quarta-feira, 22 de maio de 2019

Na Lourinhã Editora… ou a Grande Viagem

 
 

 
 
 
Na Lourinhã Editora… ou a Grande Viagem
 
-Ouçam, precisamos de ideias para escrever uma história, uma boa história.
-E que tal uma fábula? - disse um dos membros da equipa.
-Não, já há muitas. - Replicou o chefe - precisamos de outra ideia.
-Então e uma história que se passasse daqui a 50 anos, em 2069? – idealizou outro.
-Uau, ótima ideia, és um génio! – disse o chefe – (Na verdade, eu é que sou o génio por te ter contratado) – pensou.
-Viagens no tempo! Ou poluição. – disse um deles.
-Demasiado cliché. Se bem que a poluição é uma coisa bastante preocupante. – disse o responsável pela empresa – Agora vou eu dar uma ideia, outras dimensões, que tal?
-Ótima ideia, chefe, nem eu conseguiria pensar em tanta genialidade.
-Tu pensas que só por estares a dar graxa te vou aumentar o salário, deves estar a sonhar. Vamos mas é começar a escrever isto.
E assim, começou a confusa história sobre um cientista, cuja vida mudou para sempre.
 
 
 
A Grande Viagem
I-O futuro nos dias de hoje
 
Em 2069, o mundo estava completamente diferente: havia carros e skates voadores, sapatos que se atavam sozinhos e se adaptavam ao tamanho do pé, era como o filme “Regresso ao Futuro 2”. A ciência tinha avançado duma forma gigantesca, as viagens no tempo eram quase possíveis, tanto como as viagens interestelares, estilo “Star Trek”.
Bem, na NASA trabalhava um cientista chamado Charlie, mas ninguém levava as invenções dele a sério. Ou eram demasiado parvas, ou não eram úteis, ou não funcionavam. Aqui vai uma lista de coisas que ele fez: a bota de plasticina, a piscina miniatura, o robô que se senta, etc.
Um dia, estava na casa de banho (o melhor sítio para se ter ideias) e gritou:
-Eureka!
Foi ter à sala de convívio e partilhou a sua ideia com os seus colegas:
-Imaginem uma máquina capaz de nos levar a outras dimensões, ia ser espetacular, imaginem uma dimensão onde os animais falassem ou uma em que o mundo estava em 100% de paz ou uma em que…
-Isso é impossível de ser feito Charlie, ainda por cima, tu não és suficientemente inteligente para fazer uma coisa dessas.
-E, podia causar bastantes problemas
-Tu achas mesmo que conseguias fazer?!
E toda gente se riu do Charlie.
-Eu vou conseguir, vocês vão ver!
Charlie passou dia e noite a construir, leu livros de Einstein, de Stephen Hawking, de Newton, até que passado 3 meses…
-Consegui, criei o… bem o… como lhe vou chamar? – Charlie ainda não tinha decido tal coisa – Já sei! Vou chamar-lhe extrapolador interdimensional.
 
II-O que haverá do outro lado?
 
