segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

CR7.





Faz hoje 39 anos o futebolista que mais golos marcou na História, que mais jogos, golos e assistências fez na Liga dos Campeões, troféu que conquistou por cinco vezes; que mais jogos e golos tem pela sua, nossa, Selecção; que mais cedo chegou à marca dos 1000 milhões de euros na conta bancária (finjamos que é uma); que mais seguidores tem nas redes sociais. Aos 39 anos, ainda faz um golo por jogo e é dele, aposto, o recorde mundial de banhos de gelo de um ser humano.

Não sei quanto a vocês, mas hesito entre o Cristiano Ronaldo do Manchester United e o do Real Madrid. O primeiro fintava um, dois, três, voltava ao segundo e ao primeiro, partia-os de novo e ainda cruzava para golo ou estourava ao ângulo (meu pobre FCP). O segundo quis ser ponta-de-lança e marcou mais de um golo por jogo: de pé direito ou esquerdo, de cabeça a roçar nas nuvens, de bicicleta, calcanhar ou ombro. Não sei qual foi o melhor CR7, se o “inglês” ou o “espanhol”. Só sei que ele tem sido um portento ao longo de mais de duas décadas, um feito de longevidade ao mais alto nível.

Parece-me seguro dizer que Cristiano Ronaldo voou mais alto do que Eusébio. E não sei se não começou ainda mais baixo na vida. O que só torna o seu sucesso desportivo ainda mais incrível e admirável. Por outro lado, esse mesmo passado duro, solitário e pouco escolarizado – o pai alcoólico que cedo morreu, a mãe que pensou em abortá-lo, a agressividade que o levou a arremessar uma cadeira a um professor, o ter completado apenas o 6.º ano – ajudará a explicar, ainda que não justificar nem perdoar, o horror de alegadamente ter violado três mulheres em 2005 e 2009 (neste último caso, pagou 375 mil dólares para terminar o processo judicial).

Esses alegados crimes sexuais, e também os 15 milhões de euros ocultados ao fisco espanhol, que lhe valeram dois anos de pena suspensa e uma pesada multa, fazem dele um exemplo problemático de conduta fora dos relvados. Mas isso é convenientemente esquecido por muitos amantes de futebol e da projecção internacional que Portugal ganha com Ronaldo. Tendo-se até chegado ao ponto de atribuir o nome dele (ainda em vida!) ao aeroporto do Funchal e, na mesma cidade, à centralíssima Praça CR7, com a sua estátua e Museu CR7 a homenagearem o craque. 


                                                                        Rui Passos Rocha 





 


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