segunda-feira, 30 de março de 2015

Vidas singulares: Catrine da Costa.

 
 
Catrine da Costa (1956-1984)
 
 
 

Catrine da Costa, uma prostituta de 28 anos de idade, viciada em heroína, desapareceu em 10 de Junho de 1984. Fora casada com um português, de quem tinha uma filha – mas, que eu saiba, a imprensa portuguesa não noticiou o caso, nem procurou falar com o ex-marido.
         O crime, horrível, causou imenso clamor na Suécia. O corpo, desmembrado, foi encontrado em sacos de plástico, em duas ocasiões diferentes – 18 de Julho e 8 de Agosto –, em dois locais distintos, à distância de um quilómetro. Não foi possível determinar com rigor a causa da morte, pois a cabeça e os órgãos vitais de Catrine nunca foram descobertos. A cabeça, as vísceras, um peito e os órgãos genitais foram removidos, e jamais localizados. Catrine foi identificada pelas impressões digitais.
 
 
 
 
        A polícia de Estocolmo, que continuou  na senda dos criminosos, andava assoberbada em descobrir a pista do assassino de Olof Palme e, por isso, não teve grandes meios para dedicar a esta investigação. Dois médicos – um dos quais, um patologista forense que trabalhava no Karolinska Institutet – foram acusados, julgados e absolvidos. Contudo, a decisão judicial do segundo julgamento não lhes foi completamente favorável, e os médicos recorreram, sem sucesso, para o Supremo Tribunal da Suécia e para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Mais tarde, pediram indemnizações pelos danos que tudo isto lhes trouxera. De novo, sem êxito. (aqui e sobretudo aqui)
         O caso encheu as páginas da imprensa sueca, suscitou documentários televisivos, deu pretexto a vários livros. Incendiou o debate sobre a prostituição na Suécia, que, como se sabe, criminalizaria a aquisição de serviços sexuais.
 
 
 
 
         Segundo parece, a macabra morte de Catrine da Costa inspirou Stieg Larsson na escrita da sua trilogia de thrillers. O primeiro volume da saga Millennium chama-se, não por acaso, Os Homens que Odeiam as Mulheres, e é um livro ensombrado pela crueldade mais bárbara, perpetrada por homens brutais. Larsson, que presenciara uma violação quando tinha 15 anos de idade, sempre foi um ardente adversário da violência contra as mulheres. Porque há homens que as odeiam? Porque mataram e esventraram sadicamente Catrine da Costa? Uma vida singular – pelas piores razões.  
 
 
 

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