quinta-feira, 25 de abril de 2019

O(s) Papa(s).


 
 
 
 
 
 
         No meio de tanta coisa péssima, vulgar e sensacionalista que para aí se publica sobre o Vaticano e os papas, este é um livro interessante, sereno e honesto, que procura ser imparcial e justo. Acima de tudo, está escrito de uma forma muitíssimo cativante, capaz de prender a atenção até do leitor menos familiarizado com os labirínticos meandros romanos. Sobre a renúncia de Bento XVI, não tem a densidade histórica e teológica de um livrinho precioso, de Roberto Rusconi, A Grande Renúncia. E, para biografias de Ratzinger, há melhor, bem melhor, do que este livro de Anthony McCarten. Desde logo, os livros de John Allen Jr., de que McCarten se socorre à larga, em especial a sua biografia de Bento XVI. Mas permita-se a insistência: romancista, dramaturgo, guionista, autor de A Hora Mais Negra, McCarten tem uma excepcional capacidade narrativa e este livro O Papa lê-se num piscar de olhos. Mesmo que notemos um ou outro erro lamentável (como chamar cardeais a Hans Küng e Johann Baptist Metz, na página 153, ninguém notou, em Portugal e no estrangeiro?) e mesmo que discordemos do seu juízo muito crítico e severo do pontificado de Bento XVI. Ainda assim, O Papa é um livro importante para crentes e não-crentes, uma obra de fácil acesso que permite perceber até que ponto os sucessivos casos de abuso sexual de menores estão a minar a Igreja sob todos os pontos de vista (inclusive, financeiro, pois são já muitos os milhões pagos para calar ou acalmar as vítimas).   
 



 
 
 

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