quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Carta de Bruxelas.



 

             Para assinalar 10 meses passados sobre o dia 7 de Outubro de 2023



Em 22 de Março de 1938, Franklin Roosevelt lança da sua casa em Warm Springs, Geórgia, o projecto de uma Conferência Internacional para os Refugiados.  Ao mesmo tempo, instrui Cordell Hull, ministro dos Negócios Estrangeiros, para comunicar aos embaixadores americanos que as quotas de imigração para os EUA não serão aumentadas. Estava dado o mote. Tratava-se apenas de uma cortina de fumo para salvar as aparências. Num momento em que se pretendia salvar 650 000 judeus do Reich, da Áustria e dos Sudetas, os ingleses fazem saber ao embaixador americano, Joseph Kennedy, que as palavras «judeu» e «Palestina» não deverão nunca ser usadas nas sessões da conferência. A Suíça recusa que a conferência se realize no seu território. A França propõe então Évian-les-Bains, do outro lado do lago Léman. As actas mostram toda a má fé das nações e o abandono a que são votados os judeus. Em Berlim, ninguém se engana sobre o resultado, a imprensa titula: «Judeus à venda – mesmo a preços baixos ninguém os quer». Ninguém os quis. Particularmente instrutiva é uma observação do representante da Austrália : «O meu país não conhece nenhuma situação de racismo, não queremos que isso comece.»  Como ontem, hoje: sem judeus o mundo não conheceria o mal. 


                                                            João Tiago Proença





2 comentários: