Leitura iconológica de dois símbolos
antagónicos:
o Escudo de David (ou Selo de Salomão) e a Suástica (ou Cruz Gamada)
“Nos símbolos, um certo segredo dos
homens acha-se investido: o seu ser encontra neles uma expressão concreta.(…).
Se isto é verdade para os símbolos próprios do indivíduo, é ainda em maior
medida verdadeiro nos símbolos próprios de um grupo, uma comunidade ou um
povo,”
Gershom Scholem
O Messianismo judaico (1971).
1.
O Escudo de David, ou Selo de Salomão
(Signum Salomonis, ou sino Saimão) ou ainda hexalfa
Em 1918 publicava José
Leite de Vasconcelos (1858-1941), autor da Etnografia
portuguesa,[1] um ensaio etnográfico
intitulado Signun Salomonis: estudos de
etnografia comparativa.[2] A
verdade é que este estudo de Leite de Vasconcelos, editado em 1925, constituía,
neste domínio etnográfico, iconológico e simbólico, um exemplo de algumas das
mais interessantes vias inovadoras de pesquisa abertas pelo nosso grande
cientista social. Algumas décadas depois este interessante e inovador ensaio de
simbolismo recebia do historiador israelita Gershom Scholem (1897-1982),
professor na Universidade de Jerusalém, no seu livro sobre o Messianismo judeu,[3] uma homenagem merecida na medida em que vinha
valorizar e dar projecção mundial uma obra que ficara quase desconhecida,
embora merecesse toda a atenção, já que se debruçava sobre um emblema etnográfico
multissecular e que, em português, recebeu o nome corrompido de “sino–saimão” – corruptela de
Signo de Salomão (ou ainda Selo de Salomão, sigillum
salomonis –, e que era o emblema duma estrela de seis pontas formada por
dois triângulos entrelaçados, o chamado hexagrama
ou hexalfa, ou escudo de David (scutum Davidis), estrela inscrita num círculo
– tornada amuleto pelos povos árabes, incluído
o hexagrama no interior da Mão mágica dos muçulmanos –, e que teria uma ampla
difusão em diversas civilizações médio-orientais como as assírias e fenícias,
tanto utilizado como simples ornamento, como amuleto e, por fim, como
específico emblema judaico. Na sinagoga de Cafarnaum, do século III, por
exemplo, o hexalfa surge na decoração do templo, aparecendo no século VII d.C.
ao lado da suástica, sem que esta possa de algum modo ser tida como emblema
nazi.[4] No século
XIX esse hexalfa carregar-se-ia de simbologia predominantemente judaica, sobretudo
a partir do surgimento do movimento sionista liderado por Theodor Herzl (1860-1904),
sendo usado como emblema no seu jornal Die
Welt, desde 4-VI-1897, o ano em que se reunia em Basileia o primeiro
congresso desse movimento.[5] Por
fim, em 1948, a
bandeira do novo estado de Israel seria aprovada em 28-X-1948, concebida como
um tallit (xaile de orações),
aparecendo no centro da campo branco o pendão davídico, a azul, segundo uma ratio de 2:3, entre as duas bandas também
azuladas, em vez das tradicionais faixas negras litúrgicas. Por outras
palavras, o escudo de David (em hebreu: maguen
David) afirmava-se doravante como emblema supremo do estado de eretz Israel, como organização estatal,
restaurada após milénios de diáspora, ainda que o judaísmo, enquanto religião,
se manifestasse também pela presença das duas bandas do referido tallit.
