quarta-feira, 10 de setembro de 2025

São Cristóvão pela Europa (316).

 

 

 

A cidade italiana de Verona tem uma relação especial com São Cristóvão. Os seus Estatutos de 1228 recomendam mesmo que a Sua imagem seja pintada nas portas da cidade.

A Igreja de São Firmo está edificada no local onde terão sido martirizados no Século IV, São Firmo e São Rústico. Existiu uma igreja desde o Século V. A actual estrutura é de cerca de 1350.

Na realidade, existem dois igrejas. A inferior e a superior.

A igreja inferior, românica e de inspiração beneditina, é a mais antiga.

Num dos seus pilares, uma figura de São Cristóvão muito peculiar. Com efeito, o nosso Santo carrega o Menino não aos ombros, mas no colo. Os pés e as águas do Rio Adige parecem pertencer a outro São Cristóvão que estaria pintado por baixo e que seria bem maior.

 Menino segura um livro com a inscrição Pax vobis, A paz esteja convosco.

O fresco será do Século XIV.

 




A igreja superior dispõe de um espectacular tecto como se fosse uma nave invertida de um navio. Decorando o tecto, uma série de 414 (!) cabeças de santos. Não consegui identificar o nosso Santo, mas apostaria que será um deles…

Uma das suas capelas é a chamada Capela Alighieri onde estão sepultados vários descendentes de Dante Alighieri. Dante passou várias temporadas em Verona





As fachadas das casas aristocráticas de Verona eram até ao Século XVIII cobertas de frescos. A cidade era mesmo uma das chamadas de urbs picta, cidade pintada. O Museu dos frescos procurou preservar muitos desses frescos, retirando-os com grande dificuldade das paredes.

É o caso deste fresco atribuído a Turine di Maxio (1356-1390), representando Nossa Senhora com o Menino, ladeada por Santo Antão e São Cristóvão. De notar os cabelos dourados do Santo e do Menino, o gesto curioso do Santo a segurar o cinto e o Menino a acariciar a barba do Santo.

 



É no antigo convento do Século XIII onde está instalado o Museu dos Frescos, que podemos encontrar o célebre túmulo de Julieta.

Para escrever Romeu e Julieta, Shakespeare inspirou-se numa história escrita por Luigi da Ponte que por sua vez recorreu a outras fontes. De uma maneira ou de outra, a história é essencialmente uma ficção. Mas a tradição localiza o desfecho do drama nesta cripta. Parecem ressoar as palavras de Romeu:

 

A grave? O, no, a lantern,

For here lies Juliet, and her beauty makes

This vault a feasting presence full of light.

 

Um túmulo? Oh não, um farol

Pois aqui repousa Julieta, e a sua beleza faz desta cripta um salão festivo, cheio de luz.

 


                                                 Fotografias de 8 de Agosto de 2025

                                                                                 José Liberato

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