-Ok, agora tenho de falar com algumas pessoas de confiança – disse Charlie.
Charlie abriu a porta do seu Mercedes voador e começou a sobrevoar a cidade cheia de edifícios magníficos e construções futurísticas. As risadas das crianças ouviam-se, como as conversas de homens de negócios importantes.
Charlie foi ter com o seu melhor amigo Barry, que também tinha algum conhecimento científico.
-Olá, Barry.
-Então amigo, como vais?
-Vou bem. Olha, eu criei uma coisa, uma coisa espetacular, mas não podes contar a ninguém.
-Estás a gozar, certo? Tipo, eu sei que trabalhas para a NASA e tal, mas… Não poder contar a ninguém?
-Sim, nem a malta da NASA sabe disto, podemos ir p’rá tua casa, só para o caso de alguém ouvir a conversa.
-Ok, ainda tens o Mercedes?
-Sim. E tu, ainda tens o Ford, aquele que é um modelo ainda pior?
-Não, comprei um Lamborghini Urus. ‘Bora lá para a minha casa.
Quando entraram, Barry quis saber logo qual era o grande segredo:
-Vá, diz lá qual é tal coisa que tu inventaste.
-O extrapolador interdimensional.
-O quem?!
-O extrapolador interdimensional, um dispositivo capaz de nos transportar para outras dimensões. Vê com os teus próprios olhos.
-Uau, tens aqui uma obra-prima, mas precisaria de toda a energia duma fábrica inteira para construir isto.
-Bem…
-Oh meu Deus, não me digas que fizeste uma coisa dessas.
-Não viste nas notícias que a NASA ficou temporariamente fechada por causa duma “avaria” lá dentro.?
-Mas isso foi há dois meses! Há quanto tempo andas a trabalhar nesta coisa?
-Relaxa, foram só três meses.
-Meu Deus do céu, mas uau isto é mesmo bom, como o fizeste tão pequeno?
-Se não tivesse feito pequeno demoraria 2 meses.
-Pronto, como é que isto funciona?
-Nós não sabemos o que há do outro lado, podemos ir parar a uma dimensão perigosa. Precisamos de falar com mais alguém, conheces alguém forte, ou com conhecimento em luta para nos proteger?
-Na verdade, até conheço alguém. Vamos lá.
Foram ter ao centro da cidade, uma zona cheia de muito trânsito, apesar dos carros voarem.
-O que raio estamos aqui a fazer? – perguntou Charlie.
-Calma, já vais ver.
Estacionaram e foram andando até chegarem a um grande edifício.
-Espera aí, este é o prédio do multimilionário Tony Barker, porque é que estamos aqui? -perguntou Charlie, com curiosidade.
-Pronto, eu digo… Já ouviste falar do Capitão Xtreme?
-Sim, claro, ele é superfamoso.
-Onde é que achas que ele vai buscar toda a tecnologia?
-Espera aí, estás a dizer que o multimilionário da cidade trabalha para o único super-herói que alguma vez existiu?
-Não, estou a dizer que o multimilionário da cidade é o único super-herói que alguma vez existiu.
-E como é que tu sabias disso?!
-Eu tenho amigos, ao contrário de ti. Estou a gozar está bem, não me leves a sério.
-Ok, então estás a dizer que conheces a verdadeira identidade do Capitão Xtreme, e que ele nos pode ajudar na nossa aventura interdimensional?
-Sim, basicamente isso.
Eles entraram no grande edifício, entraram no elevador e subiram até ao último andar. Chegando lá, havia uma grande porta trancada e blindada.
-E agora? É impossível passar por isto. Vamos voltar - disse Charlie.
-Calma, lá. Eu tenho uma frase secreta – disse Barry.
-E tu fazes ideia qual é?
-Óbvio que faço. “As aventuras têm de ser vividas Ao EXTREMO!”
E a porta começou a abrir-se.
-Barry, meu caro amigo, como vais? – disse um homem de costas que estava sentado numa cadeira.
- Vou bem Tony, olha eu trouxe um amigo comigo – Barry estava com algum receio que o Tony não gostasse da ideia.
- Como é que ele se chama? – perguntou Tony.
-Williams, Charlie Williams, esse é o meu nome. – disse Charlie
-Ah, o inventor.
-Ei, como é que sabias disso?
-O Barry contou-me.
-Pois, olha Tony, eu contei-lhe…-disse o Barry, um pouco nervoso.
-TU O QUÊ?! – Gritou Tony
-Relaxa, eu sou de confiança, aliás precisamos da tua ajuda – tranquilizou Barry.
-Ok, Barry, eu perdoo-te, mas não contes a mais ninguém. No que é que precisam de ajuda? – perguntou Tony, mais calmo.
-Vê, eu criei um extrapolador interdimensional, uma máquina capaz de nos levar a outras dimensões. Mas, como pode haver dimensões perigosas, eu pedi ao Barry que me mostrasse uma pessoa forte com conhecimento em luta, para nos proteger.
-Espera aí, tu criaste uma máquina de viajar entre dimensões?! Eu também tive essa ideia, mas nunca a cheguei a por em prática por ser demasiado difícil. – Tony estava estupefacto.
-Bem, eu consegui construí-lo, vamos por esta coisa a funcionar. Basicamente só tenho de carregar neste botão e aparece o portal para outra dimensão.
Dito isto, Charlie carregou no bendito botão azul e um portal apareceu à frente deles.
 
