No
meio de tanta coisa péssima, vulgar e sensacionalista que para aí se publica sobre o
Vaticano e os papas, este é um livro interessante, sereno e honesto, que
procura ser imparcial e justo. Acima de tudo, está escrito de uma forma muitíssimo
cativante, capaz de prender a atenção até do leitor menos familiarizado com os labirínticos
meandros romanos. Sobre a renúncia de Bento XVI, não tem a densidade histórica
e teológica de um livrinho precioso, de Roberto Rusconi, A Grande Renúncia. E, para biografias de Ratzinger, há melhor, bem
melhor, do que este livro de Anthony McCarten. Desde logo, os livros de John Allen Jr., de que McCarten se socorre à larga, em especial a sua biografia de
Bento XVI. Mas permita-se a insistência: romancista, dramaturgo, guionista,
autor de A Hora Mais Negra, McCarten tem uma excepcional capacidade narrativa e este livro O Papa lê-se num piscar de olhos. Mesmo
que notemos um ou outro erro lamentável (como chamar cardeais a Hans Küng e
Johann Baptist Metz, na página 153, ninguém notou, em Portugal e no
estrangeiro?) e mesmo que discordemos do seu juízo muito crítico e severo do
pontificado de Bento XVI. Ainda assim, O
Papa é um livro importante para crentes e não-crentes, uma obra de fácil
acesso que permite perceber até que ponto os sucessivos casos de abuso sexual
de menores estão a minar a Igreja sob todos os pontos de vista (inclusive,
financeiro, pois são já muitos os milhões pagos para calar ou acalmar as
vítimas).
Sem comentários:
Enviar um comentário