Fotografias de Onésimo Teotónio de Almeida
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Caros,
Ontem tive a minha primeira sessão do seminário
"On the Dawn of Modernity" com alunos do primeiro ano, um luxo que a
universidade oferece aos caloiros: permitir-lhes a experiência de um seminário
com menos de vinte alunos. Se eu estivesse com pouca pachorra para recomeçar as
aulas (que não estava), tudo se teria dissipado ali. O interesse deles, o que
revelaram de conhecimentos e de preparação, a desenvoltura com que falaram, o
entusiasmo que manifestaram, sei lá... Reconheço que não é assim por todo o
lado, todavia só posso falar da minha experiência.
Saí da aula (duas horas e meia) a voar, mas aterrei
logo porque um moço esperava-me à porta. Estava muito interessado em fazer o
curso, no entanto tinha ido assistir a outro seminário leccionado à mesma
hora, no entanto concluiu não ser o que lhe interessava.
Acompanhou-me até ao gabinete e lá lhe resumi em uma
hora a aula que acabara de dar. Fi-lo porque o moço (de Washington, DC) revelou
conhecimentos de toda a ordem e até já tinha lido no liceu um dos livros que
vamos ler no seminário e leu outro que apenas recomendo (Jared Diamond, Germs,
Guns, and Steel – quinhentas páginas), entre montes de outras
leituras que já fez. Quando o moço abria a boca e começava a falar, eu abria a
minha cá por dentro, isto é, ficava boquiaberto.
Dos catorze alunos que tenho no curso, cinco são
asiáticos. Números normais hoje nestas universidades em que os orientais (sei
que o termo é politicamente incorrecto mas acho-o mas bonito que 'asiáticos',
que até me lembra um vírus) são cada vez em maior número. Dois deles
vieram directamente da China para a Brown (um de Pequim e outro de perto do
Tibete). Um outro veio directo do Japão. Todos falando um excelente inglês.
Com esta rapaziada há que estar sempre alerta porque
ela não dorme em serviço. Já têm de ler duzentas páginas para a próxima
segunda-feira e vão vir com tudo lidinho e a cabeça afinadinha, a abarrotar de
perguntas.
No meio de tudo isto, pareço um pateta a dizer parvoíces
como se o mundo fosse todo assim e eu não enxergasse mais nada. Para cúmulo, na
tirada final de fotos do Maine segue hoje, sai um conjunto de fotos de bancos
em lugares idílicos. Mas esses dias idílicos já passaram. Vai apenas como
lembrança.
Desculpem lá este tom aparvalhado. E olhem que até nem
está sol. Já choveu e lá fora mora o cinzento. Mas para a semana haverá mais
uma aula com aquele punhado de gente quem nem conta ainda duas décadas mas está
ávida de saber.
Grande abraço do
Onésimo
olha desejo te o melhor sucesso para as aulas e aproveita esses bancos e estuda muito :)
ResponderEliminarhttp://ocarteiravazia.blogspot.com/
quem disse que a Utopia nao existe? existe e contagia.nos
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