 
 
 
 
III-Realidades paralelas
 
 
-Tens mesmo a certeza Charlie? Olha que eu acho que essa coisa não é segu…
Antes mesmo de Barry acabar a frase, Charlie já tinha entrado.
- Achas que o teu amigo vai ficar bem? – perguntou Tony.
-Se bem o conheço, já deve estar a andar por aí. Tu tens o teu equipamento?
-Claro. Eu uso nanotecnologia, sabes.
Ambos lá entraram. Ao entrarem, repararam que estava tudo diferente. Era tudo feito de Lego®!
-Ok, isto é estranho. – Disse Tony – Estamos no meu prédio.
-Chiu! – Sussurrou Charlie – Escondam-se.
-Porquê Charlie? – Perguntou Barry.
-Rápido! Escondam-se!
Tony e Barry esconderam-se rapidamente atrás duma secretária.
-Porque é que nos estamos a esconder? – Perguntou novamente Barry.
-Nós estamos noutra dimensão, certo? Então quer dizer que existem outras versões nossas. Até aí tudo bem. Só que, se eu me encontrar com o eu desta dimensão, este universo começa a colapsar, ou seja, morrem triliões de seres vivos. Pronto, nós estamos no edifício Barker, o teu edifício, Tony, só que, está ali o Tony Lego Barker, tua versão Lego, ou seja, ele não te pode ver.
-Então temos de sair o quanto antes daqui. -Conclui Barry.
-Eu sei como. -Disse Tony – Vou usar o meu equipamento.
-Meu, não está aqui nada. – Disse Charlie.
-Aí não…
Tony tirou do bolso uma caixinha minúscula, carregou num botão, e num abrir e fechar de olhos, a caixa ficou grande. Ao abri-la viu engenhocas e vários equipamentos.
-Nanotecnologia, claro. – disse Charlie – Bastante perspicaz, Tony.
Tony escolheu um particularmente diferente.
-Apresento-vos o lança-ganchos - explicou ele, carregando novamente no botão para a caixa ficar pequena.
-Oh, já vi isso em filmes, dispara um gancho que prende à parede – disse Barry.
-Sou um super-herói, o que é que achavas? – gabou-se Tony.
-Mas como vamos fazer para sair pela janela, se ele está mesmo ali? -Perguntou
Essa é fácil. -Disse Charlie.
Na secretária, havia uma garrafa de água, Charlie pegou nela e atirou-a para longe.
-O que é isto? – Disse a versão alternativa de Tony. Charlie tinha acabado de criar uma distração.
Aproveitaram a oportunidade, abriram a janela, agarram-se a Tony e saltaram. Tony carregou no botão e foram puxados para um edifício feito de várias peças Lego.
-Uau! Aqui a arquitetura é bem mais complexa. – Comentou Charlie, admirado.
-Mas afinal, o que estamos aqui a fazer? – Perguntou Tony.
-Bem só viemos aqui visitar mesmo. Pelo bem da ciência e tal. -Explicou Charlie – Algum de vocês tem telemóvel ou camara?
-Ai, Charlie, Charlie, Charlie…. Tens sorte que sim, tenho aqui o telemóvel. – Disse Barry, já à espera de algo do género.
-Ok, começa a gravar – disse Charlie com um tom animado. Barry carregou no botão e começaram a gravar.
-Olá, daqui fala Charlie Williams, devem-se estar a perguntar porque é que eu pareço um boneco Lego. Bem, eu criei um extrapolador interdimensional, uma máquina capaz de transportar uma pessoa, ou mais, para outra dimensão. Eu, Barry Jones e Tony Barker, viemos parar a uma dimensão toda feita de Lego e vamos explorar isto. Corta.
-Boa, Charlie, disseste alguma coisa de jeito. – Disse Barry – achei que ias dizer um monte de treta científica.
Tony então reparou em algo e disse:
-Já repararam? Estamos no Empire State Building! Vamos entrar.
Quando entraram pelas escadas que davam do telhado ao interior, depararam-se com um elevador, ao entrarem no elevador depararam-se com um monte de botões. Carregaram no botão do meio, óbvio. E encontram imensa gente a trabalhar em secretárias quadradas. Trabalhavam arduamente apesar de parecer que estavam só a agitar os braços. Ao fundo da divisão um homem enfureceu-se e destruiu a secretária, mas rapidamente o homem virou a cara ao contrário ficou feliz e, reconstruiu a secretária.
Só que no meio dos trabalhadores estava ninguém mais, ninguém menos, do que a versão do Lego do Charlie! E ele viu de repente o Barry, mas não viu o Charlie.
-Então Barry, como vais?
