Outro modelo de máscara de baile. Tal
como o primeiro, de fabrico russo; igual mescla de paixões e ameaça no salão
logo de início; mesma “drive” a rodos -- a ponto de alguém dizer que se
ensandece com ela. Ensandece bem, quis esse alguém dizer, mas não custa nada
imaginá-la, por outro lado, a dar corda aos sapatos vermelhos que compelem a
bailarina do conto de Andersen e, depois, do filme de Powell&
Pressburger, à dança sem fim, ou sem outro fim que não o da própria
bailarina.
A máscara do dia é a da suite orquestral
Mascarada, de Aram Khachaturian,
composta na década 1940 para a peça de teatro de mesmo nome, de Mikhail
Lermontov -- por acaso uma espécie de versão russa de Otelo, a peça de
Shakespeare. Mais exatamente, os 4 minutos do primeiro andamento da suite, a Valsa, que soa como soa desta vez não
por acaso. Foi preciso pôr o som certo nas palavras da heroína da peça, que declara
ser “tão bonita, esta nova valsa… qualquer coisa entre a tristeza e a alegria
agarrou-me o coração”.
Aqui pela London Symphony Orchestra, dirigida
por Stanley Black.
Manuela Ivone Cunha
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