompanhando o seu mestre e amigo Karl Jaspers, Hannah Arendt se afastar
completa e militantemente da ideia do «demonismo» intrínseco de Adolf Hitler. O
ponto tem sido sublinhado por muitos autores, dos quais me ocorre citar Enzo
Traverso em O Passado, Modos de Usar.
Note-se,
para mais, que esse «demonismo» e essa focalização excessiva em torno do «mal
radical» de Hitler são, ou podem ser, um expediente desculpatório do povo
alemão no seu todo, daqueles a quem Daniel Goldhagen chamou – porventura, com exagero
– os «carrascos voluntários» do Führer.
No
Hitler, no Holocaust
De
certo modo relacionado com este debate é a avaliação feita do papel de Hitler,
ou seja, a controvérsia dos historiadores em torno da afirmação No
Hitler, no Holocaust. Baseia-se muito em aproximações típicas da
história virtual ou contrafactual e, uma vez mais, não tem quaisquer intuitos
desculpatórios ou negacionistas. Terá, quando muito, um efeito algo
«normalizador», como bem acentua Gavriel Rosenfeld, num livro muito interessante,
provocatoriamente intitulado Hi Hitler,
e que analisa a «normalização» do passado nazi pela cultura de massas
contemporânea.
Importa
notar, no entanto, que por «normalização» Gavriel Rosenfeld não pretende dizer
«negação» ou quaisquer outras formas de revisionismo, mas sim o desaparecimento da ideia de excepcionalidade,
ou seja, a assunção do nazismo, neste caso, como um legado do passado igual a
qualquer outro, a sua percepção como um acontecimento localizado no tempo –
ainda que repetível, naturalmente, em contextos similares ou afins.
Note-se,
a este propósito, comparações feitas, nos anos 1960 e seguintes, seja por
membros do Likud, seja por Trabalhistas israelitas, de Gamal Abdel Nasser ou de
Yasser Arafat a Adolf Hitler acabam por questionar a ideia da uniqueness do Holocausto, ideia que,
apesar de estar hoje em declínio na historiografia da Solução Final, ainda tem
muitos seguidores (v.g., Steven Katz,
Saul Friedlander, Yehuda Bauer, Deborah Lipstadt, Daniel Goldhagen). Em Israel,
no entanto, mesmo grupos ultra-ordtodoxos, como os Haredim, ao falarem de «políticas
nazis» nos territórios palestinianos ocupados – no fundo, ao usarem a reductio ad Hitlerorum de que falava Leo
Strauss e de que fala agora a «lei de Goodwin» – acabam, talvez
involuntariamente, por alimentar a tendência para pôr em causa a singularidade
da Shoah.
A uniqueness do Holocausto
Outro
debate que o livro de Arendt de certo modo suscita é o da singularidade do
Holocausto, a noção de uniqueness da
Shoah. É um debate que tem grandes implicações políticas e que, de alguma
forma, está actualmente encerrado, tendo sido derrotada a tese da
«singularidade» do Holocausto pela ocorrência de tragédias ocorridas
posteriormente, sobretudo tragédias com o perfil de genocídios, como as que
tiveram lugar na ex-Jugoslávia ou no Ruanda. Como é evidente – e aqui, uma vez
mais, temos de evitar o anacronismo e colocarmo-nos na perspectiva de Arendt,
que escreveu as suas reportagens para a New
Yorker em finais de 1962 –, a autora de Eichmann
em Jerusalém não tinha a consciência desses massacres. Mas não só a ideia
de «banalidade do mal» como o que dissera noutro livro, As Origens do Totalitarismo, permitem inferir, com alguma
probabilidade, que Hannah Arendt não perfilhava a tese da «singularidade» do
Holocausto. Talvez o ponto mais decisivo de todos na contestação à uniqueness do Holocausto, à
«singularidade judaica», sejam as considerações que Hannah Arendt tece sobre o
destino reservado aos polacos se acaso o Reich tivesse triunfado. Ou seja,
considerar-se que os polacos, gentios cristãos, teriam um destino idêntico ou
algo similar ao dos judeus era algo extremamente provocatório na altura em que
saíram as reportagens da New Yorker.
Atrevo-me mesmo a dizer que, na perspectiva sionista, essas considerações – que
actualmente seriam perfeitamente perfilhadas, por exemplo, por um Daniel
Bloxham, autor de The Final Solution: A
Genocide, ou por um Timothy Snyder, na sua obra Bloodlands/Terra Sangrenta – eram quase tão «graves» do que aquelas
que Arendt tece a propósito dos conselhos judaicos.