Primitivamente,
provavelmente desde a Idade do Bronze, o hexalfa ou escudo de David foi utilizado
sobretudo como amuleto mágico ou mero ornamento, retomando no começo da Idade
Média como símbolo mágico, sendo também reivindicado pelo judaísmo, como no Talmud
de Babilónia do século VI d.C., como um sinal de domínio sobre os demónios, em
vez do impronunciável nome de Deus que ali figurava primitivamente. A sua simbólica
judia acentua-se, prolongando o sentido inicial que tivera para os fariseus e os
doutores da Torah, sendo as seis pontas dos dois triângulos imbricados um signo
dos seis dias da semana, e o centro o repouso divino, o shabbat, o que representava a plenitude do número sagrado judeu, o sete,
também presente na menorah, o
candelabro de sete braços, assim como os seis pontos de intersecção dos
triângulos entrosados perfaziam o número das doze tribos de Israel, unificadas
durante o reino de David na terra de Israel, em torno de Sião; na Bíblia, em Números, 22:17, lia-se que “um astro procedente
de Jacob se torna chefe, um ceptro se levanta, procedente de Israel”, o que
parecia evocar a monarquia davídica e, nessa medida, o Messias esperado. No movimento
sabataista do século XVII, ele foi um signo secreto para os adeptos do
falso-Messias que fora rabino na Turquia, Sabbatai Zevi.[6]
Havia ainda neste símbolo
hebraico o entrelaçamento do Alto e do Baixo – simbolizando o triângulo que
está em baixo a aspiração do homem para Iaveh e o outro triângulo superior a
aspiração do divino para o humano –, assim como a dualidade entre a dualidade
Homem (o primeiro triângulo) e Mulher (o segundo), o Espírito e a Matéria, ou a
oposição entre a Água e o Fogo. Usado como brasão judaico, a estrela de seis
pontas difunde-se ainda como marca tipográfica em livreiros em Portugal –
Eliezer Toledano imprime em Lisboa, em 1492, uma edição do Pentateuco –, na
Holanda, na Checoslováquia, na Itália, na Rússia, assim como já aparecera em
manuscritos hebreus dos começos do século XV, antes da invenção da tipografia,
além de que o hexalfa prolifera as sinagogas europeias, na Hungria, na
Checoslováquia (século XVI) e ainda nas
pedras tumulares nos cemitérios hebraicos.[7] Como
se viu supra, Herzl, o fundador do sionismo em 1897, adoptou o escudo de David no
seu jornal Die Welt, como emblema do
seu movimento que levaria à criação do estado de Israel em 1948, em cuja
bandeira os dois triângulos entrelaçados do escudo davídico figurariam ao centro,
em azul, com duas barras da mesma cor, em cima e em baixo.
Durante a ocupação pela Alemanha
hitleriana de alguns países europeus a partir da segunda guerra mundial, as populações
de etnia judaica eram obrigadas a ostentar uma estrela amarela de pano, de seis
pontas – o hexalfa ou signo de Salomão
ou escudo de David –, cosida à roupa
judaica como sinal discriminatório, como sucedeu na França de Pétain, na zona
ocupada (em 7-VI-1942, com um J ao centro, grafado com caligrafia semelhante à
hebraica), na Bélgica (em 1-VI-1942, com um J
central), na Polónia (para a população judaica com mais de 12 anos), na
Roménia (a partir de 3-IX-1941), na Holanda (com um Jood no centro da estrela), na Eslováquia, nas ilhas anglo-normandas
ocupadas pelos alemães à Inglaterra (1942), assim como na própria Alemanha (com
Jude escrito no centro). No século XIII
europeu, esta rodela discriminatória já tinha sido utilizada para identificar os
membros do povo da Aliança.[8] No
seu citado estudo Gerschom Scholem termina o capítulo acerca do “estrela de
David” sublinhando que este deu aos judeus “a santidade dum símbolo autêntico”,
sendo “para milhões de homens um signo
da segregação e de degradação. A estrela amarela, que foi para os judeus o
signo da sua segregação antes da se tornar por fim o signo da sua aniquilação, acompanhou-os
no caminho a humilhação e do horror, assim como do combate e da resistência
heróica. Foi sob esse símbolo que os judeus foram assassinados, e foi sob o
mesmo símbolo que eles se reuniram em Israel. Se houve alguma vez na história um solo
fértil donde um signo pôde tirar todo seu sentido, foi de facto aqui.(…). Esse
signo que foi santificado no nosso tempo pelo sofrimento e o pavor tornou-se
digno de iluminar o caminho para a vida e para a reconstrução. O mesmo caminho
que conduzirá à ascensão é aquele que conduziu primeiro ao abismo. E é aí que o
símbolo se carregou com a sua humilhação última, mas foi também aí que também
adquiriu os seus títulos de nobreza.”[9]
2. O emblema que conduziu à
Shoah: a suástica nazi ou cruz gamada
Passemos agora a outro símbolo, a
suástica, a que o nazismo daria uma projecção verdadeiramente sinistra e historicamente
catastrófica, já que nele se simbolizaria o emblema mais agressivo e monstruoso
duma ideologia política racial discriminatória que, convertida no regime alemão
do chamado III Reich (Drittes Reich)
hitleriano, desde Janeiro de 1933 até Maio de 1945, conduziria ao extermínio dos
judeus, na Alemanha e na Europa ocupada pelas tropas nazis, à Shoah. Ele constitui,
deste modo, a antítese simbólica dum outro ícone que acima evocámos, a estrela
judaica ou escudo de Salomão, designado entre nós pela corruptela popular de Sino Saimão. Símbolo adoptado pelo Partido
Nazi e, desde 1935, introduzido na bandeira da Alemanha, a suástica simbolizaria,
deste modo, não só os monstruosos crimes do III Reich como ainda, na sua essência,
a vis genocidaria que ele intrinsecamente
continha, acabando por se tornar, de algum modo, o emblema supremo da Solução
Final da questão judaica (Endlösung der
Judenfrage), ou seja, o gigantesco massacre do povo da Aliança cometido
pelos alemães. Façamos uma breve história desse emblema sinistro conhecido
também como Cruz Gamada.[10]
A suástica (palavra que significa “bom
augúrio” em sânscrito) ou cruz gamada (Hakenkreuz)
é um símbolo circular constituído por quatro braços rematando em quebras
rectangulares, articulados num emblema giratório no sentido dos ponteiros dum
relógio, sendo feito emblema do NSDAP desde 1919 e, por fim, incluído na
bandeira do Reich em 1935, sobre um fundo branco em campo vermelho, ao mesmo
tempo que, encimada por uma águia, figurava em toda a simbologia e nas multitudinárias
manifestações públicas da vida nazi. Como o sublinha Malcom Quinn no seu
excelente estudo sobre a simbólica e história da suástica, Hitler, em 1919, ao
tomar conta do antigo DAP (Partido dos
Trabalhadores Alemães) e ao transformá-lo no seu NSDAP (Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães), “mudou os arcanos da linguagem de iniciação herdada
das Ordens Germânicas numa acção militante. A suástica tornou-se então um signo
que não era lido como uma significante promessa oculta duma profundidade
«educada» de significado, mas como um emblema heráldico, «um símbolo da nossa
própria batalha.»”.[11]
Citemos uma derradeira reflexão de Quinn neste seu estudo interpretativo deste
ícone que sintetiza um dos aspectos mais criminosos e sinistros da vida alemã:
“a suástica é a única imagem que ficou do Nazismo qua Nazismo, o único signo que distingue farsa do terror.”[12]
Ilustração de John Heartfield
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Desde as suas origens longínquas
em civilizações como as grega, persa, indiana, chinesa, ameríndia e tibetana, a
suástica representava o sol e o seu movimento giratório, assim como o ciclo da
vida, tendo sido utilizada pelos cavaleiros teutões, por partidos anti-semitas
romenos desde finais do século XIX e ainda por alguns corpos francos alemães
após o fim da guerra 14-18. Entre os primeiros teorizadores germânicos que
deram importância à simbologia da suástica, há que mencionar Guido von List (1848-1919)
e Jörg Lanz von Liebenfels (aliás Josef Lanz, Viena, 19-VII-1974 – idem, 22-IV-1954).
O primeiro liderava a Ariosofia, movimento que era uma amálgama de nacionalismo
e ocultismo, baseada nos deuses nórdicos, sobretudo Wotan, o deus da guerra,
reivindicando a sua origem nos caracteres rúnicos que fascinavam estes teutões
adeptos do racismo ariano e empenhados no estudo da heráldica, a que não
escaparia um dos seus mais fervorosos discípulos, Heinrich Himmler, esse antigo
criador de galinhas que imaginou um castelo de modelo da Távola Redonda, em
Wewelsburg.[13] Entre os precursores da heráldica
nazi achava-se ainda Karl Maria Wiligut (1866-1919) que propôs que se fizesse
do alfabeto runa, a escrita primitiva dos cavaleiros teutónicos, um dos pilares
da nova ordem nacionalista que havia de vicejar desde os anos 20 a o começo da II guerra
mundial, não sendo por acaso que as cores dos SS fossem as mesmas dos
cavaleiros teutões. No seu castelo/santuário de Wewelsburg, Himmler combinaria
os ideais da ordem teutónica e o alfabeto rúnico com a lenda do Rei Artur numa
nova “fraternidade nobre”: em redor da mesa redonda de carvalho sólido do palacete
da Schutzstaffel sentavam-se o chefe supremo e os doze comandantes das Ordem
Negra, tendo cada um o seu brasão, desenhado pela Ahnernerbe,[14] a
instituição SS que tratava da pureza racial dos seus filiados e da história
teutónica. Muito do ritual e da simbologia da ordem que ostentava a caveira e
as tíbias no boné fora imaginada por Wiligut (que entretanto mudara o seu nome
para Karl Maria Weishor), assim como ele concebera o anel com a caveira e a suástica,
o Totenkopfring, além das duas
iniciais rúnicas da SS.[15]
Guido von List
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Jörg Lanz von Liebenfels
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O último, Jörg Lanz von Liebenfels, ideólogo racista e místico austríaco,
fora, desde 1893 a
1899, membro da ordem cisterciense, no Mosteiro de Heiligenhkreuiz, abandonando
esta instituição para se dedicar a estudos místico-raciais, ao mesmo tempo que
alterou o nome e lhe acrescentou um aristocrático Von Libenfels de sua autoria,
criando então a Ordem dos Novos Templários (Ordo
Novi Templi), publicando em 1904 o livro Teozoologia, no qual defendia a esterilização das “raças
inferiores”, como as “simiescas”, a dos “homens-animais”(Tiermenschen) e dos homens escuros (judeus), propugnando a
submissão das mulheres teutónicas aos homens arianos loiros de olhos azuis, com
os quais deviam engendrar, em conventos de procriação, uma nova raça pura
ariana. Libenfels editou desde 1905 a revista racista
anti-semita Ostara, inspirada no nome
do deus teutónico da beleza, publicação que Hitler teria lido desde 1907 no seu
período vienense. A seita racial ONT escolhera como símbolo para a sua bandeira
uma cruz gamada e um lírio. Também Karl Lueger (1844-1910), o presidente anti-semita
da câmara de Viena desde 1893, tão admirado por Hitler, se mostrara receptivo
às edições da revista de Libenfels, defensor extremo da “pureza racial” que
reduzia a história da humanidade a um conflito entre os arianos loiros e as
raças inferiores dos chandalas – como
eram designados na Índia os “intocáveis”−, garantindo que só a extermínio
destes últimos permitiria o regresso à “pureza ariana”. Quanto aos Arianos de
Libenfels, dividiam-se estes em super-homens nórdicos, deuses germânicos ou
heróis, sendo todas as demais raças identificadas como Afflinge (povo simiesco)
ou Schrätlinge (duendes). Hitler não o cita
uma única vez no seu Mein Kampf e,
desde 1933, chegado ao poder, não apreciou que Libenfels reclamasse ter sido
mentor do seu partido, devendo, nessa medida, ser considerado um dos percursos
do nazismo. A verdade é que as obras de Libenfels foram proibidas na Alemanha
nazi e o seu nome nunca chegou a constar entre os doutrinários inspiradores
reconhecidos e festejados do Führer.[16]
Quanto ao combate político contra a suástica,
há que sublinhar o papel relevante que
na época foi desempenhado pelo destemido artista e grafista alemão John
Heartfield.[17] M.Quinn examina em pormenor algumas destas
fotomontagens na citada revista anti-nazi editada por Heartfield em Praga após
a tomada de poder pelos nazis, em Janeiro de 1933, a AIZ[18] enquanto
John Willet, no seu estudo Heartfield
versus Hitler, estuda a campanha anti-nazi deste implacável adversário do
hitlerismo, exilado na Checoslováquia desde 1933. [19]
João Medina
[1] J. L. de
Vasconcelos, Etnografia portuguesa.
