domingo, 27 de julho de 2014

Algodão amargo.

 
 
 
 




Ellie Mae Burroughs. Ficamos perplexos ao conhecer-lhe a idade: 27 anos.
No Verão de 1936, James Agee e Walker Evans viajaram até ao Alabama, ao serviço da Fortune. Por razões que se desconhecem, a revista nunca publicaria a reportagem. O texto de Agee foi descoberto há pouco e saiu recentemente em livro, com as históricas fotografias de Evans. Falo de Algodoeiros aqui ao lado, no Observador.






9 comentários:

  1. Obrigada. Como sempre, excelente artigo, daqueles que ainda dá gosto ler.
    (Fotografia a p&b, impossível não ficar na retina)

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    1. Eu é que agradeço o seu interesse e as suas simpáticas palavras!

      Cordialmente,

      António Araújo

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  2. É bastante provavel que sim. A senhora não deveria ter acesso a uma alimentação variada nem acesso ao ar do mar.

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  3. "as condições de vida dos negros eram bem piores do que aquelas que descreveu a partir dos relatos das famílias Burroughs, Fields e Tingle. Mesmo estes, sublinhe-se, não pertenciam ao segmento mais baixo da população rural branca"

    Que medo.

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  4. Excelente artigo António Araújo. Um comentador já se referiu à conveniência de fazer uma matéria assim sobre Trás-os-montes, Beira e Alentejo. De facto, situações como essa existiram e existem ainda em muitas partes deste estranho mundo, e o caso do Alabama só chama mais atenção pela alta qualidade do estudo e das fotos, e porque ocorreu num dos países mais desenvolvidos do mundo. No Brasil, muitos escritores, sociólogos, ficcionistas e poetas fizeram tema de suas obras a miséria dos camponeses nordestinos, explorados pelos latifundiários e castigados pelas secas periódicas que os forçavam a emigrar para outras áreas do país em busca de melhores condições, mas muitas vezes encontravam, no novo ambiente, uma servidão equivalente ou pior do que a dos algodoeiros estadunidenses. Euclides da Cunha que, em 1897, assistiu, como correspondente de guerra de um jornal de São Paulo, aos últimos dias da Campanha de Canudos, interior da Bahia, em 1902, no seu monumental Os Sertões, denunciou ao país, pela primeira vez, a miséria e o abandono das populações do interior daquela esquecida região. Posteriormente, em vários admiráveis e pungentes artigos que constituíam a base de projetado novo livro-denúncia que se intitularia Um paraíso perdido, - alguns dos quais foram incluídos no volume À Margem da História, editado por Lello & Irmãos, do Porto, em 1909, logo após a trágica morte do autor -, pôs em evidência as desumanas condições dos trabalhadores dos seringais da Amazônia, em sua grande maioria nordestinos expulsos pelas secas, no auge do boom da produção de borracha, num clima também castigante. Mas Euclides não esteve na Amazônia como jornalista, mas sim como Chefe da Seção Brasileira da Comissão Mista Brasileiro-Boliviana de Reconhecimento do Alto Purus, ocasião que aproveitou para observar, com visão de humanista, a dura realidade das populações locais. E infelizmente não teve a acompanhá-lo um grande fotógrafo que documentasse tão bem as suas observações sociológicas.

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    1. Muito obrigado pelo seu excelente comentário. Por coincidência, tive ocasião de estudar recentemente o episódio de Canudos, em conjunto com a historiadora Isabel Corrêa da Silva. Quanto à presença de Euclides na Amazónia, sobre a qual saiu um livro recentemente, desconheço se existem imagens. A expedição de Canudos, como sabe, foi fotografada por Flávio de Barros, encontrando-se o acervo no Instituto Moreira Salles, acessível online. Descobri umas imagens de Canudos que não conhecia, aqui:

      http://www.historiailustrada.com.br/2014/06/fotos-da-guerra-de-canudos.html#.U9aGNRt0xjo

      Cordialmente, muito grato,

      António Araújo

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  5. Obrigado pelo link António. As fotos de Flávio de Barros são bem conhecidas e refletem o que eu disse: são relativamente poucas e só retratam a natureza e a guerra. Com exceção das fotos de prisioneiros, quase todos mulheres e crianças, e das ruínas ao final do conflito, não há nada sobre o povo e o dia a dia de Canudos, onde nenhum fotógrafo penetrou ao tempo em que era uma sociedade ativa. Muitas das fotos do vídeo da Walnice Nogueira Galvão não são de época, mas atualíssimas e tiradas em vários lugares do Nordeste.

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  6. Ha um filme com uma boa (aparentemente) boa reconstrução.

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