No
Holocaust, no Israel
No
contexto da época isso era polémico, porventura muito mais polémico do que
hoje. Porquê? Aqui entronca outra questão, outra querela, absolutamente
central; um debate historiográfico eivado de implicações políticas, que é a
controvérsia em torno da ideia No Holocaust, no Israel, ou seja, o
da importância ou centralidade do Holocausto para o nascimento do Estado de
Israel e para a mobilização da memória da Shoah pelos líderes israelitas. A
operação de captura e o julgamento de Adolf Eichmann foram um instrumento
decisivo dessa estratégia, desenhada ao mais alto nível, directamente pelo
primeiro-ministro Ben-Gurion em 1960. Por isso, as críticas de Arendt ao
processo de Jerusalém, a defesa da ideia de que o criminoso nazi devia ter sido
julgado por um tribunal internacional e não por um tribunal israelita, o
sublinhar do papel dos conselhos judaicos na logística do extermínio, a noção
de «banalidade» do condenado (cuja condenação à morte, note-se, Arendt apoiou),
tudo isso constituía, digamos assim, uma «afronta» ao sionismo ou, talvez melhor,
à geopolítica de memória que norteara
a fundação do Estado de Israel. Compreende-se assim a indignação e o clamor que
a reportagem da New Yorker causou, e
que levou à ruptura até de relacionamentos pessoais com Hannah Arendt por amigos
como Hans Jonas e Gershom Scholem e por parte de colegas seus nas universidades
norte-americanas e – o mais doloroso de todos – com o seu amigo Kurt
Blumenfeld, como aliás é mostrado no filme de Margarethe von Trotta, num
dilacerante diálogo mantido em Jerusalém entre Arendt e Blumenfeld, uma personalidade
que tanto a apoiara ao longo da vida. Ao lado de Arendt ficaram o seu marido e
a sua grande amiga, Mary McCarthy.
Hannah Arendt não se pronuncia sobre a ideia No Holocaust, no Israel, que é defendida
desde o antigo presidente do Irão, Ahmadinejad, a grupos ultra-ortodoxos
judaicos que rejeitam o sionismo, como o Neturei Karta. Vários historiadores,
de esquerda e de direita, aderem a essa tese, como Gilbert Achcar ou Bernard
Avishai, do mesmo modo que também historiadores de esquerda e de direita a
contestam, desde o liberal de esquerda Tom Negev ao conservador Efraim Karsh –
e só para citar autores israelitas.
No
seio desta querela, ninguém questiona, julgo, a importância do processo de
Eichmann para a afirmação do Estado de Israel e para a consolidação da
legitimidade política da sua presença naquele espaço. Aliás, alguns
historiadores – uma corrente minoritária, é certo – sustentam mesmo que se o
Estado de Israel já estivesse criado antes de 1939 o Holocausto nunca teria
ocorrido. Existe inclusivamente um ensaio ficcional do reputado historiador
Walter Laqueur sobre uma utopia/ucronia, a Disraelia, um Estado criado no
século XIX devido à acção concertada de Disraeli e da família Rothschild, cuja
existência teria evitado a 2ª Guerra, o Holocausto e até o 11 de Setembro.
Seja
como for, o que há na obra de Hannah Arendt é a percepção clara da
instrumentalidade daquele julgamento para a afirmação internacional do Estado
de Israel. Daí a desconfiança com que observa a sala de audiências e os seus
actores, bem como o processo que a fazia estar ali. É nesse sentido, e apenas
ao nível dessa percepção, que se pode dizer que o tema No Holocaust, no Israel surge nas entrelinhas de Eichmann em Jerusalém.
O papel dos conselhos
judaicos
No
livro de Arendt, a questão mais «grave», por assim dizer, relacionava-se com as
referências feitas ao papel dos conselhos judaicos – e isso tem sido
abundantemente dito por todos os que
se debruçam sobre Eichmann em Jerusalém.
Não interessa tanto fazer o escrutínio das teses de Hannah Arendt – que, de
certo modo, foram impugnadas em definitivo por Deborah Lipstadt – mas perceber o
seu alcance no contexto histórico em que foram apresentadas, ou seja, nos
alvores dos anos sessenta. Como salienta Gavriel Rosenfeld, a tese de Hannah
Arendt não era, ela própria, absolutamente «neutra» do ponto de vista político.
Sobretudo no pós-guerra, Arendt afastou-se do rumo que o movimento sionista
tomara. «A sua visão especulativa sobre um passado melhor reflectia a sua
desafeição com o presente», diz Rosenfeld. Qual é o «passado melhor» que Hannah
Arendt, ainda que implicitamente, concebe de forma contrafactual ou hipotética?
É o de sustentar que, se não tivesse havido uma colaboração activa de judeus,
dos conselhos judaicos, o número de vítimas teria sido muito menor. Ora, isso
não só era à época absolutamente escandaloso como ainda hoje leva muitos a
considerar, com exagero, que Arendt, no dim de contas, «culpou as vítimas». Mais
ainda, do mesmo modo que «culpou» as vítimas acabava, de certa forma, por
relativizar os crimes dos nazis, diluindo-os numa noção de «banalidade».
Trata-se de uma visão bastante redutora do que Arendt escreveu, sem prejuízo de
termos de reconhecer que ela quis deliberadamente ser provocatória e polémica
nos artigos da New Yorker. Considerar
que o fez por ingenuidade é um insulto à sua inteligência. O que talvez se
possa dizer é que Arendt não estava à espera de uma reacção tão violenta por
parte dos seus críticos, mas que não pretendeu escrever um texto analítico e
asséptico, disso não podemos duvidar.