Tentame de sistematização, vol. IV, elaborado segundo as os materiais do
autor por M.Viegas Guerreiro, notícia, notas e conclusão por Orlando Ribeiro,
Lisboa, Imprensa Nacional, 1958, pp.525 e ss. José Leite de Vasconcelos
(Tarouca, 1858-1941), formado em Ciências naturais (Porto, 1881), e em Medicina
(Porto, 1886), doutorado em Letras (Paris, 1901), foi conservador da Biblioteca
Nacional até 1911, altura em que leccionou cadeiras de Filologia na Faculdade
de Letras de Lisboa, até 1929. Interessado no estudo da alma popular, produz
diversas obras resultantes das suas pesquisas etnográficas e folcloristas,
percorrendo todo o país; publicou Tradições
populares em Portugal (1882), Ensaios
etnográficos (1891-1910), Religiões
da Lusitânia (1897-1913, 3 vols.) Esquisse
d’une Dialectologie portugaise (tese de doutoramento, 1901), etc. O Museu
Arqueológico português foi criado em 1893 por sugestão sua. Dirigiu a revista O Arqueólogo português (1895).
[2] J. Leite de
Vasconcelos, Signun Salomonis: estudos de
etnografia comparativa, Lisboa, Clássica, 1918, 124 p, ilustr..
[3] Gershom Scholem, Le
Messianisme juif. Essais sur le
Spiritualité du judaïsme, Paris, Calmann-Lévy, 1974, pp.370-3. Nascido em Berlim em 1897,
professor desde 1925 na Universidade Hebraica de Jerusalém, falecido em 20-II-1982, G .S. deixou uma obra
vasta e de enorme valia sobre o messianismo judeu, As grandes Correntes da Mística judaica, As Origens da Kabala, A
Kabala e a sua Simbólica, Fidelidade
e Utopia. Ensaios sobre o judaísmo contemporâneo, além da autobiografia De Berlim a Jerusalém. (neste último
evoca amigos e grandes figuras e do judaísmo alemão como F. Rosenzweig, Walter
Benjamin, Martin Buber, etc.).
[5] Veja-se a
excelente biografia de Th. Herzl, de Ernst
Pawel, The Labyrinth of Exile. A Life of Theodor Herzl, Nova Iorque,
Farrar, Straus & Giroux, 1989, maxime
pp.324-6 (o jornal sionista DieWelt).
Vrja-se ainda o consagrado estudo de Walter Laqueur, Histoire du Sionisme, Paris, Gallimard, col. Tel, 1994, 2 vols.
[6] Sobre este forte
movimento milenarista do século XVII, veja-se o importante estudo de Gershom
Sholem, Sabbataï Tzevi. Le Messie mystique
1626-1676, Paris, Verdier, 1983, ilustr..
[8] Dois livros
franceses evocam a obrigação de ostentar em França as estrelas amarelas de seis
pontas: o romance de Joseh Joffo Un Sac
de Billes (1973), traduzido em português de João Belchior Viegas como Um Saco de Berlindes, Amadora, Livraria
Bertrand, 1975, publicado depois em BD por Vincent Bailly (desenho) e por Krus
(texto), Paris, Futuropolis, 2 vols., 2011, adaptado ainda ao cinema por Jacques
Dollon (1975). E o livro de Helène Berr (1921-1945), Journal, Paris, Tallandier, 2008. Sobre a história da estrela
amarela ver: −Jacques de Groinec, L´Etoile
jaune, la double Ignominie, Paris, Nouvelles Éditions Latines, 2003. –Serge
Klarsfeld, Paris, L´Archipel, L´Étoile des Juifs, 1992.-Jean-Luc
Evard, Signes et Singnes de la Catastrophe. De la Swastika à la Shoah , Paris, Éditions
de l´Éclat, 2005, escassamente ilustrado. –Malcolm Quinn, The Swastika, Londres e Nova Iorque, Routledge, 1994, ilustrado com
fotos e imagens.
[9] G. Scholem, op. cit., capítulo “A estrela de David:
história dum símbolo” (pp.367-95), pp.394-5.
[10] Veja-se o
citado estudo de Malcolm Quinn, The
Swastika, pp. 4-5 (a suástica e a interpretação do nazismo), 25-6 (a
suástica em Hissarlik, i.e., Tróia, nos achados arqueológicos de Schliemann),
53 (Goblet d’Alviella considera a suástica como um símbolo ariano, numa obra
publicada em Londres, em 1894, The
Migration of Symbols), 125-6 (John Heartfield utiliza as fotomontagens
anti-nazis para denunciar a suástica) e 131-3 (uso da suástica no nazismo).
[11] Malcolm Quinn, op.
cit., p.130. As
passagens citadas com aspas no interior da frase transcrita de M.Q., são do Mein Kampf de Hitler.