-Vou bem, Charlie – Barry estava a fingir ser o Barry de Lego, para passar despercebido. Ficou surpreendido por ver o Charlie a trabalhar no Empire State Building, e não NASA.
-Agora estou a trabalhar numa tese para o meu doutoramento.
-Desde quando tu trabalhas aqui? Achei que trabalhavas na NASA.
-Ahahahaha! Às vezes és mesmo engraçado, tu sabes muito bem que eu não passei nessa entrevista de emprego, nem pareces o mesmo Barry, estás bem?
-Eu… Mesmo Barry…. Sou o mesmo, claro – disse o Barry muito nervoso.
Barry voltou a ir ter com os seus amigos, que estavam escondidos. Desceram, e a meio do elevador Charlie teve uma ideia:
-Abrimos já o portal dentro do elevador, assim ninguém vê, nem suspeita de nada.
Charlie carregou no botão e foram parar a outra dimensão.
Desta vez aparentava estar tudo normal, parecia a sua dimensão. Nesta dimensão apareceram no elevador, mas quando olharam uns para os outros e depois para si mesmo, gritaram:
-Ahhhhhh!
Eles agora eram mulheres em vez de homens.
-Eu… Eu… estou a usar baton e rímel e… -Barry começou a hiperventilar.
-Calma, eu também me sinto estranho ou estranha, para ser sincero acho que enquanto estamos nesta dimensão temos de fingir fazer parte dela, ou seja, temos de fingir que somos mesmo mulheres – Disse Charlie.
-Ok, gravo de novo? – Perguntou Barry, mais calmo.
-Sim, Barry, podes começar.
-Pronto Charlie? Ou devo te chamar Charlotte? Acho que sim. Vou começar a gravar.
-Daqui fala Charlotte Williams, num elevador, com Tonia Barker e Barry Jones, acabamos de vir da dimensão do Lego, e agora estamos na dimensão onde os géneros se trocam, por isso agora somos mulheres. Na última dimensão, analisando cientificamente, descobrimos que a arquitetura é bem mais complexa do que na nossa, mas ao mesmo tempo, as pessoas conseguem destruir e reconstruir coisas facilmente. Corta.
-Charlotte, tenho uma dúvida. – Perguntou Tonia - Se na outra dimensão tiramos conclusões científicas, onde vamos tirar conclusões aqui?
-É isso que vamos tentar descobrir.
O elevador finalmente abriu, mas como eles não conheciam ninguém dali, não podiam tirar conclusões nenhumas. Até que a Charlotte teve uma ideia:
-Vamos ter ao edifício Barker, a Barry fala com a Tonia desta dimensão e ele diz-nos o que muda de Tony para Tonia.
-Porque é que sou sempre eu a falar com as pessoas de outra dimensão?
-Porque sim! – Insistiu Tonia.
Lá foram, quando chegaram, Barry disse a frase a secreta, mas a porta não abriu. Barry bateu à porta.
-Quem é? – Disse uma voz feminina do outro lado da porta.
-Escondam-se – sussurrou Barry – Sou eu a Barry – disse mais alto.
A porta abriu-se.
-Ai, amiga, como tens andado? – Perguntou Tonia
-Tenho andado, bem acho eu.
-Porque é que bateste à porta, tu sabes a frase secreta.
-Pois, isso, eu esqueci-me – mentiu Barry.
-Ai, eu conto-te de novo: “Maquilhagem e beleza fazem-te ter uma vida extrema”.
-Ah, pois é lembrei-me, então tu és a Capitã Xtreme, certo?
-Óbvio que sou, nem pareces a mesma Barry.
-Posso ver o teu fato? É que, sei lá, podes ter feito uma atualização nele.
-Por acaso não, mas podes vê-lo à mesma.
O fato era todo rosa, ao contrário do fato do Tony, que era verde. E no meio, tinha um coração azul no meio. Para Barry, aquilo era tudo muito estranho.
-Olha, tenho de ir…
-Espera, Barry, podíamos ir ao SPA, à manicure, à pedi…
Barry já se tinha ido embora.
-Temos de bazar daqui e já! – exclamou Barry.
-Porquê?! – Perguntou Tonia.
-Porque sim.
Charlotte carregou no botão e…
 

 
 
IV-Epílogo
 
Barry e os seus amigos voltaram para casa!
Após publicar a sua invenção e os seus vídeos, Charlie finalmente ganhou respeito pelos seus colegas, Tony ficou ainda mais famoso do que já era, e atualmente está a ponderar em revelar a sua identidade secreta. E por último, mas não menos importante, Barry conseguiu trabalhar na NASA, e ele e Charlie, são uma dupla inseparável 
 
 
Francisco Sampaio, 12 anos
francimonas@gmail.com

 

 

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