A «normalização» do
Holocausto
Porventura
– e não querendo maçar muito mais quem me ouve –, o contributo mais decisivo,
do ponto de vista historiográfico, de Hannah Arendt constituiu numa antecipação
polémica de um processo de «normalização» que, não o esqueçamos, não nasceu
apenas com aquilo a que já se chamou o «boom
da memória» de finais dos anos 1990 e inícios do novo milénio. Tomada no
sentido que lhe confere Gavriel Rosenfeld, a «normalização», insiste-se, não
implica a negação mas sim o tratamento de um facto como pertencente ao domínio
do passado, de um pretérito imperfeito mas de um pretérito. Não se relativiza
essa imperfeição – e daí as questões do mal banal, do mal radical, etc. –
procede-se, isso sim, à sua historicização. Uma historicização que não abdica
da formulação de juízos morais e até de julgamentos (e até mesmo de julgamentos
«jurídicos» ou «judiciais»), não sendo por acaso que este processo de
«normalização» correu e corre em paralelo com a difusão da ideia de justiça
universal e o movimento memorialista vivido desde Espanha à América Latina,
passando, em quadros pós-coloniais, por África, pelos Estados Unidos ou a
Austrália (num certo sentido, e – repito – sem ter feito um trabalho com
pretensões historiográficas, Hannah Arendt antecipou muito do que agora se
discute. Assim, por exemplo, a sua defesa de que Eichmnann deveria ser julgado
por um tribunal internacional por crimes contra a humanidade e não, como quis
Ben-Gurion, por um tribunal judaico por crimes contra os judeus, avança um
movimento que, como dissemos, só veria a luz décadas depois, nos alvores dos
anos 1990).
Aliás,
a par do Holocausto, outras noções e realidades, como a que consagra a 2ª
Guerra como a finest our dos
britânicos, a qual, devido a Winston Churchill e outros, alimentou o imaginário
da Grã-Bretanha desde finais dos anos 40 até meados dos anos 70, tem vindo a
ser impugnada de vários lados e a ser objecto de uma historicização em que se
recordam que também entre os alemães houve vítimas, e muitas. Lembre-se, por
exemplo, a evocação dos bombardeamentos dos Aliados feita por Sebald em História Natural da Destruição ou alguns
livros e testemunhos de Günter Grass, com destaque para A Passo de Caranguejo.
Em jeito de balanço
O
facto de ter sido precursora – e vítima do seu pioneirismo – não a resgata de
equívocos que cometeu. Desde logo, a opção por um registo polemizante e
provocatório, muito marcado pelas suas inquietações pessoais em torno do que
era «ser judeu». Depois, a interpretação abusiva e apressada, mesmo atendendo
ao que se sabia na época, sobre o papel dos conselhos judaicos. Assim, quando
afirma, a dado passo do seu livro, que, sem a colaboração dos conselhos
judaicos, o número de vítimas teria sido metade
do que aquele que se verificou, dizendo, ao mesmo tempo, que esse número se
situou entre 4,5 ou 6 milhões, Hannah Arendt não entrou apenas no território da
história contrafactual ou virtual, o que seria legítimo; mas, indo mais além,
embrenhou-se nos meandros da pura especulação ou do palpite – o que é abusivo. Como
alguns lhe lembraram, os Einsatzgruppen
mataram milhões a Leste, especialmente na Ucrânia, e aí não existiam os Judenräte, ou seja, os conselhos
judaicos…
Nada
disto significa desvalorizar a importância desta obra, que é uma obra histórica mas não de História. Mas é uma
obra teve – e tem – mesmo do ponto de vista historiográfico, um grande
interesse. Como sublinha Gavriel Rosenfeld, depois de Eichmann em Jerusalém a historiografia tem-se concentrado em
estudar as origens políticas do regime nazi, a sua estrutura administrativa, as
suas afinidades ideológicas com o nazismo, mas há um certo desvanecimento da
busca das origens do Holocausto (não
confundir com as origens do nazismo).
Em
suma, do ponto de vista conceptual, analítico, filosófico e até
historiográfico, Eichmann em Jerusalém,
sobretudo se for lido em articulação com outros textos da autora (por exemplo,
os que publicou na revista Aufabau
sobre Theresienstadt ou sobretudo com As
Origens do Totalitarismo), permanece uma obra de inestimável valor e inquestionável
actualidade.
Daí
devermos saudar a publicação deste livro, em boa hora levada a cabo por Isabel
Castro Silva e pela Ítaca Editora.
António
Araújo
P.S. – texto que
serviu de base à apresentação, em conjunto com Miguel Nogueira de Brito, do
livro Eichmann em Jerusalém,
realizada na FNAC/Chiado no dia 19 de Maio de 2017. O facto de se tratar de um
mero «auxiliar de memória» de uma intervenção oral explica o seu estilo algo coloquial e os defeitos
e erros de escrita, que espero não sejam muitos nem muito graves.
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