Como
ontem falei do livro do Polífilo, e estamos portanto em domínios de novelas
gráficas, lembrei-me de hoje mencionar, em passagem lesta, a sinagoga de Dura Europo, que foi uma cidade de origem greco-macedónica fundada no ano 300 a. C.
sob restos de uma localidade semita.
Li
um livrinho-maravilha sobre esta brincadeira antiga, Cercare la Bellezaz tra Oriente ed Occidente, de Gianni Morelli, o
qual, além dos frescos da sinagoga de Dura Europo, ou Eurpos (actual Síria,
como estarão as pinturas?), fala do Evangelho de Rossano e dos mosaicos de
Ravena. Com calma e vagar, voltaremos a estes dois temas.
Quanto
à sinagoga, é bué antiga. E foi descoberta por soldados do Império Britânico já
no século XX (mais rigorosamente, pelo arqueólogo americano Clark Hopkins,
corria 1932) e foi declarada
Património da Humanidade em 1999, por iniciativa da França. Portanto, se há
muito a criticar no colonialismo das potências europeias, também convém dizer,
perante exemplos como este, que o Ocidente lá foi fazendo alguma coisinha pela descoberta
e pela preservação do património alheio.
Coisas
superinteressantes: um estudo arqueológico mostrou que os soldados romanos foram
mortos com armas químicas por bandas de Dura Europo (aqui). Um ataque traiçoeiro dos
sassânidas, com betume e cristais de enxofre mandados para o interior de uma
galeria. Por conseguinte, quando virdes falar de armas químicas na actual Síria,
é curioso pensar que se trata de arsenal já usado por ali há muito e muito
século.
As
pinturas da sinagoga estão actualmente em Damasco, rezando nós para que se
conservem, e tratam de episódios bíblicos, que seria fastidioso enumerar:
sacrifício de Isaac, Génesis, Moisés a receber as Tábiúas da Lei, o êxodo, visões
de Ezequiel, tudo a coberto da Mão de Deus, amiúde representada, quer aqui,
quer nos mosaicos de Ravena.
Há
quem diga que os murais serviam de quadros instrutivos e pedagógicos para as aulas
de direito e história religiosa, mas sobre a sinagoga de Dura Europo já se
disse e escreveu tanta coisa que nesta manhã, com Agosto à porta e no advento
da greve dos camionistas, é melhor ficarmo-nos por aqui.
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