Em
Berna, junto à Igreja Espírito Santo, foi construída na primeira metade do
Século XIV a Christoffelturm, a Torre Cristóvão. Em 1864 foi demolida após
decisão muito polémica das autoridades locais.
Para
a Torre tinha sido encomendada muito apropriadamente uma estátua de São
Cristóvão em 1496. Tinha 10 metros de altura e era de madeira.
Mas
em 1526 chegou a Reforma a Berna e a presença de santos na via pública viu o
seu fim.
Mas
pragmáticos, os habitantes de Berna resolveram manter a estátua. Tiraram-lhe o
Menino Jesus e o halo do Santo, puseram-lhe um chapéu, uma espada e uma
alabarda no lugar do atributo do tronco da árvore. O santo transformou-se num
guerreiro que guardava a Torre.
Uma
aguarela de 1818 mostra-nos a Christoffelturm junto à Igreja do Espírito Santo:
Outra
representa a Torre no fim da Spitalgasse:
Quando
da decisão de demolição debateu-se o que fazer com a estátua. O Conselho da
cidade resolveu preservar as partes historicamente interessantes da estátua
como a cabeça, as mãos e os pés. Ao menos salvou-se alguma coisa…
Assim,
no Museu Histórico de Berna, se estivesse aberto, poder-se iam ver hoje a
cabeça e um pé do nosso Santo depois de tantas vicissitudes ao longo de 600 anos.
O local onde estava a torre hoje é assim:
Para
terminar tínhamos de chegar a Portugal. À cidade de Tomar.
Numa
das entradas da cidade, na Ponte Velha, existiu outrora uma estátua de pedra representando
São Cristóvão. Foi mandada colocar em 1710. Correu que o pó das pernas da
estátua tinha poderes curativos. O povo passou a raspar as pernas do Santo, o
que não beneficiou a saúde da estátua.
No
início do Século XX havia pessoas que se lembravam da estátua.
O
que é certo é que uma investigação do blog cethomar encontrou no diário de um
viajante inglês chamado Robert Southey (1774-1843) a seguinte entrada
correspondente a Tomar e ao dia 1 de Março de 1801:
(…) Há uma estátua
numa das extremidades, tão desgastada pelo tempo, que a tosca aparência da
criança que está nos seus braços seria insuficiente para identificá-la como São
Cristóvão sem a ajuda da tradição. As pernas estão esburacadas sem piedade,
porque se considera que alguns dos grãos da perna de S. Cristóvão, tomadas num
copo de água, são um remedo excelente para as sezões. (…)” in “Journals of a
Residence in Portugal, 1800-1801”
O
que aconteceu à estátua? Ou caiu para a água e juntou-se ao entulho do rio ou
foi recolhida. Uma das possibilidades é tratar-se de alguma das estátuas que
hoje se encontram no Convento de Tomar e nas suas imediações:
José Liberato
Grande investigação! Parabéns.
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