quinta-feira, 14 de março de 2013

O mundo é um lugar estranho.

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Gaza, 14 de Novembro de 2012
 
 

 
Divulgada em finais do ano passado, a imagem de um pai palestiniano, chorando a morte do filho nos braços, correu mundo. Foi das mais marcantes de 2012. Captada por Majed Hamdan, um repórter da Associated Press, logo foi dito que a criança tinha sido vítima de um ataque de Israel. Agora, como se refere aqui, uma comissão das Nações Unidas concluiu que Israel não foi responsável por esta morte – como então se clamou aos quatro ventos – e, mais ainda, que tudo indicia que haja sido vítima, isso sim, de um rocket palestiniano. Nas imediações da sua casa, onde morreu, verificaram-se nesse dia vários disparos de rockets.  O Washington Post, que publicara a fotografia dizendo que a morte ocorrera no decurso de um ataque aéreo israelita, vem agora publicar uma nota editorial esclarecendo o caso. Também a Associated Press afirmou que a morte se deveu, muito provavelmente, a um rocket palestiniano, isentando Israel de quaisquer responsabilidades. A morte de uma criança, de uma criança de onnze meses, é horrível, nada o justifica. Menos ainda se justificada ser usada como instrumento de propaganda e desinformação. Aliás, o caso fez-me lembrar uma situação muito similar, ocorrida na Faixa de Gaza em 2000, conhecida como Incidente de Muhammadal-Durrah. O dito conhecido tem inteira razão: na guerra, a primeira coisa a morrer é a verdade.
 
António Araújo


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