[12] M.Quinn, idem, p.104. Este autor acabara de
evocar o filme a paródico The Producers
(1968), de Mel Brooks, sobre uma delirante montada em Nova Iorque sobre o nazismo.
[13] Sobre este
Camelot dos SS veja-se o livro de Richard Breitman, The Architect of Genocide. Himmler and the Final Solution, Nova Iorque, Alfred A. Knopf, 1991, pp.35 e 146-7.
[14] A Anhernerbe Forschung und Lehrgemeinschaft
(Sociedade de Pesquisa e Ensino da Herança Ancestral) era uma organização da SS
dedicada a estudar e difundir a doutrina racial, investigando a história alemã
e a pureza de sangue dos candidatos a ingresso na Schutzstaffel, sendo
administrada por pessoal de confiança do SS-Reichsleiter
(Dirigente da SS do Reich), Heinrich Himmler (1900 - 23-V-1945).
[15] Veja-se Steven Slater e Alfred Znamierowski, The World Encyclopedia of Flags and Heraldy,
Londres, Lorenz Books, 2007, pp.458-9.
[16] Wilfried Daim
(Viena, 21-VII-1923), psicólogo e psicoterapeuta vienense, participou no final
da guerra num grupo de jovens resistentes católicos contra o nazismo, publicou Catolicismo
progressista (1967), Transmutação da Psicanálise (1967) e
ainda uma obra mostrando a influência de Libenfels sobre Hitler: Der Mann, der Hitler die Ideen gab (O Homem que deu as Ideias a Hitler),
Munique, Isar Verlag, 1958. Numa passagem da sua introdução ao Mein Kampf, D. Cameron Watt (Mein Kampf / A minha Luta vol. I,
Lisboa, Edição Glaciar, citada, pp.43-44), sublinha este contributo ideológico
racial, afirmando que Hitler conheceu Liebenfels em 1909 (p.44).O que é
indiscutível é que o racismo ariano e o pendor genocidário deste esotérico racista
estão presentes na visão do mundo hitleriana e na ideologia anti-semita do III
Reich.
[17] O verdadeiro
nome de John Heartfield era Helmut (“Muti”) Held. Nascido em Berlim em 1891,
influenciado pelo cubismo, futurismo e expressionismo, comunista, inimigo do
hitlerismo, exilou-se em 1933 na Checoslováquia, refugiando-se mais tarde na
Inglaterra e nos EUA, regressando ao seu país para viver na República
Democrática Alemã, falecendo em 1968.
[18] Veja-se Malcolm
Quinn, The Swastika, maxime pp. 4-5 (a suástica e a
interpretação do nazismo), 25-6 (a
suástica em Hissarlik, i.e., Tróia, nos achados arqueológicos de Schliemann),
53 (Goblet d’Alviella considera a suástica como um símbolo ariano, numa obra
publicada em Londres, em 1894, The
Migration of Symbols), 125-6. Quinn reproduz, na ilustr.19 do seu livro,
uma das mais famosas fotomontagens de Heartfield, “O velho slogan e o novo
Reich: Sangue e Ferro”, com os quatro machados sangrentos que formam uma
suástica, AIZ, 8-II-1934, reproduzido
também no livro de J.Willet, Heartfield
versus Hitler, Paris, Hazan, 1997, p.139.
[19] Veja-se John
Willet, Heartfield versus Hitler,
Paris, Éditions Hazan, 1997, ilustr., p.139 (a supracitada imagem dos quatro
machados sanguinolentos) e ainda pp.115 (um nazi aparafusa quatro braços suplementares
aos extremos da cruz que Jesus carrega, fazendo desta uma cruz gamada, AIZ de 19332), 137 (o bispo da Igreja do
Reich passa em revista diversos sacerdotes carregando cruzes gamadas ao ombro, AIZ, Janeiro de 1934), 143 (“Como na
Idade Média, assim também no III Reich”: uma escultura circular duma catedral
mostra uma roda que esmaga um homem, e mais abaixo o corpo de outro homem é
destroçado por uma suástica, AIZ,
Maio de 1934), 147 (uma árvore de Natal remata com braços quebrados, formando
uma cruz gamada, AIZ, Dezembro de
1934), 162 (um esqueleto com um capacete alemão semeia pequenas suásticas: “A
sementeira da Morte”), etc.
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