segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Dois livros, um império.

 
 
























Em tempos idos, Malomil dedicou muita atenção a estas coisas do brutalismo arquitectónico soviético. A moda passou um pouco, mas há sempre alguém que resiste. Dois livros. Eastern Blocks é um álbum com mais de 100 fotografias de arquivo da Zupagrafika ou tiradas por fotógrafos locais em Moscovo, Berlim Leste, Varsóvia, Budapeste, Kiev e São Petersburgo. Blocos monumentais, o cinzento-betão a erguer-se da neve, o que impressiona é a uniformização e a padronização do estilo: tudo igual, sem sermos capazes de dizer se uma fotografia é de Moscovo ou de Varsóvia. O Bloco Leste fazia-se disso mesmo: como todos os impérios coloniais, era essencial que a paisagem visual e arquitectónica fosse idêntica, rigorosamente igual, pois só assim se transmitia a ideia – e a imagem, a fachada – de unidade. Os tristes habitantes do império sentiriam que estavam sempre no mesmo lugar, que a casa socialista era muito grande, que o sovietismo era um espaço imenso, abarcando milhares de quilómetros quadrados.
 
 











 
Ia até à Ásia. É disso que trata Soviet Asia, da autoria dos fotógrafos italianos Roberto Conte e Stefano Perego Da Fuel, muito dada a estas coisas. As antigas repúblicas soviéticas do Cazaquistão, do Quirguistão, do Uzbequistão e do Tajiquistão. Uma vez mais, o mesmo estilo, inconfundível. A mesma marca, férrea, de Varsóvia aos confins da Ásia Central (ainda que, neste caso, com uma mescla de influências persas e islâmicas, como se pode ver nas imagens supra).
 
 
